40 - Busca por informações

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Maraisa:

A cama estava vazia.

Eu devia ter adormecido em meio à plenitude pós-sexo.

Erguendo a cabeça, virei para pegar o meu celular na mesinha de cabeceira e quase morri de susto quando vi Marília sentada na cadeira de balanço em frente à cama.

Sentei e puxei o lençol para cobrir o peito.

– Não tinha te visto aí.

– Desculpe. Não quis te assustar.

Ela tinha colocado a calça jeans, mas não fechou o botão. Estava só de sutiã e sem sapatos.

– O que você está fazendo?

Ela franziu o canto da boca.

– Observando você dormir.

– Que estranho. Foi interessante?

– Hipnotizante. – Ela se pôs em pé, veio até mim e beijou a minha testa. – Preciso ir. Preciso me reunir com o departamento de construção daqui a pouco e você tem uma consulta daqui a uma hora.

– Ah. Tá bom.

Ela me olhou e falou com calma:

– Está arrependida?

Eu não sabia se ela estava se referindo àquela manhã ou à nossa relação como um todo.

– De hoje ou de nós?

– Você me diz.

Ponderei com sinceridade sobre a questão antes de responder. Eu podia estar decepcionada, mas não arrependida do tempo que passei com ela.

– Não, não me arrependo.

– Jantar neste fim de semana?

– Sim, vai ser legal.

Ela me beijou de leve e foi embora.

•••

Era eu quem deveria pagar para a Minnie dessa vez. No mínimo, não deveria cobrar dela. Nós tínhamos acabado a nossa sessão de terapia, mas ficamos batendo papo enquanto eu fazia um curativo nela.

Estava preocupada que os ferimentos nos seus dedos – resultado de sua obsessão de checar se a porta estava fechada, se o fogão estava desligado, entre outras – pudessem infeccionar.

Coloquei luvas e limpei as feridas, depois fiz curativos enquanto falávamos da minha vida.

Ao longo dos últimos dois meses, eu havia contado tudo sobre a Marília para ela.

– Há apenas três razões para essa mulher não querer um relacionamento. Ou ela é uma pescadora profissional, uma leiteira ou uma madre que tem compromisso com Jesus.

Olhei para ela, espantada.

– Você vai ter que me explicar isso.

– Uma pescadora sabe que há muito peixe no mar, então não quer passar a vida pescando bacalhau, pois sabe que pode pegar também um atum ou um robalo que nunca provou.

Eu não tinha certeza se Minnie sabia que o eufemismo dela para falar da mulherenga era nojento – comedora de peixe. Mas entendi a ideia.

– Tenho a impressão de que esse não é o problema da Marília. Embora talvez eu só não queira acreditar que ela é desse jeito. O meu instinto me diz que não tem a ver com querer experimentar outra mulher logo depois de mim.

Amigas com benefícios - Malila | GpOnde histórias criam vida. Descubra agora