Chegou o dia da viagem. No aeroporto Alfredo apresentou-me o Rafael.
Homem na casa dos 40 anos, designer, não entendi se de jóias ou roupas, mas não quis perguntar.
Conversei um pouco com eles mas logo fui ignorada. No avião sentaram-se juntos e eu fiquei sentada junto a uma senhorinha.
Eu começava a confirmar as minhas suspeitas de há algum tempo, mas assim que o avião subiu, recostei-me e dormi.
Chegados ao hotel, tinha um quarto à minha espera e não sei se eles ficaram juntos ou não. O Rafael não subiu connosco.
Eram cerca das 11 horas quando chegámos e após um banho, Alfredo bateu à porta do meu quarto para descermos e irmos almoçar.
Os dias aqui tornaram-se muito aborrecidos. Fizemos alguns passeios pela cidade, compras e pouco mais.
Hoje já estávamos novamente prontos para partir.
Aprontei a minha mala e seguimos para o porto. Agora o resto da viagem era feita num barco de cruzeiro.
Embarcamos e tal como no hotel eu tive uma cabine só para mim. O pouco que consegui ver, achei muito bonito.
Zarpamos e logo tivemos uma recepção de boas vindas.
Aqui, Alfredo deixou-me à vontade para eu circular por onde quisesse. Deu-me um cartão para eu fazer compras nas várias loja do navio.
Eu estava deslumbrada com tudo. O navio parecia uma autêntica cidade comercial.
Ginásios, lojas de grif, casino, restaurantes. Havia de tudo e tudo era motivo de admiração para mim.Aquilo era tão grande que logo no primeiro dia eu perdi-me. Depois de muito caminhar quis voltar à minha cabine e não achei o caminho.
Alfredo tinha-me aconselhado a fixar o número da cabine e foi a salvação.
Perguntei a um jovem e ele mesmo me conduziu até lá.
Eu olhei atentamente para aquele rosto que me pareceu familiar, mas não me lembrava onde.
- Obrigada, disse eu quando cheguei à porta da cabine.
- De nada. Se quiser ter a gentileza de me ouvir cantar, eu canto à noite no restaurante principal.
A palavra cantar despertou algo em mim, mas apenas consegui dizer:
- Se eu puder, certamente irei ouvi-lo. Obrigada mais uma vez.
Entrei na cabine, fechei a porta e deitei-me na cama.
Não pode ser verdade. É coincidência demais. Abri o telemóvel. Mandei uma mensagem à Bela.
- Amiga, acho que estou no barco do teu irmão. Se der logo faço um filme e mando-te.
Bj. Juliette.
Deixei-me estar deitada pois doiam-me os pés de tanto andar.
Alfredo chegou mais tarde e veio avisar-me que íamos jantar.
- Alguma roupa especial?
- Não. É um simples jantar com música ao vivo.
Vesti umas calças e um croped, umas sandálias de salto médio, maquilhagem simples e batom vermelho. Cacheei os cabelos deixei-os soltos.
- Uau! Assim vais despertar cobiça dos outros homens. Estás linda.
- Não é para isso que me queres? Para me exibires?
- Pára, Juliette. Já devias estar habituada. Vamos.
Segui ao lado dele e a cada olhar sobre mim, senti-me mesmo um troféu que ele exibia.
Na nossa mesa lá estava o Rafael de novo à nossa espera.
- Está muito linda, Juliette.
- Obrigada Rafael.
Tinham acabado de servir os nossos pratos, quando os acordes de um violão e uma voz potente e melodiosa ecoou no ar.