𝑃𝑅𝐸𝑁𝑈́𝑁𝐶𝐼𝑂 | 𝐿𝑎̂𝑚𝑖𝑛𝑎𝑠, 𝑏𝑒𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 (𝑖𝑖)

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Gwyneth caiu no chão, arranhando suas mãos e seu rosto, para poder desviar do ataque da besta.

Ela sentiu o coração acelerar e correu, sem olhar para trás por nenhum segundo e sem pensar na possibilidade de não ser rápida o suficiente. Conseguia ouvir a criatura a perseguindo e só continuou, na direção em que o pingente brilhava.

A Valquíria avistou o monte antes do acampamento e desviou sua rota, se colocando num lugar apertado na base da pequena colina e, foi nesse momento, em que viu a criatura parar, os olhos se estreitando e as narinas se alargando quando sentiu o cheiro dos Illyrianos.

E, entre um segundo e outro, e besta avançou para o acampamento, abrindo um dos guerreiros num piscar de olhos. Houve um segundo de silêncio e, então, gritos soaram, armas foram desembainhadas e Nestha e Emerie estavam lá. Negligenciadas pelos os Illyrianos diante de um desafio muito maior.

Enquanto via o pandemônio que tinha criado, subiu a pequena colina e gritou:

— Aqui!

Poderia estar ficando louca, mas juraria que Nestha quase havia desmontado ao lhe enxergar. Gwyn continuou acenando enquanto os Illyrianos enfrentavam a coisa que os rasgava. E ela tentou, em vão, não ficar satisfeita com isso. Nestha e Emerie alcançaram o topo da colina e escorregaram, espalhando neve, vindo em sua direção. Quase começou a chorar de alívio, mas, como tinha feito nos últimos dias, conteve qualquer emoção e apenas disse:

— Sigam-me.

Elas não perderam nenhum segundo discutindo enquanto caíam pela encosta e correriam por entre as árvores, indo ao sudeste. Correram até que os gritos dos guerreiros, os rugidos da besta, estivessem distantes. Até que eles desapareceram completamente.

Só então pararam perto de um filete de um riacho na neve. As três ofegantes e cansadas. Nestha se encostou em uma árvore. Gwyn tentou controlar a respiração. Emerie engasgou com o próprio ar ao perguntar:

— Como?

— Eu acordei antes dos outros — Gwyn disse entre respirações, uma mão no peito.

— Eu também — disse Nesta. — Eu pensei que era porque eu fui Feita, mas talvez seja porque você e eu não somos illyrianas.

A ruiva assentiu, aquilo fazia sentido. Continuou:

— Comecei a correr e encontrei um esconderijo de armas quase imediatamente — Ela gesticulou para o sangue em seus couros Illyrianos. — Troquei a camisola pelas roupas de outra pessoa. De um corpo, quero dizer. — De um corpo que ela tinha matado, mas não falou aquilo. Em vez disso, ergueu o pulso. — Você sabia que essa coisa brilha? Lembrei-me do seu desejo para nós: que sempre possamos encontrar o caminho de volta uma para a outra. Não importa o que acontecesse. Achei que isso me levaria a você. Deve ser de alguma forma imune à proibição de magia do Rito. — Ela não conseguiu evitar o sorrir torto para Nestha, enquanto falava: — Fiquei nas árvores nas duas primeiras noites, observando as bestas, e vi aquele macho horrível e seus companheiros esta manhã. Vi que eles encontraram minha camisola e a exibiram, e eu sabia que eles estavam caçando você — tentou, em vão, conter o ódio frio que lhe subiu pela coluna ao dizer, com toda a sinceridade que havia em si: — Pensei em matá-los antes que pudessem encontrar vocês.

— Você conduziu a besta direto para eles.

— Aprendi onde as bestas dormem durante o dia — explicou — E que eles ficam muito bravos quando acordados — mostrou os cortes em seu rosto, suas mãos. — Eu mal ultrapassei aquela enquanto a conduzia em direção ao acampamento. Porém, meu tempo foi apenas de boa sorte.

Emerie estremeceu.

— A Mãe cuidou de nós.

Um arrepio quase elétrico passeou por sua pele e poderia jurar que os amuletos em suas pulseiras soltaram um zumbido suave e cantante. O arrepio se tornou um leve estremecimento, o qual ela resolveu ignorar ao questionar a Illyriana:

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑒𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora