39 - Hereditária

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Oi, safeeenhas! Tudo bem? Mais um P.O.V. da Marília, muito importante para a estória e para entendermos a cabeça fodida dela. Então vamos... 

Hasta! 

🔸🔹🔸🔹🔸

Marília Mendonça:

10 ANOS ANTES 

Summer não estava feliz comigo. 

Ela disse que entendia por que eu não havia contado ao Gustavo sobre nós, mas agora já haviam se passado dois meses e escondê-la – esconder a nossa relação – durante as férias tinha sido um desafio. 

Eu não podia ir visitá-la em San Diego com muita frequência, porque havia conseguido um estágio em uma empresa de arquitetura na qual queria trabalhar depois da formatura. E, quando ela vinha para a minha cidade, nós não tínhamos um lugar para ficarmos juntas, porque eu morava com os meus tios, assim como o meu irmão. Ao menos até então. 

Gustavo ia sair de casa. Surpreendentemente, ele tinha conseguido ser sincero com Emily e admitido que não estava pronto para se casar. 

Ela foi compreensiva. Deixando de lado as razões egoístas que eu tinha para querer que eles tivessem ficado juntos, eu honestamente acreditava que qualquer mulher que fosse compreensiva assim, mesmo grávida e lidando com tantos hormônios, mereceria mais uma chance. 

– Estou com saudade – Summer se queixou ao telefone. 

Summer não costumava se queixar. Eu precisava resolver de uma vez por todas aquela confusão na qual eu tinha me metido. Eu a amava. 

– Sim, amor. Estou com saudade também. Vou conversar com o Gustavo hoje, depois de ajudá-lo na mudança. Depois vou conversar com os meus tios. Tenho certeza de que eles não vão se importar de você vir ficar com a gente. 

– Sério? – ela se animou. 

– Eles provavelmente vão querer que você durma no quarto de hóspedes. 

– Não ligo. Tô com saudade do seu rosto. 

– Eu tô com saudade de você inteira. 

Gustavo colocou a cabeça para dentro do meu quarto. 

– Pode me dar uma mão para carregar o colchão lá para baixo? 

Cobri o telefone. 

– Claro, me dá dois minutos. 

Ele concordou e saiu. 

– Te ligo hoje à noite. 

– Tá bom. Boa sorte. 

– Obrigada. 

Joguei o telefone sobre a cama e passei pelo tio Abicieli nas escadas. Ele estava carregando uma pequena luminária. 

– Não quis que eu o ajudasse com o colchão. O babaca acha que estou muito velho para carregar mais de dois quilos. 

Eu ri. 

– Não se preocupe. Quando eu me mudar, vou ficar sentada no sofá enquanto você carrega o caminhão para mim. 

O quarto da nossa prima Carla era a primeira porta do andar de cima. Ela estava deitada de bruços no meio da cama, balançando as pernas no ar e lendo uma revista. 

– Não se preocupe, Carla – falei quando passei. – Nós não precisamos de ajuda. 

Ri e continuei andando até o quarto do Gustavo, no fim do corredor. 

Amigas com benefícios - Malila | GpOnde histórias criam vida. Descubra agora