Os encontros entre os dois sucederam-se nos dias e noites seguintes.
Era véspera da chegada ao Brasil. O barco já havia deixado a Grécia e esta seria a última noite.
O desembarque estava previsto para as 11 horas.
- Percebeste tudo?
- Sim Rodolffo. E se não der certo?
- Vai dar sim. Tem que dar.
Juliette ia dormir na cabine de Rodolffo. Durante a tarde conseguiu transferir as malas para lá. Deixou apenas a roupa com que ia ao último jantar.
Saiu da cabine quando Alfredo bateu à porta e foram para o restaurante. Foi uma noite igual às outras e logo o marido a deixava sózinha para sair com Rafael.
Juliette esperou Rodolffo terminar de cantar e sem que ninguém visse foi com ele para o quarto dele.
Amaram-se mais uma vez convictos de que não era um adeus. Era só um até já.
Pela madrugada, bem cedo, Rodolffo despertou e levantou-se. O barco ia aportar às 6 horas da madrugada e precisavam ser ligeiros.
Assim que o barco atracou, Rodolffo carregou as malas dela para a saída. Era necessário trabalhar rápido enquanto a maioria ainda dormia.
De conluio com outro elemento da equipe ele retirou as malas do barco e entregou-as a Bela que já o esperava desde as cinco horas da madrugada.
Regressou depois para buscar Juliette. Esta estava devidamente uniformizada com roupa da tripulação e não foi difícil sair do barco.
Bela partiu com ela em direcção à casa dos pais. Depois regressaria para buscar Rodolffo.
- Amiga! Que doidice esta do meu irmão.
- Espero que dê certo mas tenho medo do que o Alfredo possa fazer quando não me vir.
Às 10 horas Alfredo bateu no quarto de Juliette e não obteve resposta. Bateu uma e outra vez. Saiu para procurar alguém que pudesse abrir a porta.
Ao entrar encontrou a cabine vazia. Apenas umas calças e uma blusa que ela havia usado no dia anterior antes do jantar, estavam sobre a cama.
Alfredo esbracejou, barafustou e exigiu que procurassem a mulher.
O desembarque já tinha iniciado e vários elementos da tripulação correram o barco à procura de Juliette.
- Senhor, não encontrámos a sua esposa em lugar nenhum. Tem a certeza de que ela não foi uma das primeiras a desembarcar?
Alfredo pensou e pensou. Claro que ela ia aproveitar a oportunidade para fugir. Era o que ele faria se estivesse na situação dela. Fez uma chamada, mas o telefone dela estava desligado.
Rafael conversava com ele que apesar de parecer preocupado não era verdade.
- Onde aquela diaba se meteu?
- A esta hora deve estar longe, disse Rafael. Passou-te a perna. Vamos desembarcar.
Juliette chegava a casa dos pais de Bela. Esta apresentou-os. Eles já conheciam a história dela e acolheram-a de imediato.
Juliette estava muito nervosa. Bela trouxe um copo de àgua para ela beber.
- Fica calma. Daqui a pouco Rodolffo chega. Vou agora buscá-lo.
Bela chegou ao porto e cruzou-se com o seu patrão.
- Anabela! O que faz aqui?
- Vim buscar o meu irmão que trabalha nesse navio. A Juliette não está consigo, dr. Alfredo?
- Já foi na frente.
Entretanto Rodolffo vinha chegando.
Bela aproveitou para ajudar à festa e apresentou-os.- Está aqui o meu irmão. Rodolffo este é o meu patrão, o dr. Alfredo.
- Muito gosto. Eu vi-o algumas vezes enquanto cantava.
- Ah! O cantor. A minha esposa gostou de o ouvir.
- E onde ela está? Gostava de lhe agradecer.
- Ela seguiu primeiro. Por isso estou à espera que o meu motorista regresse.
O doutor está à espera do seu motorista? Se quiser aproveitar, eu posso deixá-lo em casa, disse Bela.
- Obrigada, Anabela, mas vou esperar mais um pouco.
Alfredo viu os dois entrarem no carro e seguirem viagem. Logo depois entrou no seu carro com Rafael e partiu também.