Luiza POV
Minha cabeleireira, Joanne, apareceu na sala de estar de Carol
— Encontrei uns repórteres lá embaixo — informou ela. — Acho que tiraram uma foto minha — Ela se desvencilhou do seu casaco e me abraçou. — Bem-vinda de volta, Luiza . É por causa de histórias como a sua que eu acredito em milagres.
— Eu também, Joanne.
— Onde você quer cortar os cabelos dela? — perguntou Carol
Eu já tinha tomado um banho, e meus cabelos ainda estavam molhados, então, Joanne me fez
sentar em um banquinho na cozinha— O que aconteceu aqui? — perguntou ela, examinando as pontas dos meus cabelos.
— Pedi para Valentina queimar um pouco quando eles ficaram longos demais.
— Você está brincando.
— Não. Ela ficou com medo de botar fogo na minha cabeça.
— Quanto você quer cortar?
Meus cabelos batiam no meio das costas.— Alguns centímetros. E que tal uma franja longa?
— Claro.
Joanne me fez perguntas sobre a ilha enquanto cortava. Contei para ela e para Carol sobre o
morcego que tinha ficado preso nos meus cabelos.— Ele mordeu você? — Carol parecia horrorizada. — Valentina enfiou uma faca nele?
— Foi. Mas tudo acabou bem no final. O morcego não tinha raiva.
Joanne secou meus cabelos e os alisou com uma prancha. Ela me passou um espelho de mão.
Meus cabelos pareciam saudáveis, com as pontas macias.— Uau! Melhorou cem por cento.
Carol tentou pagar, mas Joanne não quis aceitar o dinheiro. Agradeci por ela ter vindo até o
apartamento.— É o mínimo que eu podia fazer, Luiza
Ela me deu um abraço e um beijo.Depois que Joanne saiu, eu disse para Carol
— Se conseguirmos sair de casa sem sermos importunadas, tem um lugar onde eu realmente
gostaria de ir.— Claro. Vou chamar um táxi.
Os repórteres gritaram meu nome logo que Carol e eu abrimos a porta. Eles estavam esperando
na escada, mas nós abrimos caminho entre eles e nos enfiamos no táxi.— Como eu gostaria que seu prédio tivesse uma saída nos fundos — refleti.
— Eles provavelmente ficariam lá também. Abutres de merda — murmurou ela
Ela deu um endereço ao motorista e logo estávamos na entrada do Cemitério de Graceland.
— Pode nos esperar, por favor? — perguntou ela ao motorista do táxi.
Alguns flocos de neve rodopiavam no ar. Fiquei arrepiada, mas Carol parecia não se importar
com o frio, nem mesmo se deu o trabalho de abotoar o casaco. Ela me encaminhou até o túmulo onde nossos pais,descansavam lado a lado.Eu me ajoelhei em frente à lápide e desenhei os nomes deles com meu dedo.
— Consegui voltar para casa — sussurrei.
Carol me entregou um lenço de papel, e enxuguei as lágrimas que rolavam dos meus olhos.Então me veio a imagem de meu pai usando seu gorro engraçado, coberto de iscas de pesca, me
ensinando a limpar um peixe. Eu me lembrei de como ele adorava encher o alimentador dos beija-flores e observar as pequeninas criaturas voarem como flechas, para tomar um gole, pairando em pleno ar. Pensei em minha mãe e em como ela adorava o jardim, a casa e os netos.
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Valu - Na ilha
FanfictionLuiza Campos é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicago e de seu relacionamento que não evolui, ela agarra a oportunidade de passar o verão em uma ilha tropical dando aulas particulares par...