𝑃𝑅𝐸𝑁𝑈́𝑁𝐶𝐼𝑂 | 𝐿𝑎̂𝑚𝑖𝑛𝑎𝑠, 𝑏𝑒𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 (𝑖)

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Azriel sentia que havia algo errado com a cabeça dele. Desde o momento em que a voz de Rhysand surgira apreensiva em sua mente e havia dito o que tinha acontecido, ele sentia que havia um grande vazio ali. Sentia que, ao mesmo tempo que não conseguia produzir uma linha lógica e consistente de raciocínio, os pensamentos vinham em um turbilhão.

Eles as levaram, se lembrou das palavras.

Lembrou de como automaticamente soube do que o irmão estava falando enquanto seu cérebro lhe levava a querer ficar confuso, como se, se não entendesse de primeira, tudo não fosse passar de um engano.

Agora, estava ali: no meio do corredor da casa de Emerie, com o cheiro do ódio de machos Illyrianos impregnados no local e, pior que isso, o cheiro do medo das Valquírias. A resignação e raiva delas, sim, mas, acima de tudo, o cheiro do pavor. Apesar de tudo, não conseguia discernir de quem era o cheiro conforme passava pelo quartos onde alguma delas havia dormido e olhava para o jarro quebrado e cômoda fora do lugar... Então, o outro, que se encontrava de forma semelhante só que com a cama afastada da parede e com leve cheiro cobrado de sangue do macho ali e, então...

Azriel parou a porta do terceiro quarto, o cheiro que o envolveu o fazendo parar por um segundo, fazendo suas sombras se adensarem. Conhecia aquele cheiro, porque... Cheirava como Sangravah.

Gwyneth.

As lembranças daquela noite voltaram, fazendo aquela parte mais sombria se agitar...

Contenha-se, a voz em sua mente soou.

E foi o que ele fez, enterrou todo o ódio que sentia por aqueles que deveriam ser seu povo. Toda preocupação em relação às Valquírias. E toda a culpa que sentia, fora ele que as mandara para lá. Mas não se permitiria sentir nada daquilo.

Por isso, se focou em tentar achar alguma pista. Algo que o levasse até o responsável por aquilo. Apurou os sentidos e sentiu o cheiro mais forte de sangue, que fez seus instintos se aguçar até notar que era de um macho. Nenhuma gota do dela. Aquilo o aliviou.

Suas sombras se agitaram, sussurrando para ele, atraindo seu olhar para a lâmina caída e ainda manchada de vermelho. Ele reconheceu a adaga assim que a viu, havia levado a lâmina consigo durante um bom tempo até a dar para a Valquíria como o maldito prêmio que ela tanto queria. Azriel ordenou que um fiapo de escuridão fosse até a arma e a trouxesse para ele, que a segurou com força antes de limpar o sangue e a guardar, dizendo a si mesmo que a devolveria a Gwyneth.

☽ ✯ ☾

Gwyn começou a correr por entre os corpos inconscientes.

Ela duvidava que eles fossem continuar naquele estado por muito tempo... O vento frio ultrapassava o tecido fino da sua camisola e ela sabia que teria que arrumar um jeito de trocar aquela roupa...

Enquanto tentava se afastar do aglomerado dos machos, ela tentou se situar onde estava. Ela olhou para a posição do sol, para poder achar o norte, e, depois disso, poder encontrar a direção certa. Nestha e Emerie não estavam em lugar algum, e não foi difícil entender que tinham feito de propósito. Os desgraçados as tinham separado. E ela precisava encontrar suas amigas.

A sacerdotisa interrompeu seus pensamentos quando seus ouvidos captaram o som que poderia facilmente estar impresso em seus ossos: a corrente de um rio.

Um sorriso começou a surgir em seus lábios, ela saiu de trás da árvore em que tinha se apoiado e, então, paralisou.

A poucos metros à sua direita, estava um Illyriano, que a encarou e grunhiu em sua direção. Gwyneth o analisou, sua mente deslizando para um lugar estratégico e calmo que havia aprimorado por seu treinamento. Ele tinha o dobro do seu tamanho e trazia consigo um pedaço de madeira que poderia tanto ser usado como cajado e como arma.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑒𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora