Capítulo 40

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"..."

Raphael não conseguia desviar o olhar de suas pinceladas meticulosas. Elena estava tão imersa em sua concentração que o tempo pareceu se comprimir em um momento fugaz. As pinceladas incessantes de seu pincel gradualmente se acalmaram.

Elena, com a paleta e o pincel em repouso, não conseguia desviar os olhos da tela pintada.

Tuk.

De repente, lágrimas escorreram pelo seu rosto. Não eram lágrimas de tristeza ou dor; em vez disso, eles carregavam uma sensação pungente de anseio.

— Ian, é a mamãe.

O retrato que tomava forma na tela representava Ian, seu filho com Sian. Ao confrontar a imagem de seu filho falecido na pintura, emoções reprimidas surgiram.

'Mamãe sente muito. Sinto muito por tentar esquecer você.'

Depois de perder Ian, Elena enterrou a dor profundamente em seu coração, tentando racionalizar e convencer-se de que ele estaria melhor na vida após a morte. No entanto, a verdade permaneceu: os pais não esquecem os filhos.

Elena se forçou a se virar, o simples pensamento de Ian infligindo uma dor insuportável. Cada reflexo dele evocava memórias de seu marido, Sian, e da dor que ele havia causado. Mas não mais. Em vez de enterrar a memória, ela escolheu lembrar. Mesmo que eles nunca pudessem se reunir, ela resolveu olhar para Ian sem desviar os olhos. Porque ela era sua mãe.

"S-Senhorita Lúcia."

Quando Elena começou a chorar, Raphael sentiu uma sensação de constrangimento, sem saber como consolá-la.

"Oh, me desculpe. Fiquei tão emocionada que nem percebi como devo parecer indecorosa."

Elena, recuperando a compostura da intensidade de suas emoções, voltou-se para o retrato que havia pintado. Mesmo que fosse para retratar Ian com um sorriso brilhante, ela não pôde deixar de rir de sua aparente falta de habilidade.

"Ele é uma criança tão alegre, mas sou péssima em capturar isso em um desenho."

"..."

"A composição e a coloração são horríveis. Deixei minhas emoções assumirem o controle. Não acho que seja bom. O que devo fazer?"

Elena riu ironicamente. A pintura havia sido criada com a intenção de ajudar Raphael, mas agora ela sentia uma pontada de remorso por fazer um desenho destinado a confrontar-se e curar-se.

"Oh. É muito caótico para olhar de novo. Não posso suportar isso; é constrangedor. Quero fugir."

Elena rapidamente tirou o avental e o roupão, saindo do estúdio como se estivesse realmente fugindo.

"E-espere."

"Da próxima vez. Não posso encarar você agora."

Raphael tentou alcançá-la, mas Elena correu pelo corredor, deixando-o para trás. Relutantemente, Raphael voltou ao estúdio, encarando o retrato de Ian que Elena havia pintado.

"..."

Para avaliar objetivamente o retrato de Elena, ele lembrava o trabalho de um aprendiz em uma sala de estar. Ela possuía senso e habilidade fundamentais, mas lutava com técnicas avançadas, causando um declínio na expressão da pintura. Mesmo assim, Raphael não conseguia desviar os olhos da obra de arte.

"Acredito que ganhei alguma compreensão."

Raphael observou o processo de pintura de Elena do começo ao fim, sem conseguir esquecer as lágrimas que ela derramou. A obra continha um fragmento da alma, captando a essência da vida humana.

Imperatriz das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora