XIX

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Eu e Rodolffo nem saímos do quarto do hotel.   Pedimos jantar e ficámos ali saciando a nossa vontade.  Pouco ou nada dormimos, mas quando estamos felizes tudo fica mais leve.

Deixámos o quarto reservado por algumas noites mas era de manhã e eu precisava ir trabalhar.

Tinha combinado com Rodolffo que ele ia pesquisar algumas casas para vermos juntos.

Não que não esteja bem na casa dos pais dele, mas agora eu posso e quero ter uma casa a que possa chamar minha.

Rodolffo também ia ver o assunto da faculdade.  Só que ele agora diz que não tem a certeza de querer seguir arquitectura.

Levou-me até ao escritório e chegando lá já vi que estava um tumulto.

Sai do carro.  Rodolffo saiu junto e deu-me a mão.   Chegados na portaria vejo meu pai.

- Juliette,  minha filha,  preciso falar contigo.

Ignorando-o completamente, dirigi-me ao segurança.

- Ponha este homem daqui para fora e se não conseguir chame a polícia e isto serve para todas as vezes que ele aparecer.

Sob os gritos vindos dele segui caminho com Rodolffo e entrei no edifício.   Já no elevador Rodolffo abraçou-me forte.

- Que isto não te abale.

- Não vai.  É um assunto que eu já descartei há muito.

Entrámos na minha sala.  Cumprimentámos o Rúben que já se encontrava e Rodolffo logo foi embora.

Não demorou nem meia hora, chega um motoboy com um buquê de rosas  vermelhas,  a coisa mais linda.  E ainda vinha junto uma jarra e o respectivo cartão.

Quem ama, cuida.
Amo-te de um tantão.
Ro

Retirei a jarra com as flores do Ruben para outra mesa e coloquei as dele.  Só depois reparei que no meio do buquê estava uma embalagem com o perfume que ele usava.

Peguei no frasco e dei duas borrifadelas no ar.

Rúben olhava com ar curioso.

- Eita!  Esse seu homem, gosta de marcar território.

Eu apenas sorri e inspirei um pouco o aroma que pairava naquela sala.
Guardei o frasco na gaveta e segui com o trabalho.

Rodolffo ligou que não poderia almoçar comigo pois estava ocupado com o assunto da faculdade,  mas passava no final do dia para me apanhar.

O assunto na portaria foi resolvido.  Meu pai foi embora depois que ameaçaram chamar a polícia, mas disse que voltaria.

Eu sei que são meus pais e às vezes penso que deveria perdoá-los, mas quando penso que fui vendida como se de mercadoria se tratasse, vem aquela raiva e não tem jeito.  Não vou perdoá-los nunca.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora