You make me human, Ryuzaki

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Lawliet não era uma pessoa muito religiosa. Na verdade, ele quase nunca pensava no que acontecia após a morte. Não, ele preferia se concentrar mais no presente, afinal era o mais prático a se fazer. O passado não podia ser mudado e o futuro não podia ser previsto. Não fazia muito sentido gastar energia pensando em espaços de tempo tão inacessíveis. No entanto, naqueles momentos cruciais em que Light e depois a equipe médica, lutavam para salvar sua vida, ele teve um pequeno vislumbre do que significava o tão temido pós morte.

Foi como acordar depois de um longo devaneio. Quando sua visão se ajustou, ele franziu o cenho. Estava no quarto de Matt e Mello, e os dois estavam sentados no chão com Light jogando videogame. Os três aos berros. Near estava deitado na cama de cima do beliche, lendo em meio a gritaria. O detetive olhou em volta, tirando as mãos dos bolsos ao notar que estava em pé na porta do cômodo.

Como se tivesse acabado de chegar.

- Ah não – Mello resmungou, jogando o controle no chão e partindo para cima de Light – Você tá no meu time ou tá me sabotando, caralho?!

- Ai, calma aí! Eu não vi ele chegando! – O japonês exclamou, segurando os pulsos do mais novo antes que ele lhe enforcasse.

- Porra, e esses seus olhos de bambi servem pra quê?!

- Ryuzaki, olha aqui ele me atacando!

A cena foi tão devastadoramente familiar que o pequeno sorriso no rosto de L surgiu sem que ele percebesse. Se aquela sensação pudesse ser descrita em palavras definitivamente a palavra correta seria: casa.

- Nunca achei que te encontraria por aqui.

O detetive olhou para o lado. A voz pertencia a um rapaz que parecia ter bem menos de sua idade, apesar da altura. Talvez 14, 15 anos. Tinha o cabelo longo e loiro, usava blusa laranja e tinha um sorriso grande no rosto. Terno e caloroso. Se o verão fosse uma pessoa definitivamente seria ele.

L não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas de alguma forma totalmente incompreensível da ótica humana, ele sabia quem era aquele garoto. Ele tinha perfeita consciência de quem ele era.

- Aiden? - Falou, confuso. O sorriso do loiro aumentou.

- E aí, cara? - Sua voz era suave e meio arrastada, e ele abraçou o detetive como se já o conhecesse - É uma pena que a gente tenha se conhecido nessas circunstâncias.

O moreno franziu o cenho, olhando para os meninos de novo. Eles ainda estavam jogando e berrando uns com os outros.

- Eu... morri? - Questionou, voltando a encarar o loiro, esse que apenas suspirou em resposta - Onde estamos exatamente?

- Bom... No paraíso - Aiden respondeu, dando de ombros - Ou melhor, o seu paraíso. Sabe, tipo o céu, se você quiser chamar assim. Na verdade, eu descobri que essa história de paraíso é bem individual. O seu paraíso particular, o lugar onde sua alma vai passar a eternidade, é aquele onde você se sente em paz. Onde se sente em casa. No seu caso, parece que é aqui.

Lawliet piscou, voltando seu olhar para os meninos e os vendo rindo de alguma coisa que Matt tinha dito. Até Near tinha deixado o livro cair na barriga, e ria silenciosamente. Seu coração aqueceu.

- Foi uma boa escolha - Aiden comentou, batendo seu ombro no do detetive e sorrindo para ele - O bom daqui é que todos os dias são assim. Não tem noite, nem escuridão... Só essa paz que você está sentindo agora. Só os momentos bons, o sol... E eles, é claro.

Eles. L sorriu quando o olhar de Light encontrou o seu, enquanto o japonês ainda ria apoiado no ombro de Mello. Era tentador. Ele queria ficar ali para sempre onde tudo era bom e perfeito. Onde todos estavam bem, onde todos podiam ficar juntos e seguros. Ele nunca, jamais, em toda sua vida, quis tanto algo quanto queria aquilo. E ele estava pronto para ceder, para entrar naquele quarto e ficar se divertindo com eles por toda a eternidade.

The Wammy's House Boys - LawLightOnde histórias criam vida. Descubra agora