Bela chegou com os pais logo de seguida. Abracei os dois que não conseguiram conter as lágrimas.
Ao fim de uma hora lá aparece um médico para nos dar informações.
O paciente foi operado. A bala passou a centímetros de coração. A operação em si correu bem, mas sofreu duas paragens cardio respiratórias durante a mesma. Conseguimos estabelizá-lo. Agora é só aguardar até acordar e fazermos a avaliação dos danos.
- Podemos vê-lo?
Ele está a dormir. Podem vê-lo através da janela de vidro.
Fomos espreitar e ele estava todo ligado com aparelhos.
- Quanto tempo vai demorar para acordar?
- Vamos mantê-lo sedado por 24 horas. Vão para casa descansar. Qualquer alteração nós comunicamos.
Juliette não queria ir, mas a mãe de Rodolffo lá a convenceu.
- O que vais fazer aqui? Nem te deixam estar perto dele. Vem para casa. Amanhã vimos saber notícias dele.
Não consegui pregar olho toda a noite. Quando amanheceu tomei um duche e ia fazer café, mas a mãe de Rodolffo já estava na cozinha.
- Também não conseguiu dormir?
- Não. Onde vais tão cedo?
- Vou à polícia. Vou apresentar queixa daquela mulher.
- Eu devia ter corrido com ela e não deixar ele sair.
- Não adiantava. Ela é psicopata, não ia deixá-lo em paz. Nunca aceitou a separação porque ele era quem a mantinha.
- Pois era. Depois vais ao hospital?
- Vou. Quando tiver noticias ligo e vocês vão com a Bela.
- Come. Ontem não jantaste. Não podes andar sem comer.
Juliette deslocou-se até à delegacia e identificou-se como advogada de Rodolffo. Queria saber se tinham apanhado a Carla.
- Estamos perante uma tentativa de assassinato seguida de suicídio. Ela foi encontrada num beco mais à frente morta com um tiro na cabeça.
Esperamos o resultado da autópsia e das perícias, mas estamos em crer que a arma disparada foi a mesma.
Juliette saiu dali em direcção ao hospital. Conversou com uma das enfermeiras que lhe disse não haver novidades. Pediu para espreitar e a enfermeira foi com ela até à janela.
- Tenha fé. Ele vai sair-se bem. É só um contratempo.
- Obrigada. Vou ficar ali na sala de espera.
- Não fique aqui. Este ambiente não faz bem. O médico dele só vem daqui a duas horas. Se tiver que fazer é melhor ir ou então vá até o jardim e espere lá.
Juliette aproveitou e foi até ao escritório. Assinou alguns relatórios que tinham ficado do dia anterior, conversou com Samuel e Rúben e disse que talvez ficasse uns dias sem aparecer.
Os dois mostraram-se solidários, disseram para não se preocupar com os negócios e desejaram melhoras a Rodolffo.
Voltou para o hospital e como o médico ainda não tinha chegado, seguiu o conselho da enfermeira e foi sentar-se no jardim.
Abriu o telemóvel e resolveu escrever tudo o que lhe ia na alma. Escreveu páginas e páginas e quando decidiu regressar ao interior do hospital enviou tudo para o telemóvel dele.
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