What If...?

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As aulas continuaram normalmente depois da "quase confusão" na hora do almoço. Quando o relógio bateu 14:55, Roger bateu de sala em sala para pedir que todos os alunos se encaminhassem ao auditório. Não parecia uma emergência, embora as crianças mais novas tenham corrido para o corredor como se estivesse acontecendo um incêndio. Light não entendeu de início, mas seguiu o fluxo de alunos até o auditório mesmo assim. Ao chegar lá, viu os mais novos sentados no chão, enquanto os mais velhos ficavam em pé, escorados nas paredes. Decidiu ficar perto da porta, aguardando pelo que iria acontecer.

Roger já estava lá na frente, sentado ao lado de uma mesa com um computador e um microfone, ambos virados para o público. Quando o relógio bateu 15:00 em ponto, a letra L apareceu no computador.

Então Light entendeu do que se tratava. Já esperava por aquilo, só não sabia que seria tão cedo.

Olá a todos os alunos da Wammy's House - Uma voz modificada os saudou pelo monitor - Eu sou L.

As crianças mais novas soltaram gritos de excitação.

"É ele. É ele mesmo!", o Yagami pensou, sem acreditar no que ouvia.

Já faz tempo desde nosso último encontro - L comentou - Acredito que, a essa altura, já tenham recebido os casos da competição deste ano. O que acharam do novo modelo que sugeri?

- Horrível!

- Eu preferia trabalhar sozinho, L!

- Ah, não foi tão ruim assim, cinco mentes pensam melhor que uma!

- Puxa saco!

L riu das múltiplas respostas que recebeu.

Parece que, assim como eu, alguns de vocês não gostam muito de mudanças, não é? - Deduziu, conseguindo algumas respostas positivas - Bom, então permitam que eu me justifique. Sei que todos esperam que apenas um de vocês seja meu sucessor, mas... minha verdadeira intenção com este novo modelo de competição, é introduzir vocês a ideia de que esse posto pode ser ocupado tanto por várias pessoas quanto por uma só - Light franziu o cenho, enquanto os outros soltavam algumas perguntas em voz baixa - Confesso que tenho encontrado dificuldade em escolher apenas um de vocês. Pra mim, todos são brilhantes de diferentes formas. É como... Como posso dizer isso? É... Sabem as histórias de super heróis em que eles formam uma equipe e com seus poderes combinados eles salvam o mundo?

- Sim! - A maioria respondeu.

Então. É isso que espero de vocês agora - O detetive completou - Unidade. Podem fazer isso?

O olhar de Light cruzou com o de Mello, e os dois desviaram na mesma hora.

- Tem certas pessoas aqui com as quais não vale a pena tentar trabalhar, L - O loiro disse, em voz alta - Lidar com certos tipos de gente é mais difícil do que você pensa.

De fato. Imagino que seja como tentar fixar um parafuso no cimento mole. Não dá resultado - L suspirou - No entanto, se tiver paciência pra esperar o cimento endurecer pode ser que tenha um resultado diferente. Sei perfeitamente que muitos de vocês preferem trabalhar sozinhos, mas preciso que saiam da zona de conforto se quiserem evoluir. Um detetive que sabe trabalhar em equipe atinge seus objetivos mais rápido. E... ainda é capaz de fazer alguns bons amigos.

Houve um momento de silêncio mútuo, onde todos se entreolharam ao perceber que, por passar tanto tempo juntos naquela instituição, muitos haviam sim se tornado amigos. Embora outros estivessem bem longe disso.

- Você deve ter um montão de amigos, né L? - Uma garotinha, talvez uma das mais novas dali, perguntou.

Nem tantos, na verdade. Mas os que eu tenho são mais que o suficiente - O detetive respondeu, e por sua voz, notava-se que sorria - Amigos são muito importantes em momentos difíceis. Confesso que eu preferia ficar no meu quarto, onde é escuro e quieto, e onde eu posso controlar o número de pessoas a minha volta. Mas quando me permiti fazer algo diferente do que estava acostumado, percebi a importância de ter alguém que se importe por perto.

- Mesmo quando são chatos e implicantes? - Light perguntou, fazendo os que estavam na frente virarem a cabeça em sua direção.

L soltou uma risada baixa.

Mesmo quando são chatos e implicantes - Afirmou - De fato, existem coisas em nós que precisamos mudar, mas não percebemos isso até conhecermos alguém que nos diga a verdade sem medo. E acredito que essas pessoas não façam por crueldade, mas sim por quererem ver a nossa evolução.

- Não acho que seja esse o caso... - O Yagami resmungou, cruzando os braços.

Talvez você tenha razão. Mas com esse modelo de competição vocês vão aprender que conviver com outras pessoas em prol de um único objetivo em comum, significa ceder de vez em quando. Ninguém aqui é o dono da razão. Nem mesmo eu. Então, tenham paciência uns com os outros. Lidar com pessoas diferentes de nós costuma ser difícil mesmo.

Mello e Matt se entreolharam, e o loiro bufou em resposta. Engraçado L falar aquelas coisas justo naquele dia. Os dois ficaram observando Light encher o detetive de perguntas, percebendo o quanto ele mudava da água pro vinho de uma hora pra outra. Ele ria, parecia... fascinado por aquela interação com L. Nem parecia o mesmo cara de mais cedo.

Bom, acho que agora vou deixar vocês trabalharem - O detetive avisou, rindo ao ouvir as expressões de decepção - Há muito trabalho pela frente, vocês não devem perder tempo. Farei o possível para que nosso próximo encontro seja em breve.

- Poxa!

- Por que precisa ir tão cedo?

- Tchau, L!

- Até a próxima, pessoal - E desligou.

[ ... ]

Lawliet fechou o notebook, se recostando na cama do hospital e fechando os olhos um pouco. Ainda se sentia um pouco enjoado, e detestava aquela sensação. Watari tirou o notebook de seu colo, e ajeitou o lençol que o cobria.

- Podia ter adiado - Comentou, voltando a se sentar ao lado da cama - Não está em condições de-

- Minha hospitalização foi conveniente... - O detetive murmurou, tampando os olhos com o braço - Estava pensando em um plano para conseguir estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas até então não tinha conseguido pensar em algo efetivo.

- Eu poderia ter me passado por você.

- Não... Essas reuniões mensais com eles são especiais pra mim, ah... Droga... - Bastou o rapaz erguer o corpo para que Watari fosse rápido em pegar o balde ao lado da cama.

O corpo ainda estava tentando expulsar alguma coisa, mas não havia mais nada para sair. Era apenas náusea.

- Calma - O diretor tranquilizou o filho adotivo, acarinhando suas costas com a mão livre - Já saiu tudo que tinha pra sair, você vai ficar bom logo. Apenas respire.

O moreno voltou a se recostar na cama, passando as mãos pelo rosto.

- Como isso foi acontecer...? - Resmungou, odiando estar naquela situação - Eu tenho me alimentado direito, não tenho?

- Tem sim. A comida da instituição foi pensada justamente para manter corpo e mente saudáveis, não sei o que pode ter te feito mal. Eu mesmo fiz a pizza que você e os meninos comeram ontem, já que não confio muito no que vem de fora... Não entendo.

Lawliet piscou algumas vezes, pensativo. Nada chegava até si sem passar por Watari primeiro, até mesmo a comida do refeitório era separada... Será mesmo que aquela infecção repentina tinha sido por acaso?

- Talvez eu esteja errado... - O detetive murmurou, mordendo a unha do polegar - Mas por precaução, quero as imagens das câmeras de vigilância da cozinha e do corredor que leva até a sala da direção. Se alguém tiver realmente tentado algo contra mim, provavelmente sabe quem eu sou.

Watari o encarou, pondo o balde ao lado da cama de novo.

- Ninguém na instituição tem motivos pra tentar algo contra você - Contestou, preocupado com aquela possibilidade.

- Será mesmo? 

The Wammy's House Boys - LawLightOnde histórias criam vida. Descubra agora