Saga: Os Elementares

1° Capítulo

Ela comprimiu seus lábios sentindo o gosto metálico do sangue espalhando-se pela sua boca e o cuspiu no gramado em frente aos seus pés. Seu corpo estava curvado, suas mãos estavam sob seus joelhos enquanto observava atentamente sua adversária naquele campo empoeirado, ela esboçou um sorriso ladino já levando sua destra até sua cintura e retirando sua espada da sua proteção em um rápido movimento.

Segurou firmemente no punhal enquanto a colocou em frente ao seu corpo como um convite para dar continuidade ao combate, deu rápidos passos em direção a jovem, desferindo golpes sem que a garota em sua frente tivesse oportunidade de revidar e logo conseguiu o que queria, acertou em cheio o antebraço da menor que o colocou na frente por impulso na tentativa de se proteger.

A garota dos curtos cabelos loiros dobrou seu braço em direção á suas costas já retirando sua espada de bronze da bainha e apontou a mesma na direção de sua inimiga momentânea. As duas dançavam com suas espadas em rápidos movimentos que causavam faíscas pelas lâminas que deslizavam uma pela outra, ambas eram boas com seus instrumentos de guerra, mas eram traiçoeiras quando percebiam uma possível derrota, então Aurora recebeu um chute em seu punho que derrubaria sua espada para longe e ergueu a sobrancelha direita percebendo tal ousadia de sua “inimiga”.

Muitos homens que estavam rodeando as garotas se olhavam espantados com a ousadia da loira em não tomar cuidado com suas ações contra a campeã de todas as batalhas daquele campo. Era apenas diversão para aqueles que nasceram com o dom para se tornarem grandiosos um dia, ou, fazerem parte de algo relativamente grande.

Eles temiam a garota dos longos cabelos pretos por conta de seu temperamento, ela era uma bomba-rélogio, uma caixinha de surpresas agraciada pelas suas linhagens. Alguns dos muitos homens erguiam suas mãos para cima na torcida para que aquele embate continuasse até alguém cair machucado no chão ou solicitar uma bandeira branca como sinal de rendição.

Esmeralda teve seus olhos azuis invadidos pelas chamas alaranjadas de seus poderes. Faíscas iriam surgindo na ponta de seus dedos que se intensificavam á medida que os gritos das pessoas que as rodeavam aumentavam, ansiosos pelo fim de um combate que começou com socos receosos por serem conhecidas á longa data. Chamas intensas dominavam as mãos da garota que as ergueu rapidamente acertando a espada de bronze da jovem loira aflita que fechou seus olhos recebendo o golpe e os abriu assim que percebeu sua espada se desfazendo, derretendo por completo e causando uma leve queimadura em sua canhota pela demora a soltar sua arma branca.

— Desde quando se tornou tão apelativa? — os olhos acinzentados da garota encararam sua amiga que sorriu vitoriosa e com um pouco de cinismo estampado em sua face.

— Desde quando me desarmam e esperem que eu fique esperando ser morta. — deslizou seu braço esquerdo pelos lábios manchados de sangue e ergueu sua destra, tendo sua espada de volta em suas mãos ao usar sua nova habilidade recém descoberta, que não funcionaria no momento de luta já que iriam aproveitar de sua distração e sua baixa-guarda para lhe golpearem.

— Você trapaceou — resmungou sua amiga enquanto caminhava em sua direção.

— Pare de choramingar porquê perdeu — advertiu a mais velha guardando sua espada na bainha de sua cintura.

— Estaria ferrada se eu tivesse usado meus poderes — continuou a mais nova a choramingar. — sorte sua que eu não sei controlá-los ainda.

— Seja mais humilde e aceite sua derrota, quem sabe numa próxima você não me vença. — as duas sorriram uma para outra mesmo se implicando e se cumprimentaram em forma de respeito.

Esmeralda percebeu um movimento estranho na praça do centro de sua aldeia, muitas pessoas que estavam assistindo ao combate dos agraciados elementais se locomoveram para a rua da frente onde havia uma multidão de trabalhadores. Ela olhou para a sua amiga não entendendo o que estava acontecendo, apressou seus passos em direção á toda aquela agitação repentina sem um motivo relativamente importante e se misturou dentro do aglomerado de camponeses, tendo seu corpo empurrado de um lado para o outro até finalmente estar na frente.