Propósito

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Coloco a mão esquerda no ombro direito mas ela não para de tremer, encosto onde está queimando de dor e minha mão sai cheia de sangue tremendo ainda mais. O sangue começa a escorrer pelo meu pescoço e a dor é dilacerante.

Maria se joga no chão, próxima a mim e tenta segurar a ferida, as mãos dela tremem e ficam sujas de sangue também. Consigo colocar minha mão em cima da mão dela, tento dizer que tem alguém na casa.

— Mabi... — consigo dizer.

— Eu não atirei em você, eu juro, eu juro, me desculpe, por favor, me desculpe Phil... — diz ela desesperada.

Então o homem se aproxima e bate em Maria a fazendo desmaiar, e depois se agacha em minha direção. Ele aperta meu pescoço com força enquanto me encara.

— Você serviu o seu propósito direitinho, muito obrigado, agora você vai morrer aqui, vai sangrar até a morte — ele se abaixa mais e coloca o dedo no buraco da bala me fazendo berrar de dor e deixa o seu rosto tão próximo ao meu que sinto seu hálito quente. — E sozinho, e se viver, vai para a cadeia e vai ficar lá o resto da sua vida, agora ela é minha. — ele tira a mão do meu ombro e se levanta.

Me sinto cada vez mais fraco, minhas pálpebras começam a pesar, mas consigo ver ele pegando Mabi no colo e a levando embora.

— Maria... — digo, mas minha voz sai baixa.

Mesmo com dor, fraco e perdendo muito sangue, me viro no ombro que ainda me resta e tento me levantar para impedir que ele a leve, mas o máximo que consigo é me arrastar sujando o chão de sangue.

Sinto como se tivesse que tomar uma decisão, lutar pela minha vida ou simplesmente desistir, e por um momento eu penso em desistir, quando os meus olhos resistem em abrir, lembro de Maria sendo golpeada e levada, não posso ficar aqui parado enquanto um maluco está com ela sozinho por aí.

Então ouço passos novamente, alguém encosta a mão quente em meu pescoço sentindo minha pulsação.

— Aí meu Deus, Phil? — ouço a voz — Phil, sou eu o Brad, vou no bar as vezes, moro aqui do lado. Eu vou ligar pra emergência. Fique acordado. — diz ele. E esta é a última coisa que ouço antes de apagar completamente.

Quando acordo em um quarto de hospital com Jessy na cadeira com os olhos e o nariz vermelhos.

— Phil! — ela se levanto em um salto vindo até a cama —  Graças a Deus você acordou! — mais lágrimas saem dos meus olhos.

Olho ao redor, estou em um quarto típico de hospital e vejo que já está de dia, estou usando aquele avental e meu ombro está enfaixado, e a dor é quase imperceptível, meu antebraço está em uma tipoia.

— Cadê a Mabi? — pergunto.

— Eu vou chamar um médico. — diz ela saindo me deixando sozinho e volta pouco depois com o que acredito ser meu médico e Alan Bloomgate.

— Olá, Phil, sou o dr. Burns, como se sente? — pergunta ele.

— Eu não sei, meio zonzo, enjoado.

— Seu ombro está doendo?

— Suportável. — respondo.

— Você levou um tiro no ombro, felizmente a bala saiu, não pegou em nenhum ligamento, você apenas perdeu muito sangue. Mantenha o braço com o mínimo esforço possível, que você vai ficar bem.

— Se lembra do que aconteceu? — pergunta Alan.

— Maria, ela foi levada por alguém.

— Você viu quem a levou?

Quebrados - (versão do Phil) Onde histórias criam vida. Descubra agora