Capítulo XIV

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Valentina POV

A chuva caía lateralmente. Trovões estrondiam, raios iluminavam o céu. O vento balançava o bote salva-vidas, e eu estava preocupada, achando que ele pudesse nos deslocar a caminho da praia.
Fiz uma anotação mental: Encontrar algo para ancorar o bote salva-vidas amanhã.

— Você está acordada? — perguntei a Luiza

— Estou.

A tempestade mostrou sua ira durante horas. Nós nos aconchegamos uma a outra cobrindo nossas cabeças com o cobertor. O fino náilon que cobria o teto e descia pelas laterais do bote salva-
vidas era toda a proteção que tínhamos contra os raios, ou seja: proteção nenhuma. Não falamos muito, apenas esperamos que a tempestade passasse e, quando isso finalmente aconteceu, voltamos a dormir, ambas exaustas.

Na manhã seguinte, Luiza trouxe diversos coquinhos verdes que caíram da árvore com a tempestade. Nós os abrimos. A carne tinha um sabor adocicado, e a água não era tão amarga quanto os cocos castanhos.

— São tão bons — disse Ela

A cabana tinha desabado, e nosso fogo se apagou. Por isso, tive que fazer outro, desta vez usando meu cadarço. Eu o amarrei às extremidades de uma vara curva. Dando um nó no cordão, enfiei outra vara de forma que ficasse perpendicular ao pedaço de madeira onde eu a apoiava.

— O que está fazendo? — perguntou

— Vou usar isso aqui para rodar a vara. Foi isso que o cara na TV fez.

Ajustei a tensão na corda e mantive a vara em ângulos diferentes. Levei um tempo para conseguir fazer a vara girar na velocidade certa. Mas, quando isso aconteceu, obtive fumaça em cerca de quinze minutos, e as chamas, logo depois.

— Uau! — exclamou Luiza — Ótima ideia.

— Obrigada

Empilhei o material combustível e observei o fogo crescer. Luiza e eu recolocamos a cabana no lugar.

Enxuguei o suor dos olhos — Espero que não haja tempestade pior que essa. — Inclinei a última vara contra a cabana. —
Porque não sei o que vamos usar como abrigo se houver uma mais forte.

Valu - Na ilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora