48 - Hora da verdade

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Marília Mendonça:

– Preciso falar com a Maraisa. – Fechei os punhos, mas, milagrosamente, consegui mantê-los quietos ao lado do corpo e não dar um soco na cara daquele idiota.

Wendell fez cara feia e me mediu. Saiu e fechou a porta atrás de si, depois cruzou os braços sobre o peito nu.

– Estamos um pouco ocupados agora. – Ele levantou o queixo. – O que quer que você tenha sido da Isa enquanto eu não estava aqui, já não é mais.

Eu tinha duas escolhas: ou empurrá-lo e passar – e só de olhar rápido para o porte físico dele eu sabia que conseguiria com facilidade – e exigir falar com a Maraisa, ou virar as costas com o rabo entre as pernas e ir embora, porque era certeza que o cara nunca me deixaria entrar.

Eu não iria embora sem ver Maraisa. Não queria brigar com o cara. Mas eu precisava falar com ela.

Felizmente, Wendell não estava preparado para o quanto eu estava resolvida a falar com ela, então nem precisei me esforçar muito para passar por ele. Acho que o peguei desprevenido, mas a mão dele já estava no meu ombro quando gritei o nome de Maraisa dentro do apartamento.

– Saia daqui. Seja lá quem você for, a minha mulher não quer mais ver você.

Tirei a mão dele do meu ombro e o encarei.

– Ex-mulher. E eu gostaria de ouvir isso da boca dela. Não quero fazer cena. Só quero falar com a Maraisa.

O som de uma porta se abrindo no corredor nos interrompeu e ambos viramos em direção ao barulho.

Eu estava esperando que fosse Maraisa, mas foi a Izzy quem apareceu no corredor, tirando os fones de ouvido.

Ou ela não tinha ouvido o confronto se intensificando entre mim e o pai dela, ou não ligou. O rosto dela se alegrou ao me ver.

– Marília! O que você está fazendo aqui?

Percebi pela visão periférica o Wendell estudando a nossa interação.

– Passei para conversar com a Maraisa. Desculpe se te acordei, querida.

– Eu não estava dormindo, não.

Aproveitei a oportunidade para fazer o que eu tinha ido fazer.

– A Mara está dormindo? Você se importaria de dizer a ela que estou aqui?

Ela franziu a testa.

– A Isa não está aqui. Meu pai não te disse? Ela está passando esta semana na casa da mãe dela.

Olhei para o Wendell e respondi para a Izzy:

– Não, ele não disse.

Izzy era uma menina esperta. Ela entendeu que havia algo. Revirando os olhos, balançou a cabeça para o pai dela antes de olhar para mim.

– O papai queria passar um tempo comigo, mas a Isa não quis interromper a minha rotina da escola. – Ela fitou o pai. – Meu pai se ofereceu para dormir aqui no sofá. Mas a Isa não queria ficar na mesma casa que ele porque ele ia ficar fazendo joguinhos.

– Isabella – o pai avisou.

– O quê? – ela disse. – É verdade.

Sorri. Adoro essa menina!

– Obrigada, Izzy. Espero te ver logo.

Ela sorriu também.

– Jura?

Amigas com benefícios - Malila | GpOnde histórias criam vida. Descubra agora