Na noite seguinte levo Maria comigo ao bar, deixo ela sentada no balcão comendo batatas fritas enquanto vou no escritório resolver algumas coisas e depois vou passar no porão pegar algumas bebidas. Ela se deu bem com todos, Amber não fez muita questão, mas elas estão bem, então acho que não tem problema deixá-la sozinha por um tempo.
Quando volto para o bar, está super lotado, a música está alta, pessoas estão rindo, se divertindo para todo lado e simplesmente não sei o que está acontecendo. Bebidas e mais bebidas estão sendo servidas, o chão está pegajoso porque com certeza derrubaram cerveja aqui.
Ash está conversando com um grupo de clientes, Nate jogando dardos com outros, Amber está servindo uma mesa, o balcão está lotado e quando olho para lá, vejo que Maria está atendendo e servindo as bebidas e os pedidos. Ela está linda, suada, tirou a jaqueta e está usando uma regata preta com os cabelos soltos colando na pele, está com várias notas de dinheiro na mão. Me aproximo um pouco da comoção.
— Ok, ok, você tem razão, então bebidas grátis pra você. — ouço Maria dizer.
— Isso! — comemora o homem.
— Isso não é justo. — outro homem bate na mesa — E quem é você pra dar bebidas grátis, garçonete? — reclama o perdedor de alguma aposta que ainda não descobri qual foi, mas noto que é Zac, um bom e velho cliente.
— Eu sou a dona. — diz ela com um sorriso de lado.
— A dona? Isso não é verdade, eu conheço o Phil. — diz ele, e Maria se debruça um pouco em cima do balcão chegando mais perto dele e sorri.
— Sou a dona do dono. — ela fala e volta a ficar de pé enquanto o outro cara bate no balcão gritando animado junto com os outros. — Bebida grátis para o Jeremy! — grita enquanto ergue o braço direito com vodca e joga o líquido direto na boca dele.
Dou a volto pelo balcão a puxando pela mão pra um canto mais afastado, ela deixa a garrafa de lado, eu a pego pela cintura a puxando para cima enquanto ela coloca as pernas ao redor de mim e segura os meus ombros, encosto suas costas na parede.
— A dona do dono? — pergunto mordendo o lábio inferior tentando conter tudo o que estou sentindo neste momento.
— Não finja que não sabe que eu sou, amor. — ela responde com os lábios quase encostados nos meus.
— Eu te amo, Maria. — falo colocando uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha.
— Nós só tivemos um encontro e você já diz que me ama? — brinca ela sorrindo.
— Eu não preciso de mais nenhum encontro pra saber e ter certeza de que eu amo você.
— Também amo você, Phil... — diz ela sussurrando e então me beija.
— Não fala isso — digo encostando minha testa na dela — Por favor, não diga mais isso se não tem certeza de que vai ficar, ficar comigo, bem aqui.
— E pra onde mais eu iria, meu barman? — ela ri.
Existem momentos na vida quando percebemos exatamente o que queremos, e este é um desses momentos, foi quando eu percebi que vou me casar com essa mulher.
— Eu não deveria ficar com meu chefe. — fala descendo do meu colo. — As pessoas podem comentar.
— Deixa que falem. — sorrio e a beijo de novo.
Voltamos para o balcão, começamos a atender os clientes e ela leva muito jeito pra isso, é muito bom vê-la feliz, se divertindo, se distraindo, vivendo e seguindo em frente, e eu também.
**********
Alguns meses se passam, Maria e eu estamos quase há um ano juntos, e todos os dias com ela foram incríveis, dois traumatizados juntos, cada um acordando a noite por causa dos seus pesadelos, medos, lembranças, ela me acalmando, me abraçando até eu voltar a dormir, dizendo que vai ficar tudo bem. Ou ela chorando, se assustando tão facilmente, e eu a acalmando.
Agora ela está na livraria que acabou comprando, achei a cara dela, mas ela anda meio inquieta e não me diz o que está acontecendo, pra falar a verdade eu também não perguntei, tenho medo do que ela possa responder.
Estou caminhando na cidade com Nate, e paramos na frente de uma vitrine e começo a observar.
— Você anda meio quieto sobre a abertura do segundo bar, este era seu sonho, não é?
— Acho que vamos adiar isso um pouco mais. — respondo tragando o cigarro e jogando no chão amassando e apagando.
— Ainda estamos sem grana?
— Mais ou menos.
— O que isso quer dizer?
— Eu vou precisar fazer um empréstimo do bar.
— Você sabe que é o dono, né? Não precisa fazer empréstimo já que o dinheiro é seu. — ele ri. — Por que precisa de tanta grana?
— Pra isso. — aponto para a vitrine.
— O quê? — ele arqueia a sobrancelha.
— O anel, seu burro. — seguro a cabeça dele e a viro para o anel que eu escolhi.
— Caralho, você vai se casar?
— Se ela aceitar, sim.
— Esse anel custa o mesmo valor do meu carro, se ele fosse novo.
— Acha que ela vai gostar?
— Eu não entendo muito disso, mas acho que sim. Fico feliz por você. — ele me dá um tapinha nas costas.
— Obrigado.
— E eu tenho uma ideia, sobre dinheiro e o bar.
— Fala aí.
— Cara, você é o meu chefe, me paga muito bem, você pode fazer o que bem entender com o dinheiro que recebe do bar, abrir outro bar ou gastar com um anel, ou qualquer outra coisa, mas eu meio que tenho uma ideia.
— Que ideia?
— Eu posso te dar o dinheiro para entrar como sócio no bar que vai se chamar Aurora ou não, você ainda não definiu isso, mas...
— Como é que é? — respondo incrédulo — Está me dizendo que você guardou dinheiro por todo esse tempo?
— Sim. — Nate da de ombros.
— Estou orgulhoso de você, Nate, mesmo que eu não gastasse o dinheiro, seria ótimo ter você como sócio, você cresceu muito desde que te conheci, mostrou muita responsabilidade, sempre contei com você, confio em você, vamos conversar melhor sobre isso.
— Sério? Você vai me dar uma chance?
— Claro que sim.
— Obrigado, mano. Vem vamos entrar e comprar este anel pra sua garota. — ele abre a porta da joalheria e nós entramos.
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Quebrados - (versão do Phil)
Hayran KurguA versão do ponto de vista do Phil Hawkins da história Problemas em Duskwood, então leia ela primeiro e depois leia esta ;)