Segundo Capítulo

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𝕿𝖊𝖓𝖍𝖔 𝕾𝖊𝖌𝖗𝖊𝖉𝖔𝖘 𝖊𝖒 𝕸𝖊𝖚 𝕮𝖔𝖗𝖆𝖈̧𝖆̃𝖔.

⚠ Este capítulo possui 3 dum limite de 5 de agressividade ou temas considerados inadequados para um público menor de idade ou sensível. O tema apresentado retrata transtornos/perturbações mentais, auto-agressão, palavras de baixo calão e racismo. ⚠

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Eu estou vivo
Você não sabe que estou aqui
Apenas circulando em sua atmosfera, é
Eu estou vivo, você não sabe que estou aqui
Apenas circulando ao redor, apenas circulando
❜ ⌗ Anabelle's Homework - Alec Benjamin

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𝖀𝖒 𝖍𝖔𝖒𝖊𝖒 𝖖𝖚𝖆𝖘𝖊 𝖓𝖆 𝖙𝖊𝖗𝖈𝖊𝖎𝖗𝖆 𝖎𝖉𝖆𝖉𝖊 𝖛𝖎𝖆-𝖘𝖊 𝖕𝖊𝖗𝖉𝖎𝖉𝖔, 𝖆𝖙𝖔𝖗𝖉𝖔𝖆𝖉𝖔. Pagou a devida conta quando a pediu no bar. Algo havia acontecido com ele. O barman, na primeira vez que entregou uma bebida para o sujeito, havia erguido uma sobrancelha duvidosa, imaginando o real motivo pelo qual o cliente tanto suava e encarava a porta que entrou ao estabelecimento, de maneira rápida. Agora, ele esperava que uma bebida o acalmasse.

O barman colocou o copo em sua frente, deslizando cuidadosamente e perfeitamente até a trajetória final. Com um suspiro longo e parando de encarar a porta, o homem fitou a bebida alcoólica, bebendo de uma só vez, muito veloz; em resultado, tossiu algumas vezes, fazendo com que os outros clientes ao lado virassem suas cabeças afim de espantarem suas curiosidades com a tossida repentina que atrapalhava suas conversas com o tal som.

Passou a mão pela testa e notou que de lá saiam gotículas de suor. Enxugando sua testa com mais força de vontade, novamente pôs-se a ver a porta do bar, de vidros muito bem cuidados. Em um canto, tinha um enorme quadrado de vidro ( uma janela ) aonde duas pessoas conversavam animadamente. No entanto... ele enxergou uma terceira pessoa.

Seu coração começou a ficar acelerado; em seus pensamentos, tinha o pressentimento de que alguém o perseguia. Era normal escutar passos atrás de si numa calçada deserta? Quando olhava para trás, não havia ninguém. O bar aonde se encontrava era sua única salvação. O garoto do lado de fora o encarava, sem piscar os olhos. Seu olhar era mortal. Seu cabelo bagunçado e arrepiado poderia ser facilmente comparado com o céu da noite, movendo-se livre e selvagemente com o vento, assim como a escuridão. Os olhos negros descreviam-se como duas janelas para segredos infindáveis. Sua pele, com sardas no rosto, era de uma palidez fantasmagórica, iluminada apenas pelas sombras e sons à sua volta. Trajava vestes de linhas finas e frágeis, usando uma roupa branca com gravata escura, com um colar de crucifixo e calça preta.

Começou a suar muito mais. As gotículas eram visíveis, como se ele fosse banhado por uma cascata d'água, caindo planejadamente sobre sua face de olhos arregalados, assustado. Sim, assustado. O que ele iria fazer? Como se uma lâmpada tivesse aparecido acima de sua cabeça, procurou pelo barman que o atendera e quando o achou, pediu para que ligasse para a polícia. Apontou com o dedo indicador para a janela, tentando mostrar que estava sendo perseguido por um esquisito. O barman, em sua reação neutra, seguira o dedo que o seu cliente fizera, indicando o ponto o qual ele deveria olhar. Entretanto, não havia ninguém .

── O senhor está bem? ── perguntou o atendente ao olhar para a expressão aterrorizada do seu cliente.

── Estou perfeitamente lúcido! Eu o vi com os meus próprios o-olhos, e... e... ── arfou, não desviando o olhar desafiante do barman. ── Por favor, ligue para a polícia! ── exigiu, nervoso.

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