Decidi passar o Rúben para uma outra sala. A princípio ele não ficou muito satisfeito, mas eu não queria que o meu amor se estressasse sempre que o via no mesmo espaço comigo e eu não estava à vontade sempre que Rodolffo chegava.
Na pequena sala dele eu coloquei um sofá, uma secretária e um computador. Seria a sala de estudo de Rodolffo sempre que ele quisesse vir ficar perto de mim.
Ele gostou muito da ideia, mas tive que o alertar que não podia atrapalhar o meu trabalho com safadeza. Ou isso ou nada.
Confesso que não era fácil estar no mesmo local com ele sem agarramento, mas somos responsáveis e daremos conta.
A nossa casinha está pronta. Vamos mudar no final de semana.
Os pais de Rodolffo estão muito contentes por nós. Confesso que queria uns pais assim, mas paciência. Nem tudo é como desejamos.Qualquer dia sai a Bela porque o romance com o médico vai muito bem e depois ficam sós.
Combinámos que Domingo seria sempre o almoço de família em qualquer uma das casas, salvo se alguém estiver a viajar.
Rodolffo disse logo pela manhã que hoje ia ao escritório, mas já passa muito da hora e ele ainda não chegou. Liguei e não atendeu.
Comecei a ficar preocupada. Senti um nó formar-se na garganta e a ficar com a respiração ofegante.
Saí e fui procurar a Bela.
- Amiga, estou com um mau pressentimento com o teu irmão.
Bela ligou para os pais e perguntou pelo irmão.
- Saiu. A Carla veio aqui fazer novo escândalo e ele saiu para conversar com ela.
- Saiu de carro?
- Não. O carro está aqui.
Enquanto falava com os pais Bela ouviu ao longe o barulho de uma sirene que logo ficou mais nítido.
- Que é que se passa? Que barulho de sirene é esse?
- Não sei, respondeu a mãe, mas é aqui perto.
Bela não quis ouvir mais. Saiu com Juliette e pediram ao motorista que as levasse a casa dos pais.
Um carro de polícia bloqueava o acesso à rua. Juliette e Bela desceram e perguntaram o que tinha acontecido.
- Um jovem foi baleado ali à frente.
- Nós precisamos ir ver. Moramos ali e pode ser alguém da nossa família.
Um dos policiais acompanhou-nos e chegámos a tempo de ver Rodolffo, inconsciente a entrar na ambulância.
- E o meu irmão! O que aconteceu com ele? Ele vai morrer?
- Calma. Vamos agora para o hospital.
- Eu quero ir com ele, diz Juliette.
- Só pode ir uma pessoa.
- Vai tu, Juliette. Eu vou ver como estão os meus pais e vou lá ter.
Juliette entrou e sentou-se do lado de Rodolffo. Segurou na mão dele e começou a rezar mentalmente.
Queria gritar para ele acordar, mas não saía nada da sua garganta.
Chegaram rápido ao hospital, levaram-no para uma sala onde ela não podia entrar.
Ficou na sala de espera a andar de um lado para o outro enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto.
