capítulo XXX

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Luiza POV



Minha cabeleireira, Joanne, apareceu na sala de estar de Carol

— Encontrei uns repórteres lá embaixo — informou ela. — Acho que tiraram uma foto minha — Ela se desvencilhou do seu casaco e me abraçou. — Bem-vinda de volta, Luiza . É por causa de histórias como a sua que eu acredito em milagres.

— Eu também, Joanne.

— Onde você quer cortar os cabelos dela? — perguntou Carol

Eu já tinha tomado um banho, e meus cabelos ainda estavam molhados, então, Joanne me fez
sentar em um banquinho na cozinha

— O que aconteceu aqui? — perguntou ela, examinando as pontas dos meus cabelos.

— Pedi para Valentina queimar um pouco quando eles ficaram longos demais.

— Você está brincando.

— Não. Ela ficou com medo de botar fogo na minha cabeça.

— Quanto você quer cortar?
Meus cabelos batiam no meio das costas.

— Alguns centímetros. E que tal uma franja longa?

— Claro.

Joanne me fez perguntas sobre a ilha enquanto cortava. Contei para ela e para Carol sobre o
morcego que tinha ficado preso nos meus cabelos.

— Ele mordeu você? — Carol parecia horrorizada. — Valentina enfiou uma faca nele?

— Foi. Mas tudo acabou bem no final. O morcego não tinha raiva.

Joanne secou meus cabelos e os alisou com uma prancha. Ela me passou um espelho de mão.
Meus cabelos pareciam saudáveis, com as pontas macias.

— Uau! Melhorou cem por cento.

Carol tentou pagar, mas Joanne não quis aceitar o dinheiro. Agradeci por ela ter vindo até o
apartamento.

— É o mínimo que eu podia fazer, Luiza
Ela me deu um abraço e um beijo.

Depois que Joanne saiu, eu disse para Carol
— Se conseguirmos sair de casa sem sermos importunadas, tem um lugar onde eu realmente
gostaria de ir.

— Claro. Vou chamar um táxi.

Os repórteres gritaram meu nome logo que Carol e eu abrimos a porta. Eles estavam esperando
na escada, mas nós abrimos caminho entre eles e nos enfiamos no táxi.

— Como eu gostaria que seu prédio tivesse uma saída nos fundos — refleti.

— Eles provavelmente ficariam lá também. Abutres de merda — murmurou ela

Ela deu um endereço ao motorista e logo estávamos na entrada do Cemitério de Graceland.

— Pode nos esperar, por favor? — perguntou ela ao motorista do táxi.

Alguns flocos de neve rodopiavam no ar. Fiquei arrepiada, mas Carol parecia não se importar
com o frio, nem mesmo se deu o trabalho de abotoar o casaco. Ela me encaminhou até o túmulo onde nossos pais,descansavam lado a lado.

Eu me ajoelhei em frente à lápide e desenhei os nomes deles com meu dedo.

— Consegui voltar para casa — sussurrei.
Carol me entregou um lenço de papel, e enxuguei as lágrimas que rolavam dos meus olhos.

Então me veio a imagem de meu pai usando seu gorro engraçado, coberto de iscas de pesca, me
ensinando a limpar um peixe. Eu me lembrei de como ele adorava encher o alimentador dos beija-flores e observar as pequeninas criaturas voarem como flechas, para tomar um gole, pairando em pleno ar. Pensei em minha mãe e em como ela adorava o jardim, a casa e os netos.

Valu - Na ilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora