Na Sombra da Corrupção

Capítulo 18

Ponto de Vista de Carolina

.....: Acorda!!! (Ouço um grito que parecia estar longe, mas não consigo reconhecer a voz). Eu disse acorda, porra!

Ouço a voz gritar mais uma vez, e percebo que era uma voz masculina, mas eu ainda não reconheço. Ela já não parecia estar tão longe, minha consciência voltava aos poucos, tento me mexer mas percebo que estou amarrada e quando abro os olhos, minha vista dói, após me acostumar ao brilho da luz, noto que a mesma recai apenas sobre mim e as outras partes da sala estavam escuras. Não sei onde estou, talvez seja o tal armazém A, não vejo a pessoa que me chamava para acordar.

Minha cabeça vibrava, tento levar minha mão até à cabeça e recordo-me que estou amarrada, estou amarrada numa cadeira.

.....: Chefe, ela acordou!

Assim que ouço esse grito, ouço passos que caminham em minha direcção. Olho para de onde vêm os passos e vejo Victor, ele caminhava até mim em passos ligeiramente lentos e trajava seu smoking e máscara de cor habitual.

Victor: Ora, ora ora... Se não é a traidora.

Carolina: Eu não... (Ele me interrompe)

Victor: Shhhhhh! (Ele faz símbolo de silêncio sob seus lábios enquanto esboçava um sorriso malicioso)

Desabo em lágrimas e desesperadamente me mexo na cadeira procurando me soltar, mas foi em vão. Eu tenho certeza que Victor vai me torturar até à beira da morte, vai me curar, e depois me torturar de novo, assim sucessivamente. É assim que tem sido desde que Selena se foi. Apesar de eu ter-me acostumado aos maus tratos de Victor e ter começado a gostar dele mais do que deveria, eu ainda tenho uma ínfima vontade de ir embora e largar tudo, às vezes eu odeio isto tudo e noutras, eu simplesmente sinto que tudo que Victor faz é para o meu próprio bem, e que eu devo aceitar e aprender a gostar da minha situação de vida.

Depois de alguns passos, Victor já está bem parado à minha frente e traz consigo uma faca bem dentada.

Victor: Você tem duas opções, ou escuta e aceita minha proposta, ou morre.

Arregalo meus olhos com suas palavras, eu não quero morrer, só me resta aceitar o que ele tem a dizer, sendo absurdo ou não.
Ele ergue minha cabeça colocando a ponta da faca em meu queixo, me fazendo olhar nos seus olhos, ele ainda mantinha aquele sorriso malicioso e doentio, que eu comecei a gostar ao longo do tempo.

Victor: Pronta para ouvir?

Engulo em seco com a possibilidade do alto nível de surrealismo da proposta que está a caminho.
Aceno levemente com a cabeça, respondendo positivamente.

Victor: Excelente, linda menina.

Ele diz e passa a mão no meu cabelo, acariciando-o, o que estranhamente me deu uma sensação de conforto. Mas o que se passa comigo ultimamente? Que pensamentos são esses?

Victor: É assim, ou você se torna parte ou morre.

Carolina: Parte de quê? (Pergunto confusa, será que é parte da gangue?)

Victor: Isso será explicado depois que aceitar.

Se eu não aceitar, eu morro. Mas o que eu estou a aceitar? No que eu estou a me meter? Como eu vou saber que vou deixar de ser torturada segundo as vontades de Victor? Quem disse que não vou morrer de qualquer maneira? E se ele me matar assim que eu aceitar a proposta? Isso será uma brincadeira? Sendo ou não, eu preciso salvar minha vida.