Nono Capítulo

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𝕿𝖊𝖒𝖕𝖊𝖘𝖙𝖆𝖉𝖊 𝖓𝖚𝖒 𝕮𝖔𝖕𝖔 𝕯'𝖆́𝖌𝖚𝖆.

⚠ Este capítulo possui 1 dum limite de 5 de agressividade ou temas considerados inadequados para um público menor de idade ou sensível. O tema apresentado retrata quase-morte. ⚠

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Esconda suas mentiras ( esconda as suas mentiras )
Garota esconda suas mentiras ( esconda as suas mentiras, oh, gata )
Só confie em você ( só em você )
Só em você

❜ ⌗ The Hills - The Weekend

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𝕿𝖗𝖎𝖓𝖙𝖆 𝖌𝖗𝖆𝖚𝖘 𝕱𝖆𝖍𝖗𝖊𝖓𝖍𝖊𝖎𝖙: 𝖆 𝖙𝖊𝖒𝖕𝖊𝖗𝖆𝖙𝖚𝖗𝖆 𝖉𝖆𝖖𝖚𝖊𝖑𝖆 noite escura, de ventos uivantes e fortes, como se alguém almejasse derrubar uma porta de uma casa por não ter sido convidado, forçava os pelos de Zara Watson a arrepiarem-se como uma proteção pela ausência de calor, o vento beijando-lhe os cabelos, seus passos rumando em direção até o seu apartamento, sozinha, sem nunca imaginar Watertown ser um lugar com tão pouca população, ou, pelo menos, como Margaret Walker diria " relativamente pequena ".

Na verdade, por mais que seus passos tivessem um objetivo, seus pensamentos achavam-se embaralhados, perdidos e misturados, repletos de problemas, como os de seus pais, por exemplo, além de como os policiais iriam investigar esse estranho sequestro, Smith apenas tendo dito sobre tentar rastrear a origem desse vídeo, intensificando o nível de preocupação da filha dos reféns, ignorando a existência da sua fome.

O efeito de se acalmar por estar ao ar livre simplesmente não surtia efeito, sua respiração soltando fumaças de vapor quente pela boca. Ela precisava de um tempo sozinha para assimilar as coisas, organizar os seus pensamentos, saber o que fazer. Mas agora, Zara não tinha a menor ideia sobre os próximos momentos, como prosseguir. Indecisão. Coração acelerado. Dor de cabeça. Precisa liberar essa cadeia paralela de sentimentos.

O suspiro determinou interromper os passos para aquela direção, e ir em outra, hesitado e repensando em prolongadas angústias de tempo. Para aliviar, precisava da presença de um lago, contando com a sua sorte ── consequência do seu lado como sereia ── de detectar ambientes aquáticos, mas isso lhe esgotava água no seu corpo, ou seja, se ela não se apressasse, poderia desmaiar ali mesmo, no meio da calçada.

Parou de caminhar e aguçar os seus ouvidos. Depois de poucos segundos começou a ouvir uma melodia alta e profunda, mentalizando a distância dela para o ponto de encontro: cinquenta minutos. Definitivamente, bem longe, mas ela precisava se apressar, principalmente agora, que, eventualmente, seus pulmões tornariam-se quentes, sua pele antes fina e suave mudaria para um ressecado e dolorido, perder o desequilíbrio nas pernas, bem como outras causas e efeitos.

Cada passo era uma tortura.

***

Zara caminhava pela mata, sentindo-se cada vez mais fraca. Suas pernas mal conseguiriam sustentá-la. Foi quando finalmente escutou um som de água corrente, a vegetação começando a clarear. Com um último resquício de forças, caminhou por entre as árvores, aliviando-se ao chegar em um lago cristalino repleto de samambaias. Porém, suas pernas não aguentaram e ela caiu, seus joelhos enfraquecendo.

Precisava adentrar naquele rio. Encostar na água. Sua pele voltar ao elemento natural. Mas agora estava deitada entre areias e pedras, suas mãos delicadamente tocando o solo seco. A única forma de chegar até ali era rastejando, substituindo os pés pelas mãos; e foi exatamente o que ela fez, arfando de dor, a visão ficando embaçada aos poucos. A correnteza da água, por sua vez, molhava uma parte da areia a qual Zara quase se aproximava.

A Herança dos Sete DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora