𝟬𝟬𝟴. 𝗠𝗿. 𝗣𝗲𝗿𝗳𝗲𝗰𝘁𝗹𝘆 𝗙𝗶𝗻𝗲

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❛❛ Your brown eyes are driving me insane. ❜❜

Um alvoroço envolvia todos os fedelhos na clareira

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Um alvoroço envolvia todos os fedelhos na clareira. Após uma noite longa na fogueira, com diversas intrigas e confusões, ao que parece, no fim, Daon estava fora do meu alcance novamente. Eu queria ao menos ter um tempo para falar com ela, mas sempre que a procurava, ela estava com Gally. E é estranho pensar que se odeiam, mas na maior parte do tempo estejam juntos. Talvez eu tenha que esperar um pouco mais para obter respostas dela, ao menos, até seus ânimos se acalmarem com o loiro carrancudo. Definitivamente não quero me envolver nessa briga que tampouco é minha. Mas para minha surpresa, a vi saindo da enfermaria, e com um semblante não tão irritado, eu diria, talvez pudéssemos conversar agora. É o que espero.

— Ei — Hesitei em encostar em seu ombro, ela sim, parecia alguém mais arisca do que eu, então recuei minha mão. Seus olhos me percorreram, e ela me encarou profundamente. Eu sentia como se ela fosse chorar, mas apenas saiu do transe, acenando positivamente —, você tem um tempo agora? Não quero atrapalhar você e seu namoradinho...

— Engraçado você dizer isso, novata — Ela ri com escárnio, parecia incrédula por minha afirmação, e o apelido ao final soou como se não quisesse ser proferido por sua boca. Por que ela parecia tão hesitante? De fato ela me conhecia? — Garanto que não me ocuparei por um tempo com aquele americano. Você quer conversar sobre...

— Me conhece, não é? — A interrompo, sentindo que o ar faltaria de meus pulmões se eu não perguntasse. Porra, eu estaria morta na manhã seguinte se não descobrisse o que ela tem a dizer sobre mim. É angustiante ser sua própria incógnita. Não poderia viver assim o resto de minha vida, jamais me acostumaria com isso, tal qual os outros por aqui — Você disse meu nome, como se soubesse muito antes de mim.

Por algum motivo, senti que minhas palavras a atingiram como uma bala, rápida e precisa. Ela soltou um suspiro profundo, passando as mãos nos cabelos e indicando que eu a seguisse até próxima da construção que ela também estava responsável por cuidar, então nos sentamos em uma grande tora de madeira próxima às tábuas que sustentariam a cabana que futuramente, seria apenas das garotas, finalmente. Já se passaram duas noites e eu ainda não tinha conseguido pregar os olhos o suficiente para descansar, e inevitavelmente, sempre que abria os olhos, dava de cara com o loiro. Como sempre, me observando.

— Eu te conheci... Muito antes daqui — Ela afirmou, sentia que ela estava hesitante ao falar, como se não quisesse me dizer totalmente a verdade. Por que... Isso parecia tão doloroso à ela? Talvez se eu continuar questionando, será pior ainda para ela —, quando criança. Eu não me lembro o suficiente, mas posso afirmar que tinha uma família que te amava muito. No final, as pessoas que nos colocaram aqui, foram as mesmas que destruíram nossas famílias e nos tiraram dela. Eles te levaram quando tinha nove anos, se me lembro bem... — Novamente, hesitante. O que tanto escondia atrás desses olhos angustiados? — Depois disso provavelmente te tornaram parte deles... E agora apagaram suas memórias e te colocaram aqui, procurando testá-la.

— E por que você e... Hiro, certo? — Questionou e ela logo assente — Por que vocês dois se lembram e o resto de nós não?

— Eu não sei — Finalmente uma resposta que parecera genuína. Ela franziu o cenho, encarando o chão, até apoiar suas mãos na perna e se levantar, ela tinha bandagens enfaixando sua mão, provavelmente pelo desentendimento que tivera outra noite com Gally à fogueira —, talvez estivessem testando algo diferente, é difícil dizer. Essas pessoas, que nos colocaram aqui, podem ser imprevisíveis. Quanto mais procurar por respostas, mais difícil torna-se encontrá-las. Acredite quando eu digo que os labirintos não estão só atrás daqueles portões — Ela aponta na direção da estrutura de rochedo —, tudo aqui é um grande enigma, e cabe a nós resolver, ou então, seremos descartáveis para eles.

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Depois de uma busca incessante por diversos temperos na reserva que havia atrás das cabanas, pude perceber que a biodiversidade daqui, ainda que pareça abundante, é bastante escassa. Não tem muito que nasça naturalmente que seja comestível, só o que vem da caixa ou o que produzem, mas não há uma árvore sequer com frutos, e isso é angustiante. Estava pensando em fazer uma das carnes que chegara recentemente na caixa com molho de amora. Caçarola me deu a permissão de usar somente uma proteína na semana, e como eu havia usado o frango anteriormente, disse que essa seria meramente como forma de agradecimento, e ele supreendentemente permitiu, afirmando que daria essa brecha porque sabia à quem eu agradeceria.

Não sei de que forma ele poderia saber, nem como isso influenciaria em sua permissão ou não. De toda forma, não importava, precisava encontrar o fazendeiro e ver se conseguiria algo doce para mesclar com a suculência da carne, ainda que não fosse nenhum corte nobre e tivesse mais gordura que a proteína, ainda era carne, e nada daquelas coisas processadas que eu sinceramente esperaria que viesse daquela caixa. E logo que cheguei até o jardim, escorei-me à um pequeno toco de madeira que sustentava alguns temperos, que estavam organizadamente pendurados, então pigarreei ao ver o loiro. Não tínhamos conversado desde então, mesmo que dividamos o mesmo quarto, acho que a conversa completamente esquisita que tivemos na cozinha estivesse martelando minha cabeça o suficiente para manter-me longe dele durante esses dois dias.

— Eu disse que te procuraria — Cruzei meus braços, apertando os olhos quando ele por fim me encarou. Soltei um suspiro pesado e tombei a cabeça para o lado —, você teria alguma erva doce por aí? Qualquer coisa que tenha um sabor adocicado. Uma fruta... Não faço ideia. A cozinha está bastante escassa, e eu estou a fim de cozinhar.

— Hm, não achei que estivesse falando sério — Newt se virou em minha direção, ele estava usando luvas de jardinagem e tinha os cabelos levemente bagunçados. Seu olhar não durou muito em minha direção, já que ele olhou pro lado, encarando a pequena horta de ervas. — Tem erva doce. Manjericão. Salsa. Ah, e hortelã e sálvia também. — Ele se abaixou, puxando algumas ervas do chão, juntando-as em um pequeno montinho antes de se levantar e entregar pra mim. — As frutas ficam pra lá. Caçarola está permitindo que você cozinhe do nada?

— É por um bom motivo — Afirmei baixo encarando meus próprios pés por um instante, então levantei meu olhar a ele, caminhando em sua direção por fim, aproximando-me de seu rosto e indicando com a mão na direção da hortelã —, agora será que poderia me ver um punhado de hortelã? Não quero mexer em suas plantações — Um riso irônico tomou meus lábios —, talvez eu não seja qualificada para isso, não é mesmo?

— Não vou nem perguntar qual é o "bom motivo" — O loiro ergueu as sobrancelhas e encarou meus olhos por um instante, não se afastando mesmo com a proximidade. Ele apenas assentiu e se abaixou. — Não, acho que não. Odiaria saber que você anda estragando minhas plantações, melhor cuidar das suas panelas. — Ele puxou alguns talos de hortelã, se levantando e estendendo em minha direção, com um curto sorriso de canto.

— Obrigada, fazendeiro — Afirmei pegando o punhado de folhas em mãos e caminhei em sua direção oposta, parando no caminho e olhando-o por cima do ombro, apenas para afirmar por fim —, e que fique ciente, o motivo é você.

— Obrigada, fazendeiro — Afirmei pegando o punhado de folhas em mãos e caminhei em sua direção oposta, parando no caminho e olhando-o por cima do ombro, apenas para afirmar por fim —, e que fique ciente, o motivo é você

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𝗗𝗨𝗦𝗞 𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗗𝗔𝗪𝗡 || Maze Runner - NewtOnde histórias criam vida. Descubra agora