Valentina POV
Luiza estava acordada e sentada perto do fogo quando voltei da pescaria, na manhã seguinte.
— Como está a sua mão? – Ela estendeu a palma da mão, e eu levantei o Band-Aid.
— Não parece tão ruim — concluí. Dava para ver que a ferida denteada tinha sangue pisado, e a mão dela inchou um pouco durante a noite. — Vou limpar de novo e colocar outro Band-Aid, está
bem?— Tudo bem.
Usei outro lenço umedecido em álcool na mordida.
— Você parece cansada – Percebi que ela estava com olheiras.
— Não dormi muito bem.
— Quer voltar para a cama?
Ela negou com um gesto de cabeça.
— Eu tiro uma soneca mais tarde.Coloquei um Band-Aid novo na mão dela.
— Pronto. Você está nova em folha.Ela não deve ter me escutado, porque estava olhando para algum ponto no vazio e não disse nada. Mais tarde naquela manhã, terminei de fazer a estrutura da casa e comecei a colocar as paredes.
As árvores de fruta-pão produziam uma seiva leitosa, e eu tapava as frestas com ela. Luiza trabalhava silenciosamente do meu lado, segurando tábuas ou me passando os pregos.— Você está quieta — falei.
— Estou.
Martelei um prego na tábua, prendendo-a na estrutura— Está preocupada com a mordida?
Ela confirmou — Aquele morcego parecia doente, Valen
Larguei o martelo e enxuguei o suor dos olhos — Ele não parecia bem — admiti.
— Você acha que ele tinha raiva?
Posicionei mais uma tábua e peguei o martelo — Não. Tenho certeza que não.
Entretanto, eu sabia que morcegos às vezes carregavam doenças.
Luiza inspirou profundamente — Vou ter que esperar, eu acho. Se eu não ficar doente em um mês, provavelmente estou bem.
— Quais são os sintomas?
— Não sei. Febre, talvez? Convulsões? A doença ataca o sistema nervoso central.
Isso me assustou à beça.
— O que faço se você ficar doente?
Tentei lembrar o que havia no kit de primeiros socorros.Ela fez um gesto negativo com a cabeça— Você não faz nada, Valen
— Por que não?
— Porque, sem vacinas contra raiva, a doença é fatal.
Não consegui respirar por um segundo, como se o ar tivesse me faltado.
— Eu não sabia disso.
Ela confirmou, com lágrimas nos olhos. Deixei o martelo cair e coloquei minhas mãos nos ombros dela — Não se preocupe, Lu. Você vai ficar bem.
Eu não sabia se o que eu tinha dito era verdade, mas eu precisava que nós duas acreditássemos nisso.
Contei cinco semanas do dia da mordida e circulei a data na agenda dela. Ela queria esperar mais de um mês, para ter certeza.
— Então, se nada acontecer até lá, e você não tiver nenhum sintoma, está bem, certo?
— Acho que sim.
Fechei a agenda e coloquei de volta na mala dela
— Vamos retomar nossa rotina — sugeriu ela. — Não quero ficar falando sobre isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Valu - Na ilha
FanfictionLuiza Campos é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicago e de seu relacionamento que não evolui, ela agarra a oportunidade de passar o verão em uma ilha tropical dando aulas particulares par...