Atordoada, completamente desolada e sem conhecimento algum de meu passado. Cheguei àquele lugar completamente assustada, sem me recordar até mesmo de meu próprio nome quando cheguei. Estava rodeada de garotos, garotos que eu não queria confiar, mas...
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Quando Daon chegou aqui, não consegui entender o porquê Gally pegava tanto no pé dela. Imaginei que ele estivesse apenas procurando um alvo fácil pra poder descontar suas frustrações diárias, mas tendo convivido com Moon menos de uma semana, pude notar que não se trata disso. Talvez, mas só talvez, eu esteja tentando compreender o que ela representa pra mim, assim como creio que Gally estava tentando fazer o mesmo com Daon, mas ele é ele. Eu sou eu.
Passamos quase dois dias sem falar um com o outro, e ela se aproxima repentinamente para pedir ervas por um bom motivo. E simplesmente solta que o bom motivo sou eu. Essa fedelha jogou uma pedra em mim. Tirei as luvas de jardinagem que eu estava usando e as joguei em um lugar qualquer, indo na direção dela antes que pudesse se afastar demais e segurei seu braço, apenas apertando o suficiente pra ela se virar em minha direção.
— Espera aí — Falo, estreitando os olhos. Eu não costumo questionar muita coisa aqui, tenho o pensamento de que aceitar tudo é mais fácil do que encher minha cabeça de teorias e questionamentos, isso não é nada saudável e é melhor pra minha sanidade mental. — O que quer dizer com eu ser esse "bom motivo"?
— Só estou fazendo uma boa ação — Afirma com um curto sorriso profundamente sarcástico curvando-se em seus lábios, então ela estreita os olhos na direção de meu braço e solta-se rapidamente do aperto, voltando a me encarar como se analisasse minhas feições —, não que isso signifique que eu desgoste menos de você, mas eu quero ao menos agradecer por... Ter me ajudado até então, por mais que eu tenha demonstrado bastante relutância. Fez porque quis, não era sua obrigação. Então o mínimo que posso fazer é te presentear com um pouco de culinária, e não, não nos tornaremos amigos por isso.
Franzi o cenho, ainda tentando entender o que ela estava tentando dizer, ignorando o tom irônico que eu detestava em sua voz. Sim, eu não fiz mais do que minha obrigação em ajudá-la, nunca recebi prêmios ou bonificações por isso, mas confesso ter me disponibilizado e me esforçado um pouco mais pra tentar deixá-la confortável, como simplesmente esquecer que ela ainda está dormindo na minha cama. Já que se eu abrisse a boca, ela seria do tipo que nunca aceitaria continuar ali enquanto eu espero pela cama que Gally está construindo.
Antes que eu pudesse abrir minha boca para questionar, Moon segurou meu braço, me arrastando na direção da cozinha, sua mão desceu por minha pele até segurar minha mão e eu encarei-as unidas por alguns segundos. Definitivamente não estou acostumado com toques físicos, mas uma sensação de familiaridade queima em meu peito sempre que ela encosta em mim. É muito estranho, quase bizarro.
— Ah, claro, eu estou louco pra me tornar seu amigo. Definitivamente, é meu objetivo no momento, florzinha — Dei um sorrisinho de canto e balancei a cabeça negativamente. Apenas deixei que ela me guiasse, mesmo sabendo chegar até a cozinha de olhos fechados.
