XXII

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Bela chegou com os pais logo de seguida.  Abracei os dois que não conseguiram conter as lágrimas.

Ao fim de uma hora lá aparece um médico para nos dar informações.

O paciente foi operado.  A bala passou a centímetros de coração.   A operação em si correu bem,  mas sofreu duas paragens cardio respiratórias durante a mesma.  Conseguimos estabelizá-lo.  Agora é só aguardar até acordar e fazermos a avaliação dos danos.

- Podemos vê-lo?

Ele está a dormir.  Podem vê-lo através da janela de vidro.

Fomos espreitar e ele estava todo ligado com aparelhos.

- Quanto tempo vai demorar para acordar?

- Vamos mantê-lo sedado por 24 horas.  Vão para casa descansar.  Qualquer alteração nós comunicamos.

Juliette não queria ir, mas a mãe de Rodolffo lá a convenceu.

- O que vais fazer aqui?  Nem te deixam estar perto dele.  Vem para casa.  Amanhã vimos saber notícias dele.

Não  consegui pregar olho toda a noite.  Quando amanheceu tomei um duche e ia fazer café, mas a mãe de Rodolffo já estava na cozinha.

- Também não conseguiu dormir?

- Não.   Onde vais tão cedo?

- Vou à polícia.  Vou apresentar queixa daquela mulher.

- Eu devia ter corrido com ela e não deixar ele sair.

- Não adiantava.  Ela é psicopata,  não ia deixá-lo em paz.  Nunca aceitou a separação porque ele era quem a mantinha.

- Pois era.  Depois vais ao hospital?

- Vou.  Quando tiver noticias ligo e vocês vão com a Bela.

- Come.  Ontem não jantaste.  Não podes andar sem comer.

Juliette deslocou-se até à delegacia e identificou-se como advogada de Rodolffo.   Queria saber se tinham apanhado a Carla.

- Estamos perante uma tentativa de assassinato seguida de suicídio.  Ela foi encontrada num beco mais à frente morta com um tiro na cabeça.

Esperamos o resultado da autópsia e das perícias, mas estamos em crer que a arma disparada foi a mesma.

Juliette saiu dali em direcção ao hospital.  Conversou com uma das enfermeiras que lhe disse não haver novidades.  Pediu para espreitar e a enfermeira foi com ela até à janela.

- Tenha fé.  Ele vai sair-se bem.  É só um contratempo.

- Obrigada.  Vou ficar ali na sala de espera.

- Não fique aqui.  Este ambiente não faz bem.  O médico dele só vem daqui a duas horas.  Se tiver que fazer é melhor ir ou então vá até o jardim e espere lá. 

Juliette aproveitou e foi até ao escritório.  Assinou alguns relatórios que tinham ficado do dia anterior, conversou com Samuel e Rúben e disse que talvez ficasse uns dias sem aparecer.

Os dois mostraram-se solidários, disseram para não se preocupar com os negócios e desejaram melhoras a Rodolffo.

Voltou para o hospital e como o médico ainda não tinha chegado,  seguiu o conselho da enfermeira e foi sentar-se no jardim.

Abriu o telemóvel e resolveu escrever tudo o que lhe ia na alma.  Escreveu páginas e páginas e quando decidiu regressar ao interior do hospital enviou tudo para o telemóvel dele.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora