Décimo Quarto Capítulo | Flashback

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𝕺 𝕻𝖗𝖊𝖈̧𝖔 𝖉𝖆 𝖁𝖊𝖗𝖉𝖆𝖉𝖊: 𝕿𝖗𝖆𝖈̧𝖔𝖘 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝕺𝖚𝖙𝖗𝖔 𝕿𝖊𝖒𝖕𝖔.

⚠ Este flashback possui 5 dum limite de 5 de agressividade ou temas considerados inadequados para um público menor de idade ou sensível. O tema apresentado retrata luto, mal-estar, remédios, auto-agressão, esquizofrenia. ⚠

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Às vezes, os dias parecem nunca ter fim
O Sol se esforça para te machucar
Mas depois de dias ensolarados, uma coisa continua igual
Nasce a Lua
❜ ⌗ Rises The Moon - Liana Flores

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𝕬 𝖓𝖔𝖎𝖙𝖊 𝖕𝖆𝖗𝖊𝖈𝖎𝖆 𝖒𝖆𝖎𝖘 𝖕𝖊𝖘𝖆𝖉𝖆 𝖖𝖚𝖊 𝖔 𝖓𝖔𝖗𝖒𝖆𝖑, 𝖈𝖔𝖒𝖔 se os corpos celestes, antes brilhando ofuscantemente no céu, tivessem desaparecido, resultado de uma explosão. Elas, por sua vez, não possuíam um turbilhão de sentimentos para serem processados, sequer tinham problemas a resolver. Em uma cama de um apartamento, Zara Watson não conseguia dormir, envolvida em grossos lençóis, o seu coração pesado como um abismo, sem fim ao uma bola ser lançada.

O quarto estava silencioso, nem mesmo um grilo se atrevia a fazer o ato de cantar, reproduzindo cri, cri sem parar. Zara, obrigada a se questionar por tudo, via-se completamente perdida, a procurar um novo sentido para sua vida. Nada podia a aliviar dos seus sentimentos, nem mesmo a cama macia, tão pesada quanto uma nuvem carregada por proeminentes partículas. Ficou vulnerável, como uma flor sem pétalas.

Na sua mente, ela relembrou diversas vezes os acontecimentos na praia, desde o abrupto e inesperado momento da morte de seus pais. Seguidamente após esse pensamentos, se questionou a respeito de todas as mortes já vividas, que por mais alguns considerassem poucos, para uma mente sobrecarregada, tratava-se demais. Sydney Wilson, Ella Scott e, agora, Poppy e Cassius. Quatro mortes, três delas sendo vínculos emocionais.

── Sinto uma dor no peito ── ela se ajustou na cama. ── Não consigo respirar. ── sua mão foi parar na sua garganta, alisando-a cuidadosamente. ── Por que aconteceu isso? Eu não estou pronta. Eu não vou conseguir viver sem vocês.

Ao tocar novamente em sua garganta, suas mãos tão pálidas quanto um ar-condicionado, sentindo-na seca e fechada, logo um mal-estar, acompanhado de uma tontura. Se saiu dos lençóis e sua cabeça estava quente ao tocá-la, seus olhos pareciam ver em dobro. Ao ficar em pé, um hálito quente saltou de sua boca e, contra sua vontade, andou aleatoriamente pelo seu quarto, tentando sair pela porta afim de ir ao banheiro.

Quase caiu até o chão quando ouviu uma pisada forte do seu próprio pé, o qual ressoou como um tambor em seus ouvidos, deixando-na com dor de cabeça. Seu estômago revirou-se violentamente e fechar os olhos era o seu maior desejo, os seus sentindos não mais despertos. Não enxergava mais nada, nem sequer conseguia encontrar a porta. Um conteúdo ácido, rumando de sua garganta, tracejava até a boca, fazendo Zara se engasgar.

Não ouvia nada, nem pensava em nada, podendo controlar, por alívio, sua mão, levando-a até a boca para impedir aquele fluxo. Com uma leve inclinada, nada aconteceu, percebendo tendo engolido o vômito, o conteúdo quente retornando para sua garganta e descendo, sentindo ele. Seu corpo se apertou mais ainda e, com força de vontade, achou a maçaneta, desesperadamente a abrindo.

No apartamento, haviam dois banheiros, no entanto, não raciocinou no mais perto, optando por se apoiar nas paredes e ir para um pouco mais longe, até o outro. Antes mesmo de chegar lá, sua mão bateu fortemente na porta do quarto de Margaret Walker. Zara arfou, sua visão gradualmente escurecendo-se, finalmente tendo chegado no banheiro, cuja porta estava aberta para o seu alívio. Seu único pensamento, seu único objetivo, foi de abrir a tampa do vaso sanitário, agachar e expelir o conteúdo viscoso, escapando de sua boca. Fraca e tonta, vomitou em silêncio, enjoada.

A Herança dos Sete DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora