Capítulo XXII Parte II

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Acordei nos braços dela logo antes de o nascer do sol, com fome, com sede e precisando ir ao banheiro. Saí da cama e da casa e andei até a mata, parando para juntar coco e fruta-pão no caminho
de volta. O céu foi preenchido com a luz da manhã enquanto eu escovava os dentes e penteava o cabelo, e depois fui preparar o desjejum.

Enquanto eu esperava que ela acordasse, repassei os eventos da noite anterior na cabeça. Seu desejo havia sido palpável, irradiando dela como fogo. Sua respiração havia mudado, ficado mais alta,
e seu coração saltava no peito sob meu rosto. Ela havia demonstrado um controle notável, e imaginei por quanto tempo ela se satisfaria em apenas me envolver nos seus braços.

Imaginei por quanto tempo eu me satisfaria.Ela saiu da casa alguns minutos depois, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo.

— Oi. — Ela se sentou do meu lado e apertou meus ombros. — Como você está se sentindo hoje? — Seu joelho encostou no meu.

— Muito melhor.

— Dormiu bem?

— Dormi. E você?

Ela confirmou, sorrindo.
— Dormi muito bem, Lu

Sentamos na beira da água depois do desjejum.

— Então, eu estava pensando — disse ela, coçando uma das picadas de mosquito. — E se eu levasse o bote salva-vidas até a laguna para pescar?

A sugestão dela me apavorou.
— De jeito nenhum — falei, balançando a cabeça para os lados. — E se o tubarão morder o bote? Ou virá-lo?

— Isso aqui não é o filme Tubarão, Lu. Além disso, você disse que não queria que eu ficasse de pé dentro da água.

— Acho que deixei isso bem claro — admiti.

— Se eu pescar do bote, não vamos ficar com fome.

Meu estômago roncou como se eu fosse um dos cães de Pavlov quando ela mencionou o peixe.

— Não sei, Valen. Parece uma má ideia

— Não vou me afastar muito. Apenas fundo o suficiente para pegar alguns peixes.

— Tudo bem. Mas eu vou com você.

— Não precisa.

— Claro que precisa.

Tivemos que esvaziar o bote para passá-lo pela porta da casa. Nós o reinflamos com o tubo de dióxido de carbono e o carregamos para a praia.

— Mudei de ideia — falei. — Isso é uma loucura. Devíamos ficar na praia, onde é seguro.

Ela sorriu.
— E qual seria a graça?

Remamos até que o bote estivesse no meio da laguna. Valentina colocou a isca no anzol e puxou os peixes um por um, jogando-os em um recipiente plástico cheio de água do mar. Eu não conseguia
ficar sentada quieta nem parar de olhar ao redor. ela me puxou para baixo, ao lado dela

— Você está me deixando nervosa — disse ela, colocando os braços ao meu redor. — Vou pegar só mais alguns peixes, e voltamos.

O bote não tinha mais a cobertura presa, e o sol nos castigava. Eu estava apenas com um biquíni,mas ainda assim estava derretendo de calor. Valentina usava seu boné, e tirou da sua cabeça pra colocar na minha

— Seu nariz está ficando vermelho — disse ela

— Está queimando. Está muito quente aqui.

Valentina pegou um pouco de água do mar e jogou no meu peito, olhando enquanto ela gotejava lentamente, escorrendo até o meu umbigo. Meu corpo formigou, e minha temperatura interna aumentou alguns graus. Ela começou a mergulhar a mão de novo, e então parou bruscamente.

Valu - Na ilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora