Crime

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Chego ao bar um pouco depois das duas da tarde, entro pelo porão que é onde fica o nosso estoque e noto que ele está destrancado, aberto para qualquer um que quisesse entrar não teria nenhuma dificuldade. Mas que merda, Nathan.

Gosto de ficar aqui no bar quando não tem ninguém, me concentro melhor, organizo as coisas, o Aurora é um sonho realizado que eu nem sabia que tinha, então mesmo que não tenha nada pra fazer, eu venho aqui.

Já fiquei no escritório, nas mesas do bar e agora estou no balcão, minha cabeça dói um pouco por causa do meu cabelo que prendi muito apertado, quando o arrumo para ficar mais solto, tenho um flashback de quando estava na cadeia e um outro preso me agarrou pelos cabelos para me agredir e eu acabei espancando ele fazendo com que eu fosse para o isolamento mais uma vez, mas afasto esse pensamento.

Me levanto indo até o escritório pegar um relatório de gastos e quando volto me deparo com uma pessoa com cabelos longos e castanhos olhando ao redor, ela não me ouve chegar e acaba trombando em mim o que me faz sorrir.

— Está caçando problemas? — pergunto.

— Não, só você. — responde Mabi sorrindo de volta.

— Você me achou, com o que eu posso te ajudar? — penso se ela quer terminar o que começamos ontem à noite, aponto para que ela se sente na banqueta enquanto eu fico atrás do balcão.

— É que eu não tenho nada pra fazer. — confessa ela.

— Então você decidiu vir até aqui, probleminha? O que tem em mente?

— Você está muito ocupado agora?

— Depende...

— Bom, você sabe todo esse lance do sequestro, homem sem rosto, coisas assustadoras que envolveram a floresta, não é?

— Sei, e o que tem?

— Eu queria muito dar uma olhada, uma volta na floresta.

— Sério? Você não tem medo? — abaixo a minha voz como se estivesse contando uma história de terror.

— Sim, sério e não, eu não tenho medo, por que eu teria?

— Eu tenho que fazer isso. — mostro os papéis em cima do balcão —  Não sei se é uma boa ideia irmos lá e tenho ideias bem mais interessantes pra fazer com você, nós nem precisamos sair daqui, pode até ser aqui mesmo neste balcão.

— Phil! Por favor? — pede ela e eu quase pulo por cima deste balcão para a beijar com essa carinha linda.

— E se a gente se perder? — pergunto e ela revira os olhos, ela ainda vai me matar — Ok — acabo cedendo — Vamos dar uma volta na floresta,  podemos fazer essas mesmas coisas lá também. — pego meus óculos escuros e minha jaqueta sorrindo pra ela que me dá um tapa de leve no braço.

Tranco tudo e nós seguimos rumo a floresta, acendo um cigarro enquanto caminhamos lado a lado, está um pouco frio e chuvoso agora ela coloca o capuz, linda.

— Este casaco que está por baixo da sua jaqueta, por acaso é meu? — pergunto.

—  Era seu você quis dizer. — brinca.

— Você fica linda nele, considere um presente.

— Ora, obrigada. — ela sorri. — Então como foi ser preso?

— É uma merda ser acusado de algo que não fez, eu me senti um lixo e agora me sinto vulnerável, como se fosse acontecer de novo e detesto me sentir assim. — respondo.

— Eu sinto muito.

— Está tudo bem, você me salvou.

— Não diria que é pra tanto.

Quebrados - (versão do Phil) Onde histórias criam vida. Descubra agora