Capítulo XXII parte I

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TIVE QUE DIVIDIR O CAP EM DUAS PARTES, MAS APROVEITEM, ESTA CHEIO DE EMOCOES





Luiza pov

Nós nos sentamos embaixo da cobertura, jogando pôquer, observando a tempestade se formar. Relâmpagos ziguezagueavam no céu, e o ar úmido me pressionava como um cobertor. O vento levantou e espalhou nossas cartas.

— É melhor entrarmos — disse Valentina

Do lado de dentro, eu me estiquei ao lado dela no bote salva-vidas e observei o interior da casa iluminar-se com cada relâmpago.

— Não vamos conseguir dormir muito hoje à noite — refleti.

— Provavelmente não.

Nós nos deitamos, uma ao lado da outra, ouvindo a chuva bater na casa. Apenas alguns segundos separavam os estrondos dos trovões.

— Nunca tivemos tantos relâmpagos assim — falei.

O que era mais inquietante é que os pelos dos meus braços e da minha nuca estavam arrepiados por causa do ar carregado de eletricidade. Eu dizia para mim mesma que a tempestade cessaria logo,mas, com o passar das horas, ela só se intensificava.

Quando as paredes começaram a tremer, Valentina  saiu do bote salva-vidas e mexeu dentro da minha mala. Ela se virou e jogou meu jeans para mim.

— Coloque isso.

Ela pegou o próprio jeans e vestiu. Em seguida, enfiou a vara de pescar no estojo do violão.

— Por quê?

— Porque acho que não conseguimos passar por esta tempestade ficando aqui.

Saí da cama e coloquei o jeans por cima do short.
— E para onde mais iríamos? — Assim que perguntei, entendi. — Não! Não vou entrar lá de jeito nenhum. Nós já conseguimos passar por outras tempestades. Podemos ficar aqui.

Valentina agarrou a mochila e colocou a faca, a corda e o kit de primeiros socorros lá dentro. Ela jogou meus tênis para mim e enfiou os pés no Nike sem desatar os laços.

— Nunca uma tempestade foi tão ruim assim — explicou ela — E você sabe disso.

Abri a boca para argumentar, e o telhado caiu.Ela sabia que tinha vencido.

— Vamos — ordenou ela, e quase não ouvi, por causa do vento uivante.

Hesitei na entrada da caverna.

— Entre, Luiza! — gritou ela

Eu me abaixei, tentando reunir a coragem para engatinhar para dentro. O súbito quebrar de um galho de árvore soou como um tiro, e Valentina colocou a mão no meu bumbum e me empurrou. Ela empurrou o estojo do violão, a caixa de ferramentas e a mala para dentro depois de mim, e seguiu atrás pouco antes de uma árvore cair, bloqueando a entrada da caverna e nos mergulhando na escuridão.

Colidi com Esqueleto como uma bola de boliche atingindo os pinos. Os ossos se espalharam pelo chão da caverna e, alguns segundos mais tarde, Valentina aterrissou ao meu lado.

Nós duas — e todos os nossos pertences — mal cabíamos naquele espaço reduzido. Tivemos que ficar deitadas de costas, ombro com ombro, e, se eu esticasse o braço, podia tocar a parede da caverna, que estava a alguns centímetros à minha direita, Valentina podia fazer o mesmo à esquerda. A caverna cheirava a sujeira, plantas podres e animais que eu esperava não serem morcegos.

Agradecida por estar usando jeans, cruzei meus pés nos tornozelos para impedir que qualquer coisa se arrastasse para dentro das pernas das minhas calças. O teto estava a menos de sessenta centímetros
acima de nossas cabeças. Era como estar em um caixão com a tampa fechada, e entrei em pânico, o coração aos pulos, ofegante, me sentindo como se não conseguisse respirar.

Valu - Na ilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora