Segundas chances

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                                                                                      2023

             Uma semana comum se passou. Eu não era narcisista, mas fui um gênio quando incentivei Christina a fazer o teste para entrar na academia de balé, ela foi aprovada e entrou na minha turma, assim como Dante, o aspirante a jornalista. Troquei de sala, pois fui informada que a que eu usava seria a turma de Madame Andrews. 

                 Todos queriam saber quem era Madame Andrews, mas ela ainda não começara as aulas e admito que sua demora estava intrigando até mesmo a mim, a diretora fazia suspense e os professores mais jovens estavam impacientes. Qual seria a nova jogada de Marketing de Louise Danse? 

                Pois todos sabiam que eu era a primeira. Louise era louca por histórias de balé e eu já havia encontrado pessoas que ainda ficavam fascinadas com o grande mistério do incêndio do Gold Theater, até eu mesma já havia repassado em minha mente mais vezes do que eu poderia contar nesses últimos 33 anos...

                Além de tudo, ganhei duas alunas novas... Ou três, não sei se devo considerar assim. Na quarta feira, Louise solicitou minha presença durante a aula e indicou que minha nova aluna tinha necessidades especiais. Então conheci Hildegard Avalon. 

                  Hildegard nascera com deficiência auditiva, ela tinha a capacidade de usar sua voz, mas se comunicava melhor por meio de língua de sinais. 

                    Como vou me comunicar com ela? — Questionei a Louise.

                 — Foi pensando nisso que contratei uma intérprete, esta é Lúcia Duarte, ela vai ficar responsável por sua comunicação com Hildegard.  

                    Lúcia não era bailarina, mas estava presente na turma e sinalizava rapidamente tudo o que eu dissesse para que Hildegard compreendesse. 

                   — Não quero ser indelicada — Comecei quando deixamos a sala de Louise — Mas, se não consegue ouvir, como conseguiu se tornar uma bailarina? 

                   Lúcia sinalizou minha pergunta para Hildegard, ela, por sua vez decidiu que queria que eu a entendesse sem precisar de da intérprete. 

                 — Sinto as vibrações — Sua voz saiu baixa e rouca devido a falta de uso, fiz uma nota mental para estudar mais sobre deficientes auditivos, odiava não entender de um assunto que precisava tratar. 

                  Dei as boas vindas a Hildegard e disse que ela não precisava falar por meio da voz, pois, eu era sua mentora e me esforçaria para entendê-la. 

                  No dia seguinte, sentei-me em uma das cadeiras disponíveis em minha sala enquanto esperava os alunos e uma garota que deveria ter uns 10 anos entrou. 

                  — Desculpe-me, — Com 10 anos, nem eu tinha essa dicção — Onde posso encontrar a senhorita Natasha Aubert. 

                 — Está olhando para ela. Em que posso ajudá-la? 

                 — Sou Vênus Horizon, passei na seleção para sua turma. 

                  Ergui as sobrancelhas, só podia ser brincadeira. Eu não ensinava crianças. 

                — Desculpe, mas deve haver algum engano. Não ensino a crianças, minha turma é a de balé avançado. 

                — Eu sei, fui escalada para a turma de balé avançado ministrada pela senhorita Natasha Aubert. A senhora Danse disse que a senhorita estranharia, mas eu sou boa, senão eu não teria passado. 

Sob o céu estrelado (Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora