Capítulo 38

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Ponto de Vista de Victor

Desde que visitei minha querida "falecida" esposa no hospital, me mantive distante mas perto. Tenho informantes lá, aliás, informante. Aposto que vocês sabem quem é, acho que todos sabem menos a estúpida da minha querida esposa.

Dizer que não senti vontade de lhe levar para viver debaixo do meu tecto novamente seria mentira, porque, afinal de contas, a suposta morte dela é o motivo de tudo o que eu faço, e quando vi que ela estava vivinha da Silva, eu fiquei extremamente feliz. Ninguém imagina o quanto. Ninguém imagina o quanto um psicopata, frio e calculista como eu ficou feliz ao ver sua esposa ali deitada naquela cama de hospital e viva.

Mas uma angústia, raiva e ódio logo subiu pelo meu corpo como vapor de água uma chaleira fervente. Angústia por ter me permitido sofrer pela morte dela, por ter ficado de luto por ela e por cada dor no coração que senti, e cada lágrima que eu derramei sozinho.
Raiva por ela ter mentido para mim de forma tão...tão nojenta e eu ter acreditado. Raiva por ter visto aquele cu do Gabriel como meu amigo por tanto tempo. Raiva por ter sido encarregue de cuidar de uma criança que nem sequer é minha, embora não ter cuidado mesmo da criança, eu não perdoo essas porcarias.
Ódio por toda esta merda de situação em que estou. Ódio de mim mesmo por não ter notado que aquele cadáver no caixão não era de Luana.

Por isso, aqui sentado, num canto qualquer no chão da minha sala, bebo, bebo e bebo do meu uísque. Bebo directo da garrafa porque estou em casa e Carolina vai limpar tudo. Por lembrar dela, notei que ela anda a ter uns comportamentos que não aprovo debaixo do meu tecto, ela tem sido uma ladra. Há quem possa perguntar se eu também não sou criminoso, eu sou sim, mas não permito que ninguém me roube. Eu, sendo o maior traficante do país, não permito que haja alguém que sequer ouse me roubar. Quem demonstra essa ousadia, tem um belo destino, uma viagem só de ida até ao inferno.

Nunca tive chance nem tempo de punir Carolina pelos seus actos. Por isso, vou fazer isso agora, não me importo se não estou sóbrio, apenas vou.
Então, me levanto e, a cambalear, vou em direcção ao seu quarto aqui na mansão. Passo por uma parede no corredor que tem um relógio de parede, tento ver as horas mas não consigo nem entender aquilo que está ali. Minha visão está uma confusão.

Victor: Carolina!

Com a fala toda atrapalhada, gritei pelo seu nome e obtive uma e única resposta, o silêncio.

Victor: Carolina!

Gritei novamente, mas cansei de gritar sozinho e entrei na porra do quarto dela. Abri a porta bruscamente causando ruído e ela acorda assustada com o meu acto.

Carolina: S-senhor, precisa de alguma coisa? (Ela pergunta assustada)

Victor: Sim (sussurro e arrasto o "m")

Aproximo da cama enquanto tiro o cinto das minhas calças.

Carolina: O que senhor vai fazer comigo? (Ela perguntou assustada e aos prantos)

Acho que faz sentido o seu alarme, já faz muito tempo que não lhe bato. Mas o som dos seus prantos já me irritam e eu já estou embriagado o suficiente para aturar isso, acabar 3 garrafas de uísque sozinho e de uma vez não é brincadeira. Crianças, não façam isso em casa.

Victor: Você tem sido uma merdinha, ultimamente. Só não te puni antes porque andava sem tempo.

Ela faz cara de desentendida.

Na Sombra da CorrupçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora