Eu e Rodolffo nem saímos do quarto do hotel. Pedimos jantar e ficámos ali saciando a nossa vontade. Pouco ou nada dormimos, mas quando estamos felizes tudo fica mais leve.
Deixámos o quarto reservado por algumas noites mas era de manhã e eu precisava ir trabalhar.
Tinha combinado com Rodolffo que ele ia pesquisar algumas casas para vermos juntos.
Não que não esteja bem na casa dos pais dele, mas agora eu posso e quero ter uma casa a que possa chamar minha.
Rodolffo também ia ver o assunto da faculdade. Só que ele agora diz que não tem a certeza de querer seguir arquitectura.
Levou-me até ao escritório e chegando lá já vi que estava um tumulto.
Sai do carro. Rodolffo saiu junto e deu-me a mão. Chegados na portaria vejo meu pai.
- Juliette, minha filha, preciso falar contigo.
Ignorando-o completamente, dirigi-me ao segurança.
- Ponha este homem daqui para fora e se não conseguir chame a polícia e isto serve para todas as vezes que ele aparecer.
Sob os gritos vindos dele segui caminho com Rodolffo e entrei no edifício. Já no elevador Rodolffo abraçou-me forte.
- Que isto não te abale.
- Não vai. É um assunto que eu já descartei há muito.
Entrámos na minha sala. Cumprimentámos o Rúben que já se encontrava e Rodolffo logo foi embora.
Não demorou nem meia hora, chega um motoboy com um buquê de rosas vermelhas, a coisa mais linda. E ainda vinha junto uma jarra e o respectivo cartão.
Quem ama, cuida.
Amo-te de um tantão.
RoRetirei a jarra com as flores do Ruben para outra mesa e coloquei as dele. Só depois reparei que no meio do buquê estava uma embalagem com o perfume que ele usava.
Peguei no frasco e dei duas borrifadelas no ar.
Rúben olhava com ar curioso.
- Eita! Esse seu homem, gosta de marcar território.
Eu apenas sorri e inspirei um pouco o aroma que pairava naquela sala.
Guardei o frasco na gaveta e segui com o trabalho.Rodolffo ligou que não poderia almoçar comigo pois estava ocupado com o assunto da faculdade, mas passava no final do dia para me apanhar.
O assunto na portaria foi resolvido. Meu pai foi embora depois que ameaçaram chamar a polícia, mas disse que voltaria.
Eu sei que são meus pais e às vezes penso que deveria perdoá-los, mas quando penso que fui vendida como se de mercadoria se tratasse, vem aquela raiva e não tem jeito. Não vou perdoá-los nunca.
