Obsession

Capítulo 15

Ao adentrar sua sala, Janja deparou-se com diversos papéis espalhados pela mesa.

Recordando-se de ter deixado tudo em ordem antes de sair, ela se aproximou para recolhê-los.

Rapidamente identificou que se tratavam de currículos e iniciou a leitura.

Um currículo em particular se destacava, de uma certa 'Neudi'. Ao terminar de ler, escutou batidas na porta.

O Sr. Monteiro, chamando-a de "Srta. Silva", entrou na sala após ser convidado. "É exatamente sobre isso que vim falar", disse ele, apontando para os papéis que segurava.

"Isso seria minha pergunta!" ela exclamou, provocando risadas.

"Como você deve ter percebido, este é o currículo de uma jovem que foi entregue ontem à assistente," disse ele, e imediatamente a loira sorriu amplamente.

"Ela virá aqui para uma entrevista com você. Não é obrigatório aceitá-la, é apenas uma entrevista, e você tem todo o direito de preferir outra pessoa," explicou Monteiro, mas não pôde conter o riso ao ver a expressão de pura alegria da nova editora, que movia os braços e as pernas tentando disfarçar sua excitação com a notícia.

"Muito obrigada, Senhor. Quando ela virá?" perguntou ela, e então ele olhou para o seu relógio de pulso.

"Bem, acho que ela já deve estar aqui."

"O quê?" ela indagou, sentindo-se ainda mais ansiosa.

"Sim, espere um pouco," pediu ele, saindo da sala.

Assim que saiu, Janja olhou para os lados, deu um passo para frente, outro para trás, e decidiu que a melhor decisão era sentar-se em sua cadeira.

Fez isso e começou a ler cada palavra do currículo até ser interrompida por batidas na porta que fizeram seu coração disparar.

"Entre!" disse ela, tentando transmitir segurança e firmeza na voz, mas foi difícil esconder a felicidade subjacente.

"Olá, Srta. Silva," disse a moça ao entrar na sala, com as mãos unidas à frente do corpo. Aos olhos de Janja, ela era absolutamente encantadora.

"Olá, Neudi," respondeu Janja, levantando-se rapidamente para indicar a cadeira à frente. "Por favor, sente-se," convidou, e Neudi o fez, sentando-se educadamente com um sorriso no rosto.

"Não sei se você está ciente, mas sou nova como editora. Há algum tempo, eu estava exatamente na sua posição, e sei que o que aconteceu comigo foi um milagre. Eu..." Ela suspirou, olhando para o próprio currículo. "Não tinha nada de especial," enfatizou, enquanto a outra absorvia cada palavra que ela dizia.

"Tenho certeza de que havia algo especial, senhorita. Caso contrário, não estaria aqui," respondeu a outra, assegurando-a com um sorriso.

Neudi era a pessoa mais gentil e ao mesmo tempo a mais honesta que se podia conhecer. Se ela sentisse que precisava dizer algo, faria isso sem hesitar e sem arrependimentos.

"Obrigada," ela murmurou em resposta.

"Bem, você tem alguma referência de trabalho? De qual universidade você se formou? Conte-me um pouco sobre sua vida."

"Bem, sou do Rio, onde fiz minha graduação em Letras numa universidade pública," explicou ela, com uma voz calma e doce.

"Entretanto, acabei me voltando para o jornalismo e trabalhei como editora no jornal da escola. Foi minha única experiência de trabalho na área, mas posso assegurar que o jornal era muito popular naquela época; eles apreciavam bastante meu trabalho," Janja afirmou com um sorriso.