Maraisa:
Vomitei.
Tinha dito à Marília que precisava ir ao banheiro porque senti aquela queimação no esôfago que a gente sente logo antes de passar mal.
A minha vista ainda estava embaçada com as lágrimas enquanto segurava a cabeça sobre o vaso sanitário, olhando para a água.
A porta do banheiro abriu, mas eu não conseguia levantar a cabeça.
Marília sentou no chão e me abraçou. O calor do peito dela me aqueceu como um cobertor quentinho.
Recostei a minha cabeça contra o ombro dela e chorei. Ela me abraçou firme por um bom tempo, embalando-me e fazendo carinho no meu cabelo, sem dizer nada. Quando nos olhamos, ela falou baixinho:
– Sinto muito. Não queria te contar até ter o resultado do exame.
– Você ao menos estava planejando me contar se desse positivo?
Ela não precisou falar para eu saber a resposta. O olhar dela dizia tudo. Assoei o nariz.
– Bom, estou feliz que o Wendell finalmente tenha tido serventia pra alguma coisa. Como você sabia que eu estava na casa da minha mãe? Nem contei para a Maiara ainda.
– A Izzy me contou quando fui à sua casa.
Recuei.
– Você viu o Wendell?
– Sim.
– Como foi?
– Ele tentou me fazer pensar que você estava lá com ele, que vocês estavam juntos.
Dei um suspiro.
– Ele é tão babaca. Odeio deixar a Izzy lá com ele, mas eu sabia que ela queria passar um tempo com o pai, mesmo que ela não admitisse. Ela o ama e eles precisam se entender para melhorar a relação.
Marília assentiu. Ficou em silêncio durante o momento que se seguiu.
– No que você está pensando? – perguntei.
Ela balançou a cabeça.
– Não sei se fiz a coisa certa ao contar para você. Foi muito egoísta da minha parte. Não poderemos ficar juntas se o resultado for positivo.
– O que você quer dizer com "não poderemos ficar juntas"?
– Não vou fazer você passar por isso, virar minha enfermeira. Vim a Nova York porque sou uma ciumenta idiota. E te contei porque você precisava saber a verdade. Os homens da sua vida desrespeitaram você com mentiras e eu não queria fazer isso. Mas não faria você passar pelo que passei com o meu irmão.
– Mas não é você quem decide isso.
Marília fechou os olhos. Quando os abriu, anunciou:
– Não vamos discutir sobre esse assunto agora. O resultado sai daqui dois dias.
– Tá. – Eu precisava mesmo daqueles dias para digerir tudo e formular respostas para todos os argumentos que ela defenderia para que não ficássemos juntas, caso o resultado fosse, infelizmente, positivo.
Ficamos sentadas no chão do banheiro por mais uma hora enquanto Marília respondia às minhas perguntas sobre a doença.
Ela claramente tinha se informado bastante sobre genética e estatística, além de ter tido a real experiência com a mãe e o irmão. O único lado bom de tudo aquilo é que Marília já tinha passado da idade de ser considerada um quadro juvenil da doença, isto é, quando os sintomas aparecem antes dos vinte anos. A versão adulta da doença em geral se desenvolvia entre os vinte e os cinquenta anos, mas podia chegar até aos oitenta anos e a progressão ficava muito mais lenta, levando entre dez e trinta anos para causar a morte.
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Amigas com benefícios - Malila | Gp
Fanfic- É só sexo, sem amor... Amigas com benefícios. - Oito semanas de sexo maravilhoso sem compromisso? O que eu teria a perder? Gp Créditos: Uvanachuva