𝟬𝟮𝟰. 𝗔𝗾𝘂𝗲𝗹𝗲𝘀 𝗼𝗹𝗵𝗼𝘀...

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❛❛ She'd turn the rain to a rainbow
When I was living in the blue. ❜❜

ㅤ        ㅤ             ⠀𝆬   𝅄   ◌ FLASHBACK  ׄ  ۪

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ㅤ        ㅤ             ⠀𝆬   𝅄   ◌ FLASHBACK ׄ  ۪

O chão é bem gelado. É a única coisa que consigo pensar quando meus pés tocam o chão, que parece um cimento liso meio reluzente. Quando olho para os lados, não vejo nada mais do que uma visão estranhamente comum de alguns beliches simetricamente posicionados em cada um dos cantos dos quartos. Sei que deveria estar dormindo agora, mas já tem alguns dias que eu não tenho conseguido dormir muito bem.

Ao me levantar da cama, confiro se ainda estão dormindo. Quem está dormindo? Os garotos que dividem o quarto comigo são cinco, mas eu não consigo me lembrar seus nomes, acho que eles não tem nomes, quando nos chamam, se referem à nós como números, ou algum tipo de código estranho usado para nos identificar, está escrito nas nossas costas. É dolorido.

Todos continuam dormindo, o que me impressiona um pouco. O garoto que se deita na beliche ao meu lado quase sempre está acordado, ele está sempre murmurando algo consigo mesmo ou apenas olhando para o nada, não de uma maneira assustadora, ele parece pensar muito. Dizem que não devemos pensar em coisas que não são úteis, mas eu nunca consigo entender o que é útil e o que não é. O garoto tem cabelos castanhos, e olhos bem grandes - também castanhos - mas estão fechados agora. Quando abertos, estão quase sempre focados na mesma coisa.

De uns tempos pra cá, acho que ele encontrou outra coisa para focar, ou alguém. É a garota do desenho, ou melhor, a que eu acho que parece um desenho, ela é como um rascunho em uma folha de papel bem branca, e parece que quem a desenhou usou muita força no lápis. Ela tem cílios bem grandes e anda com o homem rato. O garoto olha pra ela quando ela passa. Sempre.

Eu não sei porquê ela não fica com a gente, mas deve ter um bom motivo. Como também deve ter um bom motivo para a porta estar aberta, sempre está trancada.

Quando eu saio, também estranho não ter ninguém no corredor. As luzes apagadas também são algo incomum, deve ter algo de muito errado acontecendo hoje. Franzo o cenho e olho de um lado para o outro antes de sair, e só então consigo ouvir um som bem pesado, algo que não ouço a muito tempo. É o som de chuva, mais precisamente de um relâmpago cortando o céu com muita fúria. O mundo está em fúria. Se algum ser divino existe ou já existiu, ele deve ter se enfurecido muito conosco pra ter alastrado o mundo de desgraça como fez. Minha mãe dizia que se o Sol não engolisse nosso mundo, o ser humano daria um jeito de engolir.

E aconteceu mesmo.

Começo a andar pelo corredor calmamente, não escuto ninguém andando por aqui nesse momento. E se a porta do meu quarto está aberta, sei que a porta de outro quarto estará também. Ela odeia tempestades. Coço a nuca e sinto minhas bochechas esquentarem quando me recordo da última vez que choveu, muitos meses atrás. Nós ainda estávamos no mesmo quarto, quando aparentemente não era um problema meninos e meninas estarem perto demais uns dos outros, e ela só dormiu depois que eu segurei em sua mão. Levamos um sermão muito grande pela manhã, a médica não gostou nada de ver nós dois de mãos dadas.

O outro garoto, o asiático, ele disse que eu não deveria ligar pras coisas que os adultos falam, ele diz que adultos são confusos e chatos, e que se soubessem de alguma coisa mesmo, nós não estaríamos presos nesse lugar e o mundo não estaria como está agora. E eu não pude discordar dele.

Antes de passar para outro corredor, parei e me encostei na parede ao escutar algumas vozes. Me esgueirei pela parede e olhei de canto, bem na quina na parede, escondendo grande parte do meu corpo. Tinham vários guardas conversando, eles estavam em frente ao grande painel que controlava as câmeras do andar, e todas elas estavam apagadas.

— Essa porcaria de chuva só serviu pra fazer a porra do sistema cair — Um dos fardados teclou com força várias vezes no teclado, mas nada aconteceu, o que fez com que um sorrisinho se formasse no canto dos meus lábios. — Tá vendo? Depois virão reclamar com a gente.

— Relaxa, os ratinhos devem estar apagados depois do jantar — Disse outro guarda, dando de ombros e se encostando na bancada. Eu revirei os olhos, odiava quando nos chamavam de ratinhos. Nada contra ratos. Mas eu odeio pensar no homem rato.

Aproveito que eles parecem bem distraídos, e passo rapidamente pela frente da sala, finalmente alcançando o corredor que eu gostaria. Outro relâmpago soou, bem mais alto do que a primeira vez, e agora, as luzes pisaram várias vezes. Fiquei alguns segundos parado olhando pra cima, até um barulho alto soar e tudo se apagar, apenas umas luzes esverdeadas ligadas no canto das paredes. Acho que a energia principal caiu.

Apressei o passo até chegar em uma das portas dos quartos, tive que ficar na ponta do pé para poder olhar pra dentro e eu vi ela. Estava encolhida na cama, com os braços abraçando os joelhos e a cabeça enfiada entre as pernas. Senti uma pontada no peito.

Felizmente, a porta também estava aberta, eu abri com cuidado para não acordar as outras garotas que estavam dormindo ali. Mas fui contendo em direção a ela quando entrei, me ajoelhei em frente a sua cama e coloquei a mão em seu braço, balançando rapidamente para que ela olhasse pra mim. Quando levantou a cabeça, seus olhos pararam sobre os meus e eu sorri, e ela sorriu de volta. O colar enfeitando seu pescoço me fez dar um sorriso satisfeito.

— Com medo de um trovãozinho? — Pergunto, com um sorriso de canto no rosto antes de me sentar ao seu lado e apertar o nariz dela. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, bagunçando seus próprios cabelos negros. — Pode segurar minha mão de novo. O Newie vai proteger você.

ㅤ        ㅤ             ⠀𝆬   𝅄   ◌ END OF FLASHBACK ׄ  ۪ 

Assim que meus olhos se abriram, senti meu corpo inteiro arrepiado. Olhei ao redor ainda bastante atordoado e só então notei o quanto minha respiração parecia descompassada. Meus braços estavam ao redor de Moon e eu instintivamente me afastei um pouco, me sentando na cama. Passei as mãos pelos meus olhos e respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Engoli seco, tentando focar no que tinha acabado de acontecer.

Faz muito tempo que não tenho nenhum desses sonhos, não é a primeira vez que eu tenho sonhos ou delírios, ou sei lá o que isso seja, com esse mesmo lugar. Andando por esses mesmos corredores. Mas nenhum deles pareceu tão real quanto esse. Arrepiei novamente, mas dessa vez senti uma mão em meu ombro, quando olhei para trás, meus olhos pararam sobre os de Moon.

— São os mesmos olhos.

Nota da autora: Comentem sobre as teorias de vocês, eu adoro ler sobre! 🤭

Nota da autora: Comentem sobre as teorias de vocês, eu adoro ler sobre! 🤭

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⏰ Última atualização: Jun 19 ⏰

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𝗗𝗨𝗦𝗞 𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗗𝗔𝗪𝗡 || Maze Runner - NewtOnde histórias criam vida. Descubra agora