Sete Minutos no Paraíso_Parte 1

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Sete minutos no paraíso 

Parte 1

Quando a dor física se torna tão dolorida quanto a dor da mente?

Fito meu reflexo distante na água, eu sei que vai doer, na verdade, eu quero que doa, quero que doa ao ponto de me fazer pensar somente nessa dor.

Eu preciso que doa.

—Vamos, Jam. Coragem. Você já fez isso tantas vezes, agora é só um pouco mais alto –Falo tentando juntar a coragem certa.

Odeio esse lado Covarde.

Meu queixo treme com o vento que traz um frio rigoroso, ninguém vai achar meu corpo depois que congelar. Sorri ao constatar a ideia mórbida. Eu nunca fui boa nisso, mas hoje é diferente, eu sei que vai dar certo e isso me assusta, porque eu sei que não haverá ambulância ou socorro, somente meu corpo quebrado embaixo da água fria de Seattle.

Chegou a hora.

Vamos deixar tudo quite.

Inclino meu corpo mais uma vez na cerca de cimento, me forçando a subir e ficar de pé diante do lago logo abaixo de mim, não tinha muito espaço, mas não precisaria me equilibrar ali por muito mais tempo.

Está na hora.

Respiro fundo deixando meu corpo pesar para frente e a leveza do ar abraçar meu corpo em queda.

...

Abro os olhos sentindo minha cabeça doer, pisco um pouco pelo quarto escuro.

Estou no hospital?

Suspiro alto com a ideia de não ter conseguido, então ouço um gemido manhoso ao lado e me assusto, arregalando os olhos quando vi as costas nuas de uma mulher, loira, deitada ao meu lado.

Estava de bruços, tendo apenas sua bunda coberta por um lençol. Os cabelos loiros tapavam sua face, sua pele era branca como porcelana e ela parecia dormir serenamente.

Onde raios eu estou?

Antes que eu pudesse pensar em algo mais o som do despertador ecoa me assustando novamente, procuro pelo aparelho um pouco incerta com o novo lugar, mas antes que eu pudesse achá-lo a garota acorda, se sentando e puxando o lençol para cobrir seu corpo, desligando o aparelho ao seu lado e seguindo para o banheiro em passos preguiçosos.

O que eu faço?

Minhas mãos tremiam de nervoso, olhei para os cantos tentando achar alguma resposta para minha confusão interna, o que achei só tornou tudo ainda mais confuso. Me levantei em um salto, percebendo minha nudez e vestindo minhas roupas jogadas pelo quarto. Quando abotoei o último botão da camisa a garota sai do banheiro e quase caio para trás com a visão.

Billie Eilish?

O qu...

QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO?

—Já vai? –Questiona com sua voz rouca e sinto meu coração quase sair pela boca.

—Billie? –Ela ergue uma sobrancelha –É você?

—O que você tem? –Se aproxima e dou um passo para trás –Amor, está tudo bem?

—Amor?

—Bebeu?

—Eu... quer dizer. O...

Droga, o que eu tenho que perguntar? São tantas dúvidas.

Como vim parar aqui? O que aconteceu? Porque ela está me chamando de amor?

Fuga de clichês, Short fics Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora