Depois que saiu o comunicado da minha separação do Alfredo onde ele explicou que a separação já tinha acontecido há bastante tempo e só vivíamos na mesma casa por conveniência, que a nossa união nunca passou para o papel, os jornalistas queriam um pronunciamento meu.
Remeti tudo ao que já fora anunciado e não disse mais nada.
Os despedidos não vieram falar comigo e simplesmente abandonaram a empresa. Estou em fase de recrutar novos elementos.
Rodolffo parte para a semana. Isso está a deixar-me ansiosa. Marquei um final de semana perto da cidade onde está situada a fábrica das jóias e quero ir lá com ele segunda feira.
Alfredo comunicou-me que vendeu a casa e vai partir também para a semana. Mandou entregar-me o carro que ele usava, visto estar em nome da empresa.
Decidi ficar também com o motorista dele. Pessoa boa e que eu já conhecia bem.
Viajei com Rodolffo. A cidade onde ficava o hotel, era pequenina mas acolhedora.
À noite já na nossa cama resolvi conversar com Rodolffo.
- Não era hora de abandonares o barco?
Terminar a faculdade, sei lá.- Juliette, não é porque agora és rica que eu me vou aproveitar.
- Mas de que interessa eu ter dinheiro se as pessoas que eu gosto não estiverem bem. Não é para um luxo. Não é para um bem material. É o teu futuro. Tu abandonaste por falta de recursos.
- E a música? Eu adoro cantar.
- Podes mantê-la, aos fins de semana.
Assim eu posso acompanhar-te nos shows.- Essa parte eu gostei. Eu vou sofrer tanto longe de ti três meses.
- E eu. Pensa com carinho na minha proposta. Se não quiseres continuar Arquitectura, escolhe outro curso que gostes. Ajuda-me a pilotar o meu barco.
- Prometo pensar durante a próxima viagem, e tu vais sair-te bem nessa tarefa.
- Agora me lembrei que comprei um relógio para ti lá no barco e nunca te dei. Era para te presentear pela minha primeira vez e depois acabei por esquecer.
- E onde está o relógio?
- Numa das minhas malas lá em casa.
- Onde tinhas a cabeça nessa altura?
- E tenho um presente para a Bela também. Meu Deus como esquecí.
Passámos um belo fim de semana na pequena cidade. Segunda rumámos a minha fábrica.
Reuni com o director que me explicou e mostrou o funcionamento da mesma. Rodolffo esteve sempre do meu lado.
Percorri a secção onde são cravejados os diamantes e fiquei admirada por tanta câmara.
- Tem que ser assim. O material é valioso demais.
À saída fui presenteada por uma linda gargantilha da parte de todo o pessoal da fábrica. Design, escolha de materiais e confecção, foi tudo idealizado por eles.
Gostei muito e agradeci.Os dias seguintes foram de muito trabalho e logo chegou o momento de me despedir do meu amor. Fui com o motorista levá-lo ao barco.
Outra coisa que eu precisava de fazer urgentemente era tirar a carta de condução. Por agora tinha o motorista.
Saí do carro e acompanhei Rodolffo até à entrada do navio.
Estávamos abraçados e as lágrimas corriam pela minha face.
Quando olhares para o relógio lembra-te de mim.- Não chores. Três meses passam rápido. Sempre que puder e tiver rede eu ligo-te. E não preciso olhar para o relógio. Vou lembrar-me sempre de ti.
- Cuidado com as esposas abandonadas. Já chega de bom samaritano.
- Egoísta. E se aparecer uma assim, a modos que desamparada?
- Ai de ti! Eu corto o teu meninin.
- Confia em mim. Só existes tu para mim. Amo-te. Nunca o disse, mas quero que saibas.
- Também te amo e eu confio sim, em ti.
- Fica bem meu amor. O tempo vai passar rápido.
- Tu também. Vai com Deus.
Beijámo-nos e abracámo-nos e ele lá subiu a bordo.
Voltei para o carro e fui embora com o coração partido.