Apologies and Suspects

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Na manhã do dia seguinte, os resultados do exame de sangue de Lawliet saíram. E para a surpresa dos médicos, mas não para a dele, o diagnóstico de infecção intestinal grave estava errado. Foi encontrado Xarope de Ipeca (Cephaelis/Ipeca ipecacuanha ou C.acuminata) em sua corrente sanguínea. Se tratava do mais rápido agente emético conhecido, que graças à presença de alcalóides isoquinolínicos, em especial a Emetina, causava vômitos. Seu uso normalmente devia ser feito sob acompanhamento médico por poder provocar vômitos hemorrágicos, e só era utilizado como ferramenta em casos críticos quando era crucial que o paciente vomitasse.

Como sempre, a dedução do detetive estava correta. Tinha alguém por trás daquilo.

- Tem alguma forma de sabermos quando exatamente isso entrou no meu corpo? - Ele perguntou ao médico responsável, sentado na cama em sua posição de costume.

- Bom, não exatamente - O doutor respondeu, em pé ao lado da cama com os resultados em mãos - Mas encontramos resquícios na sua urina também, então pode ser que tenha sido ingerido através de algum líquido entre a noite anterior ao mal estar e a manhã em que tudo aconteceu. É o mais provável.

- Eu só bebo água, chá e café... - O rapaz murmurou, mordendo a unha do polegar - Chá e café apenas na presença de Watari e Roger, e a água... Bom, a garrafa está sempre lacrada quando é entregue a mim diariamente, não é, Watari?

- Sim - Watari confirmou - Os engradados são comprados por mim pessoalmente, e você bebe, com muita dificuldade, duas garrafas por dia - O detetive o encarou de cara feia - Não olhe assim pra mim.

- Um litro é o suficiente.

- Não, não é.

- Ele tem razão - O médico concordou com o diretor, fazendo o mais novo suspirar ao ser refutado por um profissional de saúde - Por isso você ficou desidratado tão rápido, e agora precisa dessa bolsa de soro.

Lawliet olhou para a bolsa que levava soro até sua veia pelo acesso em seu braço.

- Justo - Resmungou, voltando a encarar o nada - Terminei de beber a primeira garrafa do dia no almoço, por volta de 13:15 da tarde. Então peguei a segunda garrafa com Watari, e passei o dia com ela. Os únicos lugares onde deixei a garrafa e me ausentei por um momento foram a biblioteca e o meu quarto. Isso diminui a lista de suspeitos pra quatro. Mello, Near, Matt e...

A mente do detetive deu um solavanco. Mello e Matt não tinham motivos para aquilo. Near, muito menos, afinal nem era tão próximo de si. Mas a última pessoa...

- Doutor - Watari chamou o médico, interrompendo a linha de raciocínio do filho adotivo - Poderia nos dar um minuto? Eu o chamarei, se for necessário.

- Ah, certo - O doutor respondeu, fazendo uma breve mesura - Vou agilizar a questão da alta dele.

- Obrigado - O diretor agradeceu, acompanhando o homem até a porta.

O quarto ficou silencioso até que a porta se fechasse, mas os dois sabiam o que estavam pensando. Era uma questão de lógica, e a possibilidade não era totalmente absurda, embora Lawliet não quisesse acreditar no que se passava por sua mente.

- Light Yagami... - Murmurou para si mesmo - Por que você faria isso?

- Não tem como ter sido ele - Watari contestou, voltando para perto da cama - Como ele faria isso? Todos os pertences deles foram revistados quando ele chegou na instituição e não havia nenhum xarope com ele. Sem falar que ele não saiu da instituição nenhuma vez desde que chegou.

- Ouvindo você falar assim, sinto que não quer que eu esteja certo.

- E não quero. Eu vi aquele garoto desesperado de verdade ontem. Não consigo acreditar que tenha sido tudo fingimento.

The Wammy's House Boys - LawLightOnde histórias criam vida. Descubra agora