Capítulo 23

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Os bares de União da Vitória são sempre muito animados e lotados, portanto, a escolha de Janja para levar Luiz hoje era um tanto inusitada. Ela apostava que ele nunca sequer pensou em adentrar um local como o que estavam indo.

O Round-up Saloon é um bar com uma enorme pista de dança, e sua diferença está no público frequentador.

"Você está me deixando curioso, Janja!" Luiz disse, com os olhos tampados enquanto adentravam o local.

"Espero que goste!" Sorrindo, Janja tirou as mãos dos olhos de Luiz e deu um passo para frente, para que pudesse observar a reação do homem.

Num primeiro momento, Luiz arqueou a sobrancelha enquanto passava os olhos por todo o lugar. O bar é destinado ao público LGBTQ, porém todos que adentram o local são bem-vindos. A atração do lugar, além do desfile de Drag Queens, é a dança de linha de frente, onde todos dançam country e fazem os mesmos passos. Há um bar enorme, com garrafas de bebidas do chão até o teto, além de conter mesas de sinuca e tocar todo tipo de música.

"E então, o que achou?" Janja perguntou, cruzando os braços.

"Diferente?" Ele sorriu de lado.

"Aposto que você nunca frequentou um lugar assim!" Foi a vez dela de arquear a sobrancelha, incentivando Luiz a responder sua pergunta/afirmação.

"Com toda a certeza não!"

"Ótimo, agora venha, vamos nos divertir" Ela piscou com o olho direito e puxou Luiz com a mão até estarem de frente para o bar.

Janja gostava desse lugar, pois além das ótimas bebidas, a animação a contagiava.

"O que quer fazer primeiro? Aqui tem sinuca, a pista de dança, a linha de frente ou quer ver o desfile?" Janja perguntou empolgada.

"Primeiro" Luiz segurou delicadamente o queixo de Janja, fazendo-a olhar em sua direção e não mais fixar os olhos na pista de dança. "Eu quero muito um beijo!" E, antes que ela pudesse responder, ele já acariciava sua língua com a própria, sentindo a maciez dos lábios dela e arrancando um suspiro de Janja.

"Poxa, eu jurava que ele era gay!" Quando terminaram o beijo, o barman disse, entregando-lhes mais uma rodada de bebida, o que arrancou uma gargalhada de Janja e uma feição espantada de Luiz.

"Sinto muito, Chris, este aqui é meu!" Janja piscou para os dois homens antes de ingerir o líquido de uma vez só.

"Janja, minha querida, eu duvido que ele saia daqui e continue gostando do que você tem entre as pernas!" O barman brincou mais uma vez e Janja caiu na gargalhada, mas logo ele pediu licença e foi atender outros clientes.

"Chris é um amigo! Ele só estava brincando, não se preocupe..." Janja falou suavemente, dando um selinho em Luiz, que acabou por sorrir.

A noite seguia bem descontraída. O casal já havia jogado um pouco de sinuca, se deliciado com um suculento hambúrguer, dançado algumas músicas e Janja sempre o provocava, ousando movimentos sensuais. Ela até conseguiu convencer Luiz a participar da linha de frente, ensinando-lhe os passos da dança.

Luiz observava Janja com admiração enquanto ela dançava. Os olhos dela brilhavam de felicidade, refletindo as luzes coloridas que se moviam ao ritmo da música. Ele notava cada detalhe: o sorriso radiante, a forma como ela se movia com confiança e graça, e a maneira como interagia com os outros dançarinos, como se fosse uma extensão natural de sua alegria.

Enquanto Janja ensinava os passos da dança de linha de frente, Luiz se sentia cada vez mais envolvido pela energia do lugar. A animação dela era contagiante, e ele se via sorrindo mais do que o habitual, apreciando não só a dança, mas a felicidade pura de Janja. Eles se moviam em sincronia, rindo juntos das pequenas falhas e celebrando cada acerto, tornando a experiência ainda mais especial.

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