An Eye For An Eye, my friend

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Durante muitos anos, o índice de criminalidade no Japão não excedeu os 0,25%. O país teve o nono melhor índice global da paz, e era considerado o mais seguro do mundo. Mas isso mudou nos últimos anos. De repente, casos de violência doméstica começaram a ser cada vez mais recorrentes. Assaltos a ônibus e trens começaram a acontecer, maus tratos a crianças e adolescentes, furto a mão armada... E principalmente, o pior personagem do mundo dos crimes.

O abuso.

Já fazia alguns minutos que Matt tinha notado que estava sendo seguido. Shinjuku Golden Gai era um bairro festivo e famoso, com vielas estreitas e sinuosas, e vários bares aconchegantes. Era o tipo de lugar que estava sempre lotado, independente da hora do dia. Sempre iluminado e cheio de gente. Algumas vielas eram mais desertas que outras e, devido ao crescimento da violência no país, os japoneses já sabiam que passar por elas sozinho não era uma boa ideia.

Mas por ser estrangeiro, Matt não sabia disso.

- Está procurando alguém?

O ruivo soprou a fumaça de seu cigarro, e apenas continuou andando. Pelo som dos passos, o cara ainda estava a uma distância considerável de si. Então o garoto olhou em volta ao sair da viela deserta, e entrar em uma rua mais movimentada. Mil vezes mais movimentada. Só então se permitiu olhar para trás, para ver o cara que lhe seguia. Ele era velho, parecia ter uns quarenta e poucos anos e mancava de uma perna. Estava suado pela caminhada.

- É estrangeiro, né? - Ele disse ao alcançar o garoto - Precisa de alguma ajuda? Você me parece perdido.

- Não estou perdido - Matt resmungou, revirando os olhos - Sabe onde fica o bar Deathmatch in Hell?

O cara riu.

- Bem atrás de você - Respondeu, apontando com a cabeça para trás do garoto.

O ruivo se virou, só então vendo a placa do bar há alguns metros de si. Como o letreiro estava apagado por ser dia, ele não tinha visto.

- Aceito seu convite - De repente, a voz grosseira daquele cara estava em seu ouvido.

Matt não pensou duas vezes. Jogou a cabeça para trás, acertando o nariz do homem e saiu correndo. O cara, apesar da dor do golpe, conseguiu segurar a mochila do garoto, o impedindo de ir muito longe. A luta não era justa. O cara era duas vezes maior que Matt. Então, em desvantagem, o ruivo tirou o cigarro da boca e o fincou no pescoço daquele homem nojento. Ele berrou de dor quando a chama queimou sua pele e soltou o garoto, esse que deu alguns passos para longe, enquanto o observava.

- Que desperdício de um belo Marlboro... - Ofegou, amargamente, dando as costas ao cara e indo até o bar de uma vez.

Por Deus, o que mais poderia acontecer naquele dia?

O sininho do bar tocou quando ele entrou, atraindo a atenção de algumas pessoas que estavam lá dentro. Homens de terno e gravata tomando cerveja, grupos de pessoas de todos os tipos em mesas de aposta e heavy metal tocando nos auto falantes. Era aquele tipo de lugar que Charlie frequentava?

- Posso ajudar? - A bartender perguntou, com um sorriso frouxo.

Matt tirou uma fotografia do bolso, e a colocou no balcão.

- Viu esse garoto? - Indagou.

A mulher, bem pálida e de cabelo azul, observou a foto. Era Charlie, sentado em um dos bancos do jardim da Wammy's House enquanto fumava um cigarro.

- Vi sim - Ela respondeu, erguendo o olhar - Ele ganhou a maioria das apostas naquela mesa - Apontou para uma mesa no fundo do estabelecimento, onde um grupo de executivos estavam - Saiu há uns cinco minutos.

The Wammy's House Boys - LawLightOnde histórias criam vida. Descubra agora