Escolhas

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Volto para o bar e estou ofegante, sentindo palpitações, suando frio, tento puxar o ar mas não estou conseguindo respirar direito, caio no chão, ouço meus batimentos cardíacos nos meus ouvidos. O que é isso? O que é isso? Me deito no chão gelado tentando me acalmar e aos poucos tudo vai voltando ao seu devido lugar.

Sei muito bem o que é isso, é medo, medo de alguma forma eles conseguirem me envolver nisso e acabar sobrando pra mim. Ou pior, pra ela. Mas isso seria difícil de acontecer, todos gostam da Mabi, ninguém iria acusá-la de nada e além do mais ela acabou de chegar na cidade, já eu? Sempre fui o cara mal, ninguém me dá nem a chance de me conhecer, saber que eu jamais faria uma coisa dessas.

Tento afastar os pensamentos paranóicos e começo a me ocupar trabalhando, organizando as coisas por aqui. Desço até o porão para pegar alguns produtos mas noto que tem algumas coisas fora do lugar. Além de deixar isso aqui aberto, Nathan ainda bagunça tudo, vou ter mesmo que falar com ele mais tarde.

Quando volto para cima pela passagem do meu escritório levo um susto porque Mabi está aqui parada, fecho a porta que leva até o porão.

— Hey, gatinha, o que está fazendo aqui?

— Eu estava te procurando. Por que você saiu da parede?

— Aah aquilo? Hummm... aquilo era um atalho para o depósito. — digo.

— Sei. — responde ela e eu viro para olhar em seus olhos então noto, aquilo é desconfiança? Isso não pode ser sério.

— Dúvida? Veja você mesma, vá até lá embaixo. — falo sem um pingo de paciência abrindo a porta de novo para ela ir até ver com os próprios olhos. Mas que caralho, então não era paranóia?

— Não, confio em você. — responde ela, mas nitidamente não confia tanto quanto diz.

— Ótimo. — respondo fechando a porta e voltando para o bar.

— Olha, eu posso voltar mais tarde se estiver ocupado.

— Sim, Mabi, seria ótimo se você voltasse no horário de expediente estou meio ocupado agora.

— Tudo bem, desculpe. — diz ela em voz baixa andando em direção a saída.

Merda, eu não deveria ter falado assim com ela, não posso descontar meu estresse nas pessoas, principalmente nela e me arrependo imediatamente por ter sido rude.

Ela vai até a saída, e eu a sigo fechando a porta antes que ela possa sair, ela se vira para olhar pra mim com seus olhos castanhos.

— Hey, probleminha, me desculpe, eu só estou com a cabeça quente por causa do bar e da última vez que rolou alguma coisa com crime nessa cidade eu fui acusado — digo sincero — Não quero que isso aconteça de novo, só estava com medo, me desculpe se te tratei de maneira rude ou grosseira.

— Tudo bem, eu não tinha que ter vindo aqui sem avisar, eu estou sem a chave da casa da Jessy e ela está com os pais do Richy e eu não quero ser mais inconveniente, — sinto uma pontada no peito quando ela diz isso — Pode me ajudar?

— É claro, está aqui — entrego a chave para ela — Está tudo bem? Achei que estivesse com o hacker. — por que toda vez eu trago esse cara pra nossa conversa?

— Não, não estou. Obrigada, eu vou ir para casa.

— Eu falei sério.

— Sobre o quê?

— Olha, agora estou meio ocupado, mas volte mais tarde, vou organizar as coisas para passar um tempo com você quando vier e não trabalhando, pode ser?

Quebrados - (versão do Phil) Onde histórias criam vida. Descubra agora