Capítulo Dois

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Pov’s Lalisa Manoban

A palavra família era algo muito especial na minha concepção, mas depois que fui expulsa de casa isso não significa mais nada pra mim, eu cresci em um lar extremamente desunido no interior da Tailândia, meus pais me proibiram de tudo que envolvesse o mundo externo e as grandes cidades, sempre tive aulas em casa com professores particulares.

Na frente dos meus parentes sempre fui muito bem tratada, mas quando chegava em casa o cenário era completamente diferente, meus pais me odiavam, tudo isso por causa de uma bendita herança. Antes de morrer meu avô deixou um testamento explicando sobre a partição de seus bens, mas só daria sua fortuna para o filho se ele lhe desse um neto, mas para a infelicidade do meu pai veio uma filha mulher.

As regras do vovô foram bem claras ao dizer que a neta dele herdaria todos seus bens, pois minha família tem uma grande crença em que o filho homem precisa construir seu próprio império e a filha mulher recebe sua herança em troca de prolongar a geração da família, se cansado e tendo filhos. Porém como todo contrato que se preze, sempre há uma frase ou outra nas entrelinhas, a fortuna de meu avô novamente só seria entregue nas mãos de meu pai, caso acontecesse alguma fatalidade comigo, a morte seria uma opção. Obviamente eles não me matariam - pelo menos é o que eu penso ou pensava - mas o desgosto que toda essa herança me deu, me fez odiá-la, minha vida virou um inferno desde que o vovô partiu, eu tinha apenas sete anos quando tudo aconteceu. Um dinheiro que eu nunca vi a cor me trouxe tanta dor ao ponto de chegar um momento onde eu falei “chega, não aguento mais isso” e eu realmente não aguentava, decidi confrontar meus pais em troca de liberdade, mas antes mesmo que eu pudesse falar com eles minhas malas já estavam na rua. Sei que meus parentes não sabem dessa versão e que provavelmente estejam ouvido de minha mãe que eu fugi de casa ou maltratava eles, juro que tentei amá-los, até na dor eu continuei amando os dois, mas não foi o suficiente. A única “sorte” que eu tive em minha vida naquela época, foi reencontrar uma amiga de infância que estava voltando para Los Angeles no final de suas férias, essa garota me ajudou muito em todos os sentidos, até conseguiu um lugar para mim no jatinho de seus primos ricos.

Quando fecho os olhos, sempre me pergunto o que teria acontecido comigo se os acontecimentos daquela noite tivesse sido diferente, sei que não estaria aqui, mas me pergunto onde estaria, como estaria ou até mesmo se iria conseguir sobreviver. Sempre me senti grata por tudo que tenho, pelas migalhas que recebi em toda minha vida, acontecimentos bons ou ruins, eu sempre fui grata, porque mesmo que as pessoas da minha vida dissessem que eu não merecia paz e calmaria, ainda assim, continuaria sendo grata por estar viva.

Esse é meu jeito.

Muita coisa mudou desde o dia em que cheguei em Los Angeles até os dias atuais, no momento estou a caminho do meu primeiro teste como babá, pois graças a um curso que terminei, fui chamada para trabalhar no ramo caso passa-se no bendito teste.

O pessoal que concluiu o curso comigo disse que a agência só indicou porque sou bonita e jovem, pois normalmente eles não aceitam trabalhar com menores por não confiar em sua falta de experiência. Tudo bem, eu sei que sou jovem e que tenho apenas 17 anos, mas não foi atoa que recebi o certificado de excelência profissional em um curso, eu me esforcei para atingir tamanha perfeição e é graças ao meu esforço que estou aqui e não por conta da minha aparência.

Preciso muito desse dinheiro, pois não posso entrar numa escola sem meus responsáveis e tenho medo de acabar causando problemas pra ele e acabar tendo que ir para algum orfanato ou coisa do tipo.

Com essa grana eu vou poder contratar um professor particular e ajudar a pagar as contas da kitinet em que vivo com minhas amigas, é um lugar pequeno com apenas três cômodos, mas é ele que eu chamo de lar, graças aquele pequeno cubículo eu sou feliz, mesmo não tendo conquistado nada ainda.
Infelizmente o metrô estava cheio como sempre, umas das coisas que mais me sinto desconfortável é ter que ficar grudada com outras pessoas, as vezes consigo ouvir os risos de alguns caras que se aproveitam da falta de espaço para cercar as garotas, por sorte o governo disponibilizou alguns guardas que sempre ficam dentro das linhas junto com os passageiros, me sinto mais segura graças a eles. Da janela dava para ver as horas se passando rapidamente, hoje estou pegando uma linha diferente, esta passa pela praia de Santa Mônica e pelas informações que recebi da agência, estou sendo enviada para trabalhar com pessoas importantes, não faço ideia de quem sejam, mas pelo que diz no papel, a proprietária da casa é uma modelo. A voz do moço do metrô soou informando a parada e rapidamente passei sendo espremida pelas pessoas até chegar na saída de desembarque, assim que as portas metálicas se abriram sai às pressas subindo as escadas do metrô para poder pegar um táxi e chegar a tempo no trabalho. Quando consegui chegar do lado de fora corri até o ponto de parada e estiquei o braço observando um carro parar em minha frente, entrei no mesmo indicando o destino ao motorista e suspirei aliviada recuperando o fôlego perdido.

Drifit - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora