Capítulo 9

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Ponto de Vista de Victor

Confesso que durante todos estes anos de fingimento, acabei me habituando ao papel de pai. Foi um pouco difícil ver ela sofrer, mas é tudo em prol dos meus objectivos, e se eu consegui habituar a ser um bom paizinho, consigo habituar a ser um monstro também. Se bem que sempre fui um, mas não com Selena, até ao dia de ontem. E aquilo não foi nada, ela ainda não viu nada, aquilo foi só um cheirinho. Mas até agora ainda não entendi a razão de ter me contido, podia ter manchado aquela pirralha ali mesmo e acabar com a festa. Mas não, a personalidade do paizinho me corrompeu, porém, de uma maneira ou de outra, terei muitos longos anos para cobrir aquele corpinho com hematomas, não vou matar ela. Ela tem que se corroer com o seu passado para sempre, ou pode não aguentar e cometer suicídio.
Ontem foi muito satisfatório assistir aquelas duas lutar, mas tive que ser o paizinho e separar as duas, senti uma sensação estranha de gratidão por elas terem lutado, mas nunca vou admitir isso. Nunca vou admitir que fiquei orgulhoso de Selena, minha vingança ainda está de pé. Tenho que deixar o monstro dentro de mim me possuir.
É de manhã e estou a me preparar para o trabalho.
O que eu faço? Bem, sou traficante. Mas eu prefiro me chamar de comerciante. Trafico para os maiores empresários deste país, os maiores magnatas daqui. Todos eles são uns viciados em pó, adoram cheirar a farinha, e eu, sendo um bom cidadão, dou para eles o que eles querem.
Ninguém sabe da minha identidade, excepto Matteo, meu braço direito, Lucca e Richard, os meus cúmplices do tráfico, se um cai, caímos todos. Nós os quatro andamos de smoking preto e máscaras de esqui de cores diferentes para conseguir nos identificar. Eu uso máscara preta, Matteo, cinza escuro, Lucca, amarelo, e Richard, azul. Nossas identidades são secretas, é importante para evitar qualquer problema, mas de um modo resumido, não queremos ser caçados.
Termino de me vestir e me dirijo para o quarto de Selena, abro a porta e ela ainda está a dormir, acorrento o seu pé à cama, ela não sai mais deste quarto, pego o telefone, do qual ela é dependente, e coloco do outro lado do quarto onde a corrente não permite ela chegar, saio e vou buscar um balde e coloco ali no quarto para necessidades.
Termino tudo e desço para matabichar, Carolina já está a servir meu matabicho, como rápido e saio disparado até ao carro.
Os negócios não têm corrido bem, perdemos um carregamento de heroína há duas semanas, foi interceptado por alguns bandidos que fizeram bem o trabalho e não deixaram nenhum rastro nem pista. Mas as nossas rotas são clandestinas, então tem um traidor entre nós, Matteo já está a lidar com isso, ele deveria ter me entregue os resultados faz uma semana, estamos a perder tempo. Nosso carregamento já deve ter sido usado para qualquer fim.
Estou quase no local quando Matteo me liga.

Victor: Alô?

Matteo: Já tenho os resultados, o informante foi capturado.

Victor: Óptimo, estou quase a chegar. Que informações conseguiram até agora?

Matteo: Nenhuma bha, ele não speaka. Depois de várias tentativas, capturamos a família, ele tem uma esposa e uma filha de 15 anos.

Victor: Óptimo. Qual é o armazém?

Matteo: A.

Desliguei a chamada, estou radiante. Andei maluco por encontrar esse traidor, estou ansioso para ver a cara do patife.
Coloquei minha máscara antes de sair do carro e andei até ao armazém.

Segurança: Bom dia, boss.

Victor: Bom dia. (Respondi frio, não posso dar intimidade para meros capangas)

Na Sombra da CorrupçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora