Destino ou pressão?

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— Sejam bem vindos ao circo dos Henderson! — Rolf, sem querer, gritou no microfone — Opa, tom de voz errado! Enfim, hoje iremos abrir nosso espetáculo com a mágica mais amada do bairro, não à toa que sentiram falta dela, né?

Centenas de pessoas gritavam “SIM!” e palmas novamente ecoaram no lugar. Beth entrou no palco e fez o truque clichê de tirar um coelho da cartola, o animalzinho era de pelúcia, mas deixou o público boquiaberto da mesma maneira. Depois fez uma moeda desaparecer na mão. Era divertido ouvir as pessoas dizendo “Como ela faz isso?” ou “Isso é incrível”. Yan surgiu no palco pouco antes de sua saída do palco, estava com mais bolinhas coloridas, naquele dia decidiu se desafiar e pegou 15.

Mas, no momento que jogou, muitas delas caíram no chão, sem ter oportunidade de fazer o malabarismo. Estava nervoso, mas tentou contornar a situação.

— Por que me atrapalhei? Ah, nossa mágica foi tão bem que fiquei pensando só nisso!

Risadas dominaram a plateia, mas ele não soube dizer se eram por motivos bons ou ruins..

— Aconteceu alguma coisa? Você nunca errava a sua parte... — Astrid se aproximou do irmão.

— Eu não sei. Ah, meu Deus, Milk vai me matar quando voltarmos para casa.

Não prestou atenção nas outras apresentações da noite, começou a pensar que talvez não fosse tão talentoso como ante, ou que era uma decepção, tanto para o público quanto para a família. Todos falavam que Yan tinha o mesmo potencial do pai, mas será que isso era verdade ou apenas uma pressão imposta sobre ele, por ter a mesma personalidade de William?

— Que porra foi aquela? — Milk puxou o braço do caçula depois que estavam sozinhos na rua.

— Eu... não sei.

— Vi tantas pessoas falando disso, daquele erro grotesco. E para que pegar mais bolinhas? Como você chegou nessa ideia e pensou: “UAU! VAI SER ÓTIMO!”?

— Não vai acontecer de novo, garanto.

— E se acontecer?

— Ah, não me enche — Acelerou os passos desejando que não tocassem mais no assunto — Quem dera abandonar isso mesmo. Nos últimos tempos só ficava pensando no dinheiro que os ingressos faturam.

— Nem pensar nisso, viu? — Milk puxou o irmão de novo e olhou fixamente me seus olhos.

Quando percebeu a raiva do garoto, Yan percebeu como estava sendo injustamente cobrado. Não havia mentira em suas palavras. Estava gostando de se apresentar, mesmo depois da morte do pai, mas sentia que algo estava errado.

Estava em uma encrenca: ser o que os outros querem ou arrumar briga por uma decisão?

Se fosse corajoso o suficiente, seria a segunda opção.

Os filhos do Mr. HendersonOnde histórias criam vida. Descubra agora