VII

50 9 8
                                    

Chegou o dia da viagem.  No aeroporto Alfredo apresentou-me o Rafael.

Homem na casa dos 40 anos, designer,  não entendi se de jóias ou roupas, mas não quis perguntar.

Conversei um pouco com eles mas logo fui ignorada.  No avião sentaram-se juntos e eu fiquei sentada junto a uma senhorinha.

Eu começava a confirmar as minhas suspeitas de há algum tempo, mas assim que o avião subiu, recostei-me e dormi.

Chegados ao hotel, tinha um quarto à minha espera e não sei se eles ficaram juntos ou não.   O Rafael não subiu connosco.

Eram cerca das 11 horas quando chegámos e após um banho, Alfredo bateu à porta do meu quarto para descermos e irmos almoçar.

Os dias aqui tornaram-se muito aborrecidos.  Fizemos alguns passeios pela cidade, compras e pouco mais.

Hoje já estávamos novamente prontos para partir.

Aprontei a minha mala e seguimos para o porto.  Agora o resto da viagem era feita num barco de cruzeiro.

Embarcamos e tal como no hotel eu tive uma cabine só para mim.  O pouco que consegui ver, achei muito bonito.

Zarpamos e logo tivemos uma recepção de boas vindas.

Aqui, Alfredo deixou-me à vontade para eu circular por onde quisesse.  Deu-me um cartão para eu fazer compras nas várias loja do navio.

Eu estava deslumbrada com tudo.  O navio parecia uma autêntica cidade comercial.
Ginásios, lojas de grif, casino, restaurantes.  Havia de tudo e tudo era motivo de admiração para mim.

Aquilo era tão grande que logo no primeiro dia eu perdi-me.  Depois de muito caminhar quis voltar à minha  cabine e não achei o caminho.

Alfredo tinha-me aconselhado a fixar o número da cabine e foi a salvação.

Perguntei a um jovem e ele mesmo me conduziu até lá.

Eu olhei atentamente para aquele rosto que me pareceu familiar, mas não me lembrava onde.

- Obrigada, disse eu quando cheguei à porta da cabine.

- De nada.  Se quiser ter a gentileza de me ouvir cantar, eu canto à noite no restaurante principal.

A palavra cantar despertou algo em mim, mas apenas consegui dizer:

- Se eu puder, certamente irei ouvi-lo.  Obrigada mais uma vez.

Entrei na cabine, fechei a porta e deitei-me na cama.

Não pode ser verdade.  É coincidência demais.  Abri o telemóvel.  Mandei uma mensagem à Bela.

- Amiga, acho que estou no barco do teu irmão.   Se der logo faço um filme e mando-te.

Bj. Juliette.

Deixei-me estar deitada pois doiam-me os pés de tanto andar.

Alfredo chegou mais tarde e veio avisar-me que íamos jantar.

- Alguma roupa especial?

- Não.   É um simples jantar com música ao vivo.

Vesti umas  calças e um croped, umas sandálias de salto médio, maquilhagem simples e batom vermelho.  Cacheei os cabelos deixei-os soltos.

- Uau!  Assim vais despertar cobiça  dos outros homens.  Estás linda.

- Não é para isso que me queres?   Para me exibires?

- Pára, Juliette.  Já devias estar habituada.  Vamos.

Segui ao lado dele e a cada olhar sobre mim, senti-me mesmo um troféu que ele exibia.

Na nossa mesa lá estava o Rafael de novo à nossa espera.

- Está muito linda, Juliette.

- Obrigada Rafael.

Tinham acabado de  servir os nossos pratos, quando os acordes de um violão e uma voz potente e melodiosa ecoou  no ar.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora