Eu estava bem perto do palco e via bem quem cantava.
Foi preciso Alfredo chamar-me a atenção para voltar a comer. Eu estava encantada com a música. O som do violão era maravilhoso.
Após o jantar, Alfredo e Rafael fizeram menção de que iam retirar-se, mas eu fiquei a ouvir o cantor até ao final.
Ele até me dedicou uma música. Disse ele;
- a próxima moda vai para uma senhorita que se perdeu na cidade.
Ele disse isto olhando para o lugar onde eu estava e eu sorri.
No final veio ter comigo e conversámos um bocado depois de feitas as apresentações.
- Eu acho que você é irmão da minha amiga Bela.
- Sim, eu tenho uma irmã a quem chamo de Bela. É designer.
- Na empresa do meu marido.
- O senhor que estava aqui?
- Sim. Um deles.
Que coincidência, ein?- Pois é. Vieram de Londres ou só foram lá apanhar o navio?
- Estivemos lá 8 dias. Muito aborrecido. Bem mais divertido, este navio.
- Quando não nos perdemos disse sorrindo.
Podemos tirar uma foto juntos para mandar à Bela?Olha a artimanha que eu arranjei para ter uma foto dela. Desde mais cedo quando a vi não parei de pensar nela, mas agora que soube que é casada, fiquei decepcionado.
- Podemos ir tomar uma bebida num dos bares ou o seu marido é daqueles caretas?
- Tão careta que me deixa sózinha. Vamos lá. Vou aproveitar o que não posso no Brasil.
A verdade é que Alfredo estava pouco se importando para o que ela fazia ali no barco. Só não podia abandoná-lo e ali ele sabia que ela não fugia.
Rodolffo e Juliette conversaram no bar durante horas e depois foram até ao exterior apanhar a maresia.
Juliette sentiu frio e logo entraram para cada um seguir para o respectivo quarto.
Rodolffo no aconchego da sua cama olhava a foto que tinha tirado dos dois e sorria. Enviou-a para Bela e logo recebeu uma mensagem.
- Como assim, tu e a Juliette?
- Ela está aqui no barco. Conheci-a hoje. Linda, mas é casada.
- Casada e prisioneira, mano.
- Não me pareceu. O marido dá-lhe até bastante liberdade.
- Aí no barco porque sabe que ela não vai a lugar nenhum. Velho nojento. É meu patrão, mas por isso mete-me nojo.
- Velho? Não é muito velho.
- Como não? Tem 55 anos. Não que seja velho, mas é mais velho que ela.
- Ah! Então é o mais velho.
- Eu adoro-a, mano. Estamos sempre juntas aqui na empresa. Queria saber ajudá-la a livrar-se dele.
- Porque não se divorcia?
- Tem a ver com o pai dela. Acho que o pai a vendeu para esse casamento.
- Meu Deus. Pobre moça.
Como estão os pais?- Estão bem.
- Vou dormir. Beijinho para todos.
- Beijo mano. Beijo à Juliette.
- Até dava. Tem uns lábios que dá vontade de mordiscar.
- Sem safadeza para cima da minha amiga seu Rodolffo.
- Beijo. Adeus.
Falei na brincadeira, mas aquele bâton vermelho deu-me vontade de o tirar com beijos.
Virei para o lado e esperei o sono chegar. Habitualmente adormecia logo, mas hoje estava difícil.