Obsession

Capítulo 16

O café estava esfriando enquanto Luiz respirava fundo tentando criar coragem o suficiente.

As coisas eram bem mais complicadas, e ele não entendia o porque não conseguia tomar uma iniciativa. Olhou o rosto sereno de sua mulher sentada ao sofá a frente do que estava, com os cabelos molhados do recente banho, ela sempre fazia isso, deixava os cabelos secando naturalmente após o banho da manhã, em especifico o da manhã. Ela lia uma revista, enquanto mordia a ponta do lábio inferior, outra mania dela quando estava concentrada em algo.

Forçou seus lábios até o copo, bebericando o café que ela tinha feito, tinham empregados mas havia se tornado uma regra o café ser ela quem faz, estava ótimo, como sempre, mesmo já estando frio.

Luiz negou com a cabeça levemente, quando viu que a revista que ela estava vendo era a da janja, ela levantou e ele pode vê-la na capa, estonteante e completamente apaixonante. Ela não estaria lendo essa revista se soubesse da verdade, pensou, não de forma cômica, triste. Como ele disse, não conseguia se arrepender de ter feito o que fez, não por janja. Mas, de qualquer forma se sentia mal. Era como se não traísse apenas Amanda, mas sim a sí mesmo. O seu eu do passado, traía suas promessas e o seu antigo e agora inexistente amor.

Lembrou-se das frases de janja, era errado, ele sabia, ambos sabiam. Ele precisava sair dessa situação, não apenas por janja, na verdade a janja chegou para o lembrar que não valia a pena continuar num casamento falido como o seu. Fitou o rosto dela na capa da revista, e era como se pudesse ouvi-la falando para tomar alguma iniciativa. Não por ela, por si mesmo. Se ainda sobrava algum resquício de sentimentos por Amanda, precisava deixa-lá ir. Por si mesmo, pelo bem de Amanda. Ela não merecia isso, não merecia estar num casamento que não os levaria a nada, e ainda pior, que era traída diariamente, não apenas por ações, ele desaja e podia dizer, que estava apaixonado por outra mulher.

Deixou o copo com o café que ainda sobrava sobre a mesa de centro da sala. O que chamou a atenção da mulher, ela levantou os olhos até os dele.

"Está tudo bem?" Perguntou, sua voz soava preocupada, mas não passava de uma mísera atuação, nos seus olhos estavam escritos que ela não se importava, aquilo era apenas mais uma frase completamente ensaiada do seu dia à dia. Que nem ela se quer percebia.

"Não" Respondeu, a voz baixa passando-a tormento. "Amanda... Senta aqui." Apontou-a o espaço ao seu lado. "Precisamos conversar." Ela o encarou por alguns segundos, e então deixou a revista sobre a mesa e seguiu até onde ele estava, com o seu roupão cinza ainda humido. O encarou mais alguns segundos antes de se sentar, ao seu lado porém, com a postura para a frente. Sua expressão era de pura indagação.

Ele levou a mão até as dela, juntando-a em meio às suas, seus dedos escorregavam pela sua pele de forma que não faziam há tempos. O polegar desceu das costas de sua mão até o seu anelar, devagar, e passou sobre o anel que possuia um pequeno diamante, ele era bonito e de muito bom gosto. Ele subiu o olhar ao dela, tentando sorrir, um sorriso fraco. Ele abriu a mão dela, e puxou lentamente a aliança para fora. Pensando no que dizer...

"O que você está fazendo?" Perguntou com a voz embargada. Ele negou com a cabeça...

"Tentando ser corajoso. " A disse, deixando a aliança também sobre a mesa. "Acho que você já sabe..." Sua voz saiu baixa, de mais.

"Eu não consigo mais, e também não quero mais continuar como se tudo estivesse bem, quanto mais ignorarmos que nada está bem, mais brigaremos." Encarou os olhos dela profundamente vendo lágrimas se formarem em seus olhos. "Você é uma mulher que me ajudou a ser quem sou, que me ajudou a estar aqui onde estou. E eu não posso te enganar mais, não posso te obrigar a viver comigo nessa mentira."