Confronto

368 54 110
                                    

Capítulo Onze


25 de fevereiro de 1994.

ㅤㅤA plateia e olhares penetrantes que se fixavam sobre Harry provocavam nele uma sensação de náuseas. Não que ele fosse um ingrato, mas após um dia extenuante devido a segunda prova do Tribruxo no dia anterior, tudo que ele desejava naquele momento era de um descanso e a solitude. No período da manhã, ele conseguira se manter recluso em seu dormitório. Porém, não querendo passar o dia inteiro enclausurado lá, logo desceu.

Cumprimentou os rapazes, ganhou mais cartinhas de admiradoras, trocou algumas palavras e, em seguida, escapou o mais rápido que pôde para outro lugar. Seu primeiro pensamento foi a biblioteca. Poucos alunos iam até lá nos finais de semana por vontade própria, e só iam quando tinham provas chegando. E talvez, esse fosse o lugar mais propício para Harry encontrar um pouco de paz, mesmo que temporário.

A medida que as horas se estendiam pela tarde, Harry adentrou na biblioteca e observou as prateleiras repletas de livros que cobriam as paredes. Grimórios sobrevoavam magicamente de um lado para os lados, acima e abaixo, rangendo a madeira ao se deslocarem e soltando partículas de poeiras pelo ar.

Harry sentiu uma tranquilidade transbordar em seu coração. Caminhou para uma estante, retirou um livro e apressou o passo para uma mesa vazia e distante, sentando-se na cadeira. A biblioteca não era um dos seus lugares preferidos por contas dos livros, mas sim porque era um dos lugares mais calmos e silenciosos que os alunos poderiam aproveitar.

O tempo passou mais rápido do que percebera e o ambiente foi ganhando tons escuros e sombrios assim que os raios solares enfraqueciam e o sol se ausentava pelo horizonte chamando o anoitecer. Harry puxou sua varinha e sussurrou um "lumos", iluminando o local. Ele teria mais uma ou duas horas, talvez, antes de ser obrigado a se retirar.

Os minutos passaram-se correndo, ele lia absorto, sem preocupação. Quando finalmente ergueu os olhos para o relógio que marcava agora dez minutos faltando para às oito. Com um suspiro resignado, fechou o livro e andou entre as estantes para colocá-lo de volta no lugar.

Subitamente, sons de sapatos ecoaram pelo ambiente, revelando que ele não estava sozinho e que, alguém vinha em sua direção. Harry espiou com o canto do olho e temeu que fosse Madame Pince, pronta para repreendê-lo por ainda está na biblioteca agora já no horário de se recolher.

Porém, foi Malfoy que cruzou o corredor e parou, ficando entre duas estantes e interceptando a passagem. Seu rosto era iluminado pela luz da varinha de Harry. O sonserino ficou ali, sem dizer absolutamente nada, com uma extrema frieza no rosto erguido e pálido.

─ De onde você saiu? ─ exclamou Harry, surpreso, mas devido a forma com a qual Malfoy parecia sempre saber exatamente onde encontrá-lo sozinho.

Draco o ignorou, com desdém, com uma atitude que demonstrava não tê-lo ouvido.

─ Estava esse tempo todo me testando, Potter? ─ sua voz grossa soou baixa e enigmática. Os lábios curvaram-se em um sorriso sardônico, enquanto seus olhos estavam fixos e atentos.

─ O quê? ─ questionou confuso.

─ Não se finja de desentendido. ─ tentou conter a raiva em sua voz, mas sem sucesso. ─ Grifinórios são mais espertos do que eu pensei que fossem.

As sobrancelhas de Harry se arquearam brevemente. Ele logo abaixou sua varinha.

─ Não faço ideia do que você está falando.

─ Sim, você sabe. ─ afirmou subitamente, deixando a postura rígida de lado e deslocando o peso de um pé todo para o outro.

Harry estreitou os olhos e sussurrou "Nox", o contra-feitiço para apagar a luz que emanava da ponta de sua varinha. O ambiente inteiro ficou mais escuro, sendo iluminado apenas pela luz do luar que adentrava pelas janelas, e dos castiçais espalhados pela biblioteca. As sombras dançavam nas paredes cobertas de livros, criando um ar mistérioso. Harry tinha uma sensação incômoda começando a brotar em seu peito. Já imaginando que aquilo provavelmente resultaria em mais uma briga entre ambos e ele não estava disposto a isso agora. Parecia que fazia parte de um "preceito Potter", estar fadado a sempre lidar com discussões.

November Rain • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora