Clímax

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O quarto estava silencioso. Ainda era cedo, mas a luz do sol já se infiltrava pelas cortinas da janela, trazendo uma iluminação dourada e convidativa para o cômodo. Near abriu os olhos devagar, só então percebendo que havia dormido a noite toda, o que quase nunca acontecia. Estava deitado sobre algo quente, que não deveria ser tão confortável daquele jeito. Ao levantar um pouco a cabeça, encontrou um rosto acima do seu. Os olhos azuis, sempre tão intensos, lhe encaravam. Seu coração acelerou, como sempre acontecia quando estava sob o olhar dele. O cabelo loiro estava bagunçado, o rosto sonolento... E ainda assim ele conseguia ser a pessoa mais linda que seus olhos já tinham visto.

- Bom dia – Mello murmurou, passando os dedos pelo cabelo do rival.

Near sorriu.

- Bom dia... – Suspirou, fechando os olhos de novo quando o mais velho deixou um beijo em sua testa – Há quanto tempo está acordado?

- Tempo suficiente pra perceber que você ronrona como um gato quando dorme.

- Isso nem é cientificamente possível.

- Você gostar de mim também não era, e olha só pra gente agora.

O mais novo riu, dando um tapinha no loiro, esse que apenas lhe abraçou mais forte. E aquele era o lugar mais seguro do mundo para si. Para Mello também. A verdade era que os dois já tinham se envolvido amorosamente no passado, antes de Near alcançar o primeiro lugar no ranking. Mas daquela vez, era diferente. Era como se o tempo separados tivesse servido apenas para aumentar aquele sentimento incontrolável que tinham um pelo outro. E, apesar de não demonstrar naquele momento, Mello estava com medo. Medo de que as coisas voltassem a ser como antes quando voltassem a instituição. Não queria perder aquilo. Não queria perdê-lo de novo.

- Me desculpa, Near – Falou, depois de alguns minutos de silêncio – Você tinha razão. Quando conseguiu o primeiro lugar, acho que eu... senti inveja de você. E aí a gente terminou, e eu não fui atrás de você por causa do meu orgulho idiota. Desde então a única coisa que fiz foi alimentar esse ódio irracional, só pra não admitir o quanto doía ficar longe de você – Ele suspirou – Doía como uma surra.

Near o encarou, mergulhando naqueles traços tão conhecidos por si. Tão desejados por si.

- Só há 3% de chance disso dar certo dessa vez – Respondeu, baixinho – Eu... normalmente não tenho força ou ânimo pra lutar por nada. Mas estou disposto a lutar por esses 3%. Você está?

O loiro deu um pequeno sorriso.

- Estou – Respondeu, tocando o rosto pálido do mais novo – Só tenha um pouco de paciência comigo, hum?

Foi a vez de Near sorrir.

- Sou expert nisso.

Mello riu, e o apertou mais em seus braços. E o abraço de minutos, acabou por durar horas. Até que eles adormecessem de novo.

[ ... ]

As coisas ficaram ruins depois da discussão entre L e Light. Naquele dia, durante o café da manhã, os dois nem se falaram. Mais tarde, quando todos se reuniram para retomar a investigação, eles até trocaram uma palavra ou duas, mas apenas quando era estritamente necessário. O clima estranho não passou despercebido pelos outros, mas ninguém tocou no assunto. Vez ou outra, Light olhava para onde Lawliet estava, e sentia a raiva lhe consumir quando o via conversar com Near. Ele parava tudo que estava fazendo para escutá-lo, com aqueles olhos enormes atentos ao que ele tinha a dizer, como se ele fosse super importante. Estava odiando aquiloEstava odiando ver ele dar a outra pessoa um tratamento que era único e exclusivamente seu. Não era justo! Tudo bem que tinha pisado na bola e cometido um baita erro de julgamento, sem falar na burrice que tinha dito na noite anterior, mas... não era motivo para ele lhe trocar daquela forma. O que estava pensando? Era sim, claro que era.

The Wammy's House Boys - LawLightOnde histórias criam vida. Descubra agora