Ex presidiário

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Acordo em um estalo, saltando da cama com o barulho da cela sendo fechada, abro os olhos mas estou na minha cama, na minha casa, respiro aliviado e fecho os olhos voltando a relaxar, está frio mas dormi com as janelas abertas e a porta do quarto aberta também, a sensação de estar em um lugar com 6 metros quadrados ainda paira sob mim e não me acostumei a ser uma homem livre depois de duas semanas terríveis na Penitenciária Maydol.

Sei que parece que foi pouco tempo, mas para mim foi tempo mais do que suficiente para saber que nunca mais quero sequer passar perto daquele lugar de novo. Toda a vez que fecho os olhos me sinto inseguro e sozinho, pessoas olhando torto pra você, nunca saber se vai acordar vivo no outro dia porque um cara colocou uma faca feita da escova de dentes dele em seu pescoço só para conseguir um cigarro, ameaças sem nenhuma razão a sua família, e outras dizendo que alguém iria "cuidar" de você. Ainda bem que muitas dessas coisas foram só ameaças ao vento, mas a insegurança, o coração disparado, mãos tremendo, ansiedade, raiva, te transformam em alguém que você não reconhece.

Estar preso já é uma merda, estar preso por algo que você não fez é mil vezes pior porque ninguém acredita em você, todos debocham de você, e você se torna só mais um número lá dentro. Não tinham muitos presos em Maydol, Duskwood não é uma cidade com muitas emoções, mas presos perigosos de cidades próximas ficam lá.

Também não fui nenhum santo, claro que troquei alguns socos e fiquei em isolamento alguns dias, mas não ia ficar parado vivendo com medo de alguns daqueles filhos da puta me atacarem.

Eu fui solto imediatamente depois que Richy, o chefe da minha irmã Jessy foi acusado de ter sequestrado a Hannah, aparentemente ela matou alguém há dez anos. Sempre soube que os amigos da Jessy não gostavam de mim, mas me acusar de um crime? Eles me odeiam tanto assim?

Assim que pisei os pés pra fora da prisão liguei pra Amber, eu tinha que me sentir eu mesmo de novo, então chamei minha garçonete para vir aqui e ter um pouco de prazer na vida, agora ela está deitada sob mim apenas usando calcinha, é uma ótima visão, confesso.

Me levanto saindo do quarto, não estou nem aí se ela acordar, ela me conhece e sabe nosso esquema, nada de compromisso, então tomo um banho e me arrumo ansioso para voltar pro Aurora que ficou fechado os dias que fiquei "fora".

— Amber — falo alto para que ela acorde — Amber, eu estou saindo feche tudo quando sair.

— Você não quer café da manhã? — me pergunta ela sonolenta.

— Você sabe que não. Só feche tudo. — não olho para ela quando saio. Apenas vou em direção ao meu bar.

Abro a porta do Aurora e é como se nada tivesse mudado, está tudo limpo e organizado, ainda são dez da manhã, pego alguns papéis no escritório e os levo até o balcão os organizando, claro que vamos reabrir hoje à noite e estou muito ansioso pra isso, pra minha vida voltar ao normal. Depois de duas semanas fechado tenho um grande prejuízo, ainda bem que tenho poupado pra emergências, então até que estamos bem.

Depois de algumas horas a porta se abre e vejo meu melhor amigo entrando sorrindo por ela, ele vem até mim como se tivesse me visto ontem.

— E aí. — diz Nathan acenando com a cabeça.

— E aí, Nate. — respondo.

— Vamos abrir hoje a noite?

— Uma hora mais cedo. Avise a todos. Primeira rodada grátis.

— É disso que eu tô falando. — ele morde o lábio tentando conter o sorriso e ergue a mão em um sinal de toca aqui e nós batemos as mãos como dois ridículos. — Bem-vindo de volta, cara.

Quebrados - (versão do Phil) Onde histórias criam vida. Descubra agora