29 - O coração ganha do cérebro

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Marília Mendonça:

11 ANOS ANTES 

Não tinha ficado mais fácil. 

Eu já devia ter esquecido a Summer depois de oito meses sem vê-la. 

Houve outras – talvez até demais, em uma tentativa de esquecê-la –, mas a minha atração por ela ainda estava ali, na primeira vez em que os nossos caminhos se cruzaram novamente. 

Foi na festa de formatura do Gustavo, na casa da minha tia e do meu tio. Eu estava tomando uma cerveja na sala quando ela entrou. Os nossos olhares se cruzaram e juro que senti como se meu coração tivesse começado a bater pela primeira vez. 

Merda. Ela é linda. 

Eu a observei ir na direção do Gustavo e da garota que ele estava namorando havia dois meses. Ela deu um abraço forte nele e disse algo que fez os três rirem, depois andou até o sofá e se sentou bem ao meu lado. Sem virar a cabeça na minha direção, pegou a cerveja da minha mão e levou à própria boca. Antes de beber, falou: 

– Verdade ou desafio? 

Sorri. 

– Verdade. 

Depois de dar um golão na minha cerveja, ela me devolveu. 

– Você apagou a minha foto quase pelada do seu celular, que te mandei há um século atrás? 

Virei a cabeça e esperei ela virar para mim para responder. 

– Não. 

Os olhos dela brilharam. 

– Com que frequência você olha a foto? 

– Mais verdade? 

Ela assentiu. 

– Todo santo dia. 

Passamos a cerveja uma para a outra. 

– Está saindo com alguém? – ela perguntou. 

– Tenho alguém com quem eu saio de vez em quando. 

– Sair é código pra trepar? 

Os cantos da minha boca franziram. 

– Eu estava tentando ser uma dama. E você? Está saindo com alguém? 

Ela repetiu minha resposta não comprometedora: 

– Tenho alguém com quem eu saio de vez em quando. 

Eu estava transando com outra, nunca mais tinha visto a Summer ou falado com ela naqueles oito meses – desde a noite da festa, da qual eu fui embora sabendo que era ela a menina por quem meu irmão estava louco. 

Ainda assim, tive vontade de arrancar a cabeça do cara sem nome com quem ela estava dormindo. É, o tempo não tinha tornado as coisas mais fáceis. 

Levantei. 

– Vou pegar outra cerveja. Quer uma pra você ou quer beber da minha pelo resto da noite? 

Summer me lançou um sorriso travesso. 

– Quero beber da sua pelo resto da noite, caso não seja um problema. 

– Sem problemas. 

Levei cinco minutos para organizar a minha cabeça antes de voltar para o sofá. Olhei para o meu irmão abraçado com Emily. Parecia feliz. 

Ele ficou sonhando com a Summer mais seis meses depois da festa. Mas, agora que ele parecia ter superado e estar em outra, será que a proibição tinha acabado? 

Amigas com benefícios - Malila | GpOnde histórias criam vida. Descubra agora