XVII

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Depois que saiu o comunicado da minha separação do Alfredo onde ele explicou que a separação já tinha acontecido há bastante tempo e só vivíamos na mesma casa por conveniência, que a nossa união nunca passou para o papel, os jornalistas queriam um pronunciamento meu.

Remeti tudo ao que já fora anunciado e não disse mais nada.

Os despedidos não vieram falar comigo e simplesmente abandonaram a empresa.  Estou em fase de recrutar novos elementos.

Rodolffo parte para a semana.  Isso está a deixar-me ansiosa.  Marquei um final de semana perto da cidade onde está situada a fábrica das jóias e quero ir lá com ele segunda feira.

Alfredo comunicou-me que vendeu a     casa e vai partir também para a semana.  Mandou entregar-me o carro que ele usava, visto estar em nome da empresa.

Decidi ficar também com o motorista dele.  Pessoa boa e que eu já conhecia bem.

Viajei com Rodolffo.   A cidade onde ficava o hotel, era pequenina mas acolhedora.

À noite já na nossa cama resolvi conversar com Rodolffo.

- Não era hora de abandonares o barco?
Terminar a faculdade, sei lá.

- Juliette,  não é porque agora és rica que eu me vou aproveitar.

- Mas de que interessa eu ter dinheiro se as pessoas que eu gosto não estiverem bem.  Não é para um luxo.  Não é para um bem material.  É o teu futuro.  Tu abandonaste por falta de recursos.

- E a música?  Eu adoro cantar.

- Podes mantê-la, aos fins de semana.
Assim eu posso acompanhar-te nos shows.

- Essa parte eu gostei.  Eu vou sofrer tanto longe de ti três meses.

- E eu.  Pensa com carinho na minha proposta.  Se não quiseres  continuar Arquitectura,  escolhe outro curso que gostes.  Ajuda-me a pilotar o meu barco.

- Prometo pensar durante a próxima viagem, e tu vais sair-te bem nessa tarefa.

- Agora  me lembrei que comprei um relógio para ti lá no barco e nunca te dei.  Era para te presentear pela minha primeira vez e depois acabei por esquecer.

- E onde está o relógio?

- Numa das minhas malas lá em casa.

- Onde tinhas a cabeça nessa altura?

- E tenho um presente para a Bela também.   Meu Deus como esquecí.

Passámos um belo fim de semana na pequena cidade.  Segunda rumámos a minha fábrica.

Reuni com o director que me explicou e mostrou o funcionamento da mesma.  Rodolffo esteve sempre do meu lado.

Percorri a secção onde são cravejados os diamantes e fiquei admirada por tanta câmara.

- Tem que ser assim.  O material é valioso demais.

À saída fui presenteada por uma linda gargantilha da parte de todo o pessoal da fábrica.  Design, escolha de materiais e confecção, foi tudo idealizado por eles.
Gostei muito e agradeci.

Os dias seguintes foram de muito trabalho e logo chegou o momento de me despedir do meu amor.  Fui com o motorista levá-lo ao barco.

Outra coisa que eu precisava de fazer urgentemente era tirar a carta de condução.  Por agora tinha o motorista.

Saí do carro e acompanhei Rodolffo até à entrada do navio.
Estávamos abraçados e as lágrimas corriam pela minha face.
Quando olhares para o relógio lembra-te de mim.

- Não chores.  Três meses passam rápido.  Sempre que puder e tiver rede eu ligo-te.  E não preciso olhar para o relógio.  Vou lembrar-me sempre de ti.

- Cuidado com as esposas abandonadas.  Já chega de bom samaritano.

- Egoísta.  E se aparecer uma assim, a modos que desamparada?

- Ai de ti!  Eu corto o teu meninin.

- Confia em mim.  Só existes tu para mim.  Amo-te.  Nunca o disse, mas quero que saibas.

- Também te amo e eu confio sim, em ti.

- Fica bem meu amor.  O tempo vai passar rápido.

- Tu também.   Vai com Deus.

Beijámo-nos e abracámo-nos e ele lá subiu a bordo.
Voltei para  o carro e fui embora com o coração partido.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora