XIV

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Amanheceu e eu esperei que Bela me ligasse quando Alfredo chegasse só escritório.

Não tardou muito e logo ela ligou. 
Eu ponderei ir sozinha e conversei com Rodolffo.

- Não vais sózinha,  não.   Eu combinei com um policial meu amigo e ele vai acompanhar-te.  Deve estar a chegar.

- Achas necessário?

- Prudência acima de tudo.  Nunca se sabe.

João,  o policial chegou e fomos no carro de Rodolffo.   Ele ficou no carro e eu subi com João.

- Bom dia, disse entrando na sala dele.

- Bom dia, Juliette.   Não é necessário a policia.

- Não sei.  Melhor prevenir.

- Verdade Juliette.  Vamos só conversar.

- João,  espere do lado de fora.  Qualquer coisa e eu chamo.

Sentei-me de frente da sua secretária.

- Era necessário?  8 anos aprisionada.  Isso vai dar um processo.  Todos os implicados pagarão o que me fizeram passar.

- Escuta  Juliette.   Eu sei que procedi mal.  Hoje eu não faria, mas já fiz e ninguém me obrigou.
Eu quis esconder a minha relação com o Rafael e usei-te para isso, mas sobre o teu pai te vender é verdade.  Não teve contrato nenhum nem processo nenhum.  Da parte dele foi só dinheiro mesmo.

Eu podia pelo menos dar-te mais liberdade, outro estilo de vida, mas também aí falhei.

Inventei um casamento só para esconder a minha vida dupla.

Esta viagem mostrou-me o quanto fui idiota contigo e com o Rafael.  Quando não te encontrei à saída, eu soube logo que tinhas fugido e de certo modo fiquei aliviado.

Ainda levei uns dias para tomar a decisão que vais ouvir agora.

Estas malas que estão aqui têm todas as tuas coisas lá de casa.  Roupa, jóias,  sapatos, maquilhagem,  tudo está aqui.
Ontem eu assinei  todos os papeis para que esta empresa seja tua.  Aliás nós estamos em lugares errados.  Esta cadeira é tua por direito.

Numa das caixas das jóias está um cartão da tua conta bancária.   Depositei nela algum dinheiro.  O que eu tenho dá perfeitamente para eu viver o resto da minha vida fora do Brasil.

Só espero a venda da casa.  De seguida parto com o Rafael.

Sobre o processo.  É direito teu.  Eu vou enviar um comunicado à imprensa, só não sei o que dizer.  Depende muito de ti, mas eu gostava de manter o Rafael fora de tudo.

Espero que um dia me perdoes e que esta empresa prospere na tua mão. Devo dizer-te que do que eu vi dos teus desenhos, tens muito talento.

Eu ouvi tudo com muita atenção e estava atónita.   Era um misto de raiva e de compaixão.

Não sabia o que falar.  Precisava absorver cada palavra que eu ouvi.

- Eu vou embora, agora.  Esta empresa é tua desde já.   Amanhã eu faço o comunicado.
Eu pretendo dizer que nós nunca casámos no papel e que agora termina a nossa parceria.  Eu vou viver para o exterior deixando os negócios contigo.

Se não concordares diz-me até amanhã.   Eu vou entender qualquer posição que tomares.

Alfredo saiu dali e eu fiquei sem palavras.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora