Capítulo 3

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P.O.V JOSH


A dor latejava em minha cabeça, como uma batida incessante em um tambor. Eu me movia com dificuldade, a irritação crescendo dentro de mim a cada segundo. Ao abrir a porta e largar as chaves na mesinha ecoando pelo hall de entrada, um rosnado involuntário escapou dos meus lábios, uma manifestação da minha frustração crescente.

Despi-me da jaqueta com um gesto brusco, deixando-a cair sem cerimônia no chão. Meus passos até o sofá eram pesados, meu corpo parecendo mais pesado do que nunca. Ao me jogar no sofá, uma onda de exaustão me atingiu, deixando-me completamente largado, com os braços e pernas espalhados de qualquer maneira.

A dor continuava, como um tormento constante que não me dava trégua. Fechei os olhos por um momento, buscando algum alívio que não vinha. Respirei fundo, tentando acalmar minha mente tumultuada, mas tudo o que encontrava era mais escuridão e desconforto.

"Merda", murmurei para mim mesmo, a frustração transbordando em minhas palavras. Tinha que encontrar uma maneira de lidar com aquela dor, mas, por enquanto, só conseguia afundar-me no sofá e tentar ignorar tudo ao meu redor.

Uma sensação estranha de confusão e desconforto me envolve, como se algo estivesse fora do lugar em minha mente. As lembranças da noite anterior são vagas e difusas, como se estivessem escondidas em meio a névoa densa. Lembro-me de acordar em um quarto de motel ao lado de um ômega, e flashes da noite anterior passam pela minha mente em fragmentos desconexos.

Mas há algo mais, algo que não consigo entender completamente. É como se pensamentos e sentimentos de outra pessoa estivessem se misturando aos meus, criando uma confusão na minha mente já tumultuada.

Sacudi a cabeça, tentando afastar esses pensamentos intrusivos, mas eles persistem, ecoando em minha mente como um eco distante. E não consigo ignorar eles.

Agora, enquanto me recosto no sofá, cercado pela solidão da minha mente turbulenta. Era só uma maldita ressaca, só que mais persistente que as outras. Tenho que maneira na bebida.

Com um suspiro, levanto-me do sofá e caminho até a cozinha em busca de água. Minha cabeça lateja com cada passo, preciso de algo para acalmar minha mente tumultuada e dissipar essa sensação estranha que me assombra desde que acordei. Encho um copo com água gelada e tomo-o de uma vez, sentindo o líquido fresco descer pela minha garganta e aliviar um pouco a secura na minha boca.

Mesmo assim, a sensação de desconforto persiste, como se houvesse algo que eu deveria lembrar, mas que está fora do alcance da minha mente.

Decido tomar um banho para ver se isso me ajuda a clarear a mente. Talvez a água gelada possa esfriar minha mental e trazer alguma clareza para as minhas lembranças fragmentadas.

Caminho até a escada e subo para meu quarto, já tirando minha roupa pelo caminho. Ao entrar no banheiro, jogo minha calça e cueca no cesto de roupa suja e entro no box. Ligo o chuveiro, deixando a água fria escorrer pelo meu corpo tenso. Cada gota que cai sobre minha pele parece tentar lavar não apenas a sujeira física, mas também a confusão e o desconforto que se acumularam em minha mente.

Enquanto a água gelada massageia meus músculos tensos, fecho os olhos e tento me concentrar. Tento recuperar as lembranças da noite anterior, mas elas continuam escapando de mim.

A sensação de desconforto persiste, como se algo estivesse fora do lugar. Minha mente está turva, e tento recapitular todos os meus passos até aqui. Lembro de ter ido à balada com alguns amigos, da música alta, dos ômegas e betas, de ter bebido muito, de ter beijado alguns ômegas e betas, mas que sinceramente não valiam a pena mais que isso.

Passo meus dedos entre meu cabelo molhado e jogo minha cabeça para trás, deixando a água cair sobre meu rosto. Eu achava que tudo ficaria só em beijos singelos, mas tudo mudou quando vi um ômega no balcão do bar. Ele era muito bonito, com um corpo atraente e apetitoso, em especial sua bunda grande e suculenta naquela calça skinny. Estava tão atraído que fui até ele, nada mais me importava. Meu lobo estava eufórico e deixei que agisse, eu queria ele mais que qualquer outro naquele lugar.

E eu consegui. Foi a melhor noite da minha vida, foi tudo tão intenso e quente, a melhor foda em anos. Eu nunca... Não acredito que fiz isso. Porra! Porra! Que merda eu fiz? Caralho, Josh, você marcou um ômega. Como pôde ser tão estúpido? O que eu estava pensando?

Agora tudo estava claro, não acredito que fiz essa burrada. Soco a parede com raiva, onde eu estava com a cabeça para marca um ômega.

Desligo o chuveiro e saio, pegando uma toalha e enrolando-a bruscamente na cintura. Ainda estou perplexo com a idiotice que fiz e agora estou ligado a um ômega. E só agora consigo entender a sensação de desconforto, insegurança e medo, nada disso era eu que sentia, era ele. Vou até a mesa de cabeceira, pego meu celular que deixei em cima dela e procuro o nome do meu amigo na lista de contatos.

— Um filho da puta, é isso o que sou. — murmuro para mim mesmo.

Não dá para simplesmente ignorar isso, é o que acontece quando se pensa apenas com a cabeça de baixo e deixa meu lobo agir. O que vou fazer agora?

— Oi, Josh, como você está? — A voz animada de Bailey soa do outro lado da linha. — Cara, você não sabe o que perdeu ontem à noite! Depois que você sumiu, apareceram vários ômegas. O que aconteceu? Conhecendo você, deve ter conseguido algum ômega para transar. — Bailey pergunta, e consigo ouvir o sorriso divertido em sua voz.

— Sim, e acabou indo bem mais além. — Respondo com um tom mais sério.

— Eu sabia, cara, você sempre se dá bem. — Ele diz e ri.

— Bailey, eu marquei o ômega com quem dormi. — Falo, sério e apreensivo ao mesmo tempo. Um silêncio se instaura no outro lado da linha.

— Você está falando sério? — Ele finalmente diz alguma coisa, seu tom agora demonstra preocupação. — Cara, você tem ideia da merda que fez? Marcar um ômega que você conhece é muita irresponsabilidade. Onde você estava com a cabeça? Se eu estivesse aí, te daria um belo soco pela sua idiotice.

Agora não estou mais falando com meu amigo, e sim com meu advogado. Somos amigos há mais tempo do que a nossa relação de cliente e advogado, e ele age de forma diferente em ambas as relações. Como amigo, ele é incrível e sempre que faço alguma merda, ele é mais brando, me dá conselhos para resolver. E como advogado, ele é severo e rígido, não alivia em nada, tenho que ouvir os sermões calado e acatar suas ordens.

— Eu estava bêbado, tá legal. Eu acabei me deixando levar e meu lobo também. — Tento explicar.

— E onde está o ômega que você marcou?

— Não sei, eu o deixei no motel. Só me toquei agora que o marquei, as lembranças estavam confusas na minha mente.

— Caralho, Beauchamp, você não se ajuda. Eu já te avisei sobre esse vício em álcool e como ele te deixa depois. Tem ideia que pode ter acabado com a vida desse ômega? Que você não pode seguir sua vida sem ele, e ele sem você? De todas as merdas que você já fez, essa com toda a certeza foi a pior. — E começou o sermão.

— Já disse, não estava completamente ciente, meu lobo estava no controle.

— Outra merda que você faz, deixar seu lobo no controle nas horas erradas. Espero muito que você não tenha forçado ele a aceitar sua marca.

— O quê? Claro que não, eu sei que foi consensual, ele também quis isso.

— E ainda assim não tira sua culpa. Porque ela é sua, seu idiota. — Tinha que concordar com ele dessa vez.

— Tá, tá. E agora? O que faço?

— Vou para sua casa, assim a gente conversa melhor e vejo o que vou fazer. — Ele fala sério. Com certeza não seria meu amigo que estaria vindo.

— Ok. — Falo e desligo.

Me jogo na cama e rosno frustrado. Fecho os olhos, tentando afastar a avalanche de pensamentos que me atormentam. O silêncio do quarto é ensurdecedor, e só intensifica a minha sensação de desespero. Não posso acreditar na confusão em que me meti, marca um ômega sem nem ao menos conhecê-lo direito. Que tipo de pessoa faz uma coisa dessas?

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